Por que pessoas boas sofrem? Se Deus é bom, por que permite o sofrimento? Qual é o sentido do sofrimento?


Essa é outra questão que se repete muitas vezes e intriga muita gente: Por que pessoas boas sofrem? Qual é o sentido do sofrimento? Se Deus é bom, se Deus é perfeito, se Deus é onipotente e pode tudo, por que Ele permite que haja o sofrimento? Principalmente de pessoas inocentes, crianças, velhos, pessoas boas…

    Antes de pretender saber o porquê do sofrimento na vida do homem, é preciso se questionar primeiro sobre o que é o sofrimento.

    É certo que, o sofrimento não é um castigo imposto por causa de nossas faltas, como muitas pessoas pensam e identificam-no como um mal. O mal, antes de ter um motivo em si, é uma privação de um bem devido, ou seja, a cegueira é a privação da visão; a surdez é a privação da audição; a fome é a privação do alimento etc. Todos esses males físicos podem gerar sofrimentos que são inerentes à condição precária e finita da natureza humana que, em sua dimensão sensível, é composta de um corpo formado de órgãos delicados e sensíveis que estão sujeitos a um mau funcionamento.

    Por que  existe o sofrimento no mundo?

    Diante disso, alguém poderia se perguntar: “Então, por que Deus não intervém de forma milagrosa na vida das pessoas impedindo o sofrimento e a dor?”. Se assim Deus fizesse, Ele estaria constantemente interferindo na realidade humana e ferindo uma ordem natural que Ele mesmo criou, e como já disse Santo Agostinho: Deus só permite o sofrimento (o mal) no mundo para tirar deste um bem maior.

     

     

    Um erro muito comum aos que refletem sobre o sofrimento é esquecer-se que o sofrimento é humano, próprio do homem, a dissociação deste tema (separação sofrimento X humano) leva a uma abordagem simplesmente sensitiva e afetiva, isso pode ofuscar a razão e desvirtuar o sentido verdadeiro do sofrimento. Tanto é verdade que uma pedra não sofre, quem sofre é o homem. Daqui podem concluir uma verdade: o sofrimento é inerente a dignidade da natureza humana.

    Por exemplo:

    O mineral, que é o grau mais inferior na escala dos seres, não sente dor nem sofre e pode ser trabalhado e moldado.

    O vegetal, que está em segundo lugar, reage quando agredido e se regenera, mas não aparente dor.

    O animal irracional, quando agredido, aparenta sentir dor, desconforto e reage de forma hostil.

    O homem, que ocupa a posição mais sublime entre os seres criados, sente dor e pode sofrer, e quanto mais for digno e nobre, mais sofrerá.

    Um outro exemplo: um indivíduo que mata um outro experimenta um sofrimento em um grau muito inferior que a terna mãe que vê seu filho doente, mas o sofrimento faz parte da nobre natureza humana dignificada pela filiação divina. Não existe grande personalidade humana que não tenha passada pelo crivo do sofrimento, como é o caso da terna mãe.

    Sofrimento humano

    Aqui já podemos perceber que o sofrimento humano é de uma categoria espiritual, e não simplesmente de ordem física como a dor. Por isso, também é um erro querer identificar o sofrimento humano apenas como um mal. Para ficar mais claro, dou um exemplo: a saudade por alguém que está longe nos faz sofrer, mas não é um mal, muito pelo contrário, ela é um ótimo sinal de que nos importamos com aqueles pelos quais sentimos saudades.

     

     

    Preste muita atenção, no exemplo acima, o sofrimento tem um sentido que é o amor por uma pessoa que está longe. Aqui temos uma chave para enxergarmos o sofrimento em nossa vida, o amor.

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    Via de purificação

    Uma outra chave está em encarar o sofrimento como via de purificação ou com um exercício para adquirirmos virtudes.

    Por exemplo: quem quer ingressar em uma faculdade deve estudar muito para passar em um vestibular, e esse estudo traz duras penas e privações; ou ainda, para mantermos um relacionamento duradouro e bom com outra pessoa, às vezes, temos de nos sacrificar pelo outro e sair do nosso individualismo, que é uma marca de nossa natureza ferida pelo pecado, esse sacrifício se transforma em sofrimento, mas o seu fruto é uma virtude.

    “É assim que Deus nos trata, permite o sofrimento para o nosso crescimento, é para a vossa correção que sofreis” (Hb 12,7).

    Os planos do amor de Deus

    No maravilhoso plano de amor que o Pai tem para nós, o sofrimento toma uma outra dimensão, assume o seu real sentido. O mal que está no mundo não foi posto aí por Deus, mas sabiamente Deus usa do mal para tirar um bem maior, pois, tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus (cf.: Rm 8,28).

    Antes de nos desesperarmos diante dos sofrimentos, devemos acreditar na Palavra de Deus que nos promete:  “Não tendes sido provados além do que é humanamente suportável. Deus é fiel, e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, junto com a provação Ele providenciará a força para que possais suporta-lá”(1 Cor 10,13).

     

     

    Somos convidados por Deus a colocarmos nossos sofrimentos e dores na cruz de Cristo para que, morrendo com Ele, ressuscitarmos com Ele. Termino com as palavras de São Paulo, um santo inocente que muito sofreu (cf.: 2 Cor 11, 23-33), mas nunca se desesperou, pelo contrário, via um sentido para sua vida além de qualquer dor.

    “É para a vossa correção que sofreis; é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? Pelo contrário, se ficais fora da correção aplicada a todos, então não sois filhos, mas bastardos. Ademais, tivemos os nossos pais humanos como educadores, aos quais respeitávamos. Será que não devemos submeter-nos muito mais ao Pai dos espíritos, para termos a Vida? Nossos pais humanos nos corrigiam como melhor lhes parecia, por um tempo passageiro; Deus porém, nos corrige em vista do nosso bem, a fim de partilharmos a sua própria santidade” (Hb 12, 7-10).

    Se Deus existe, por que existe o sofrimento?

    O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante dos problemas. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido.

    Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar.

     

     

    No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo.

    Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o Senhor do sofrimento, como disse Isaías, o Homem das Dores.

    Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento

    Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele.

    Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.

     

     

    Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. ‘O Werther’, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. ’A Comédia Humana’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler ‘A Nova Heloísa’, de Rosseau, uma jovem estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler ‘Os sete que se enforcaram’, de Leonid Andreiv.

    Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta.

    Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.

    Quem nos ensinará sobre o sofrimento?

    Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: O Senhor me enganou! Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte.

    Alguns perguntam: “Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?”.

     

     

    Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho ( 430) e por São Tomás de Aquino ( 1274): “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).

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    Como entender isso?

    Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus.

    Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.

    O mal pode ser também o uso errado de coisas boas

    Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

     

     

    O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: “O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem”” (Dor Salvífica, nº 2). De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem” (DS, nº 3).

     

    Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/por-que-os-justos-sofrem-por-que-ha-sofrimento/

    https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/se-deus-existe-por-que-existe-o-sofrimento/

     

     

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