Se o Amor vem de Deus, de onde vem a paixão?


SE DEUS É AMOR (I JO 4. 8), O AMOR É DEUS. Conforme a Tradição e o Magistério da Igreja, não são os Atributos1 de Deus, senão a sua própria Essência. Assim, Deus não é misericordioso, pois Ele é a MISERICÓRDIA. Ele não é poderoso, pois é o PODER SOBERANO. Ele não é piedoso, pois é a própria PIEDADE. Ele não é Bondoso, posto ser Ele a própria BONDADE. Deus, sendo puro ato3, não tendo em si matéria (pois a matéria é elemento da criação), como Criador e Causa Única e Primeira de todas as coisas, nada lhe pode ser atribuído. E sendo ato puro, todas as suas ações se manifestam por suas Virtudes, tendo se mostrado como AMOR, principalmente, nos atos da criação e da redenção humana.

SE DEUS É AMOR (I JO 4. 8), O AMOR É DEUS. Conforme a Tradição e o Magistério da Igreja, não são os Atributos1 de Deus, senão a sua própria Essência.Assim, Deus não é misericordioso, pois Ele é a MISERICÓRDIA. Ele não é poderoso, pois é o PODER SOBERANO. Ele não é piedoso, pois é a própria PIEDADE. Ele não é Bondoso, posto ser Ele a própria BONDADE. Deus, sendo puro ato3, não tendo em si matéria (pois a matéria é elemento da criação), como Criador e Causa Única e Primeira de todas as coisas, nada lhe pode ser atribuído.E sendo ato puro, todas as suas ações se manifestam por suas Virtudes, tendo se mostrado como AMOR, principalmente, nos atos da criação e da redenção humana.

Atributo é tudo aquilo que se agrupa a um ser para o seu aperfeiçoamento. Em Deus não há atributos, no sentido exato da palavra, porque sendo Ele PERFEITO, e ainda a própria PERSONIFICAÇÃO de todas as Virtudes existentes, nada há que lhe possa ser agregado.
Os atributos Infinitos de Deus (Amor, Piedade, Caridade, Justiça, Poder, Autoridade, Misericórdia, Graça e outros) são os seus NOMES.


“EU SOU O QUE SOU.” (Ex 3.14)


Por esta razão, é que DEUS é também o AMOR Personificado.Mas sendo DEUS, O AMOR, a recíproca é autêntica, posto ser o AMOR, DEUS. Em todo Universo, NÃO EXISTE AMOR, senão em Deus, e naquilo que provenha apenas de Deus. De igual modo, não há Autoridade, Perfeição, Santidade, Perdão, Caridade, Felicidade, Verdade ou Poder que não provenha de Deus.


Ele é a Única Fonte de Todo Bem, e por consequência, a Única Fonte de todo Amor. O ser humano não é fonte de Amor, mas o seu destinatário, pois na Comunhão com o Sacrifício de Cristo, pelos sacramentos, recebemos Dele não apenas o Amor, mas também a capacidade para exercê-lo.
Só há Amor em Deus, e Deus é Amor, assim como o Amor é Deus. Traçando um paralelo entre o AMOR DIVINO e o amor natural humano, podemos conhecer o caráter e a qualidade do Verdadeiro Amor.


Em se tratando do gênero humano, os atributos não fazem parte da sua essência. Mas em Deus, sendo os seus atributos a própria essência da Pessoa Divina, são assim IMUTÁVEIS, posto que ETERNOS:


“O MEU AMOR NÃO MUDARÁ." (Is 54,10)
Eu te AMEI COM UM AMOR ETERNO.” (Jr 31, 3)


Sendo o Amor, Deus, este Amor não existirá nos seres humanos, exceto naqueles que estão firmemente apegados à Ele. Em nós, os atributos nos são trazidos pela alma que Deus nos infunde ao criarmos, o que nos imprime o caráter e a personalidade. E não estando na essência humana, é certo que qualquer atributo, poderá então ser perdido, assim como regredir, estagnar ou progredir.
O amor humano é exclusivamente AFETIVO, estando nas apetências, intelecto e nas sensibilidades, não nas Virtudes do Espírito Santo.


Por afeto, entendemos o apego ao êxtase emocional, as dileções racionais e as afeições que nos proporcionam as satisfações do corpo e da mente, as quais potencializam nossas ideias e nosso agir em benefício próprio ou mesmo de terceiro, quando neste último caso, a afeição ao outro nos trouxer um certo ganho. Sem Deus, o ser humano só é capaz das paixões, que são estados emocionais transitórios de induzimento mental, e que visam como objetivo principal, atender as necessidades egocêntricas e os impulsos caprichosos, sem o compromisso com o bem-estar alheio, o qual, no entanto, poderá ocorrer de modo acidental.


O amor natural ou paixão humana, em razão do estado pecaminoso, tende a se apegar aquilo que lhe destrói, na busca pela felicidade, como a cobiça e a vaidade.

“O AMOR AO DINHEIRO é a raiz de todos os males.” (I Tm 3.10)
Ó poderosos, até quando tereis o coração endurecido, no AMOR DAS VAIDADES e na busca da mentira? (Salmos 4, 3)


O amor natural ama pela condição emocional, que priva o ser amante da capacidade de enxergar os defeitos, falhas, vícios e os deméritos do ser amado. Já o AMOR DIVINO é incondicional, pois ama acima e independente das falhas, vícios ou deméritos que trazemos. Não nos enganemos.
Se há verdadeiramente Amor em nós, esse Amor não nos pertence, apenas nos é participado, posto que provido Única e Exclusivamente de Deus.


Está Escrito:


“Deus PERMANECE EM NÓS e o SEU AMOR EM NÓS É PERFEITO.” (I São João 4, 12)
“Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. DEUS É AMOR, E QUEM PERMANECE NO AMOR PERMANECE EM DEUS E DEUS NELE.” (I São João 4, 16)


O amor humano busca amar pelas qualidades aprazíveis, belas e agradáveis, as quais procura encontrar no outro. O AMOR DIVINO ama pelas qualidades Dele, partilhadas conosco, para que possamos nos aperfeiçoar, e nesse aperfeiçoamento, possamos encontrar Deus e a verdadeira Felicidade em Amar. A aptidão para Amar está muito além da capacidade natural, como ensinou Santo Tomás:


“Ora, há uma espécie de apetite; e este se chama apetite natural. Pois os seres naturais desejam o que lhes convém à natureza, pelo instituído da natureza. O amor natural tem sua sede nas potências da alma vegetativa, bem como, em todas as partes corpóreas, pois, como diz Dionísio: - para todos o bem e o belo são agradáveis. (Suma Teológica, Q 26, art. 1º. Livro Ia e IIae)

Já sobre o DEUS QUE É AMOR, e o AMOR QUE É DIVINO, esclarece o Doutor Angélico:


“Ora, o amor do bem conveniente aperfeiçoa e melhora o ser que ama; ao passo que o amor inconveniente ao ser amante, lesa-o e torna-o pior. Por onde, o homem SE APERFEIÇOA E MELHORA, SOBERANAMENTE, PELO AMOR DE DEUS, e sofre lesão e piora pelo amor pecaminoso, conforme a Escritura (Os 9, 10): - se tornaram abomináveis com as coisas que amaram. (Suma Teológica, Q 26 art. 5 Livro Ia e IIae) Só o AMOR DIVINO é capaz de se humilhar por aqueles que nada merecem:
“paixões surgem de quase todos os pensamentos demoníacos que empurram o intelecto a ruína e a perdição. Porém neste ponto devemos prestar atenção ao médico das almas e observar como ele cura a cólera com a caridade, e como a oração purifica o intelecto, e ainda mais, o jejum disseca a concupiscência.” (Evrágio do Pórtico, anos 346-400, in Sobre o Discernimento das Paixões e dos Pensamentos)


“Ele ama para sempre suas criaturas que, imortais por essência, não desaparecem com o corpo. Ele viu a natureza espiritual precipitar-se no abismo e aí encontrar a morte. Uma súplica foi então elevada à bondade do Pai em relação a seu Filho Único, pois nenhuma criatura seria capaz de curar a profunda ferida do homem. Ele tomou sobre si esta missão; NOSSAS INIQUIDADES PRODUZIRAM SUAS HUMILHAÇÕES; SUAS CHAGAS, NOSSA CURA. Ele nos reuniu de um extremo a outro do universo, ressuscitou nosso espírito da terra e nos ensinou que somos membros uns dos outros." (Santo Antão do Egito, anos 251-356, in Sentença dos Padres do Deserto)


Em contrapartida, o amor natural ou humano, busca apenas a sua própria exaltação.
Toda busca desordenada por esta satisfação aprazível será letal para nossa espiritualidade por nos causar os vícios da tristeza (apatia) e da ansiedade (fervor incontido):


“O amor (humano), conforme a relação entre a apetência e o objeto, causa duas paixões: uma, a tristeza pela ausência, manifestada pelo abatimento; outra, o desejo intenso de possuir o amado, manifestado pelo fervor (Suma Teológica Q 28, art. 5º Livro Ia e IIae)”
Por fim, sendo o Amor, Deus, porque DEUS É AMOR, este Amor não pode ser entendido, nem tratado sob a ótica da natureza dos afetos e sentimentos.
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1. Qualidades Acessórias adquiridas pelo ser, que o especifica e o distingue dos demais. Substancialmente, o atributo não compõe a essência do ser. O fato de um homem não ser Bom, não implica que ele deixará de ser homem por esta razão.
2. Essência, na ótica filosófica, é o composto da substância que define a identidade do ser. É tudo aquilo que, sem o qual, o ser não o seria.
3. Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, Q 3 - Da Simplicidade de Deus, Livro Ia.

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