Diante da realidade do adultério, é preciso ter algumas coisas claras:
1. A magnitude do pecado de adultério
As pessoas costumam achar que, se não há escândalo, não há gravidade. Mesmo que ninguém fique sabendo, o pecado existe – e os primeiros prejudicados são os próprios protagonistas.
Este pecado machuca a Igreja, a sociedade e tem a ver com algo ainda mais profundo, que é romper a aliança com Deus.
2. Nenhum pecado tem justificativa
Nenhum pecado tem justificativa, e menos ainda o de adultério, com uma suposta lógica humana, dizendo: "todo mundo faz", "a culpa do fracasso no casamento não foi minha e por isso tenho o direito de refazer minha vida junto a outra pessoa" etc.
O inimigo faz o mal com aparência de bem, seguindo a lógica do mundo.
3. Sacrificar-se pelo bem maior
É preferível fazer sacrifícios e renúncias para ter uma consciência limpa, tranquila e pura, que ter o que o mundo oferece, mas com remorsos e longe da salvação.
Jesus disse: "Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai" (Mt 7, 21). Qual é a vontade do Pai? Respeitar o vínculo sacramental, apesar de tudo.
4. Em uma relação adúltera não há amor
Não pode haver amor em meio ao pecado; podem chamar isso de paixão, carência, necessidade de sexo, busca de proteção, mas não de amor.
Deus é amor (1 Jo 4, 8) e, por isso, o amor só pode estar realmente em relações abençoadas por Ele, nas quais respeitam sua presença
5. Comunhão
Só se pode comungar em estado de graça, ou seja, sem pecados graves ou mortais. Recebe a comunhão quem está em comum-união com Deus.
6. Pecado e sagrado não se misturam.
Não se pode tentar misturar o pecado com o que é sagrado. Onde há pecado mortal, não há vida espiritual. Os mortos não comem.
Daí a importância da confissão. Mas não é fácil sair do adultério sozinho; o primeiro passo é expor isso em confissão, com um bom padre, talvez alguém que conheça bem a história dessa pessoa.
7. O propósito de emenda
Quando existe um pecado mortal, o penitente deve cumprir 5 passos para fazer uma boa confissão: exame de consciência, contrição, propósito de emenda, confissão oral e cumprimento da penitência;
No caso de uma pessoa divorciada em segunda união: é possível fazer o propósito de emenda, ou seja, que a relação com a segunda pessoa deixe de ter as características próprias de um casal de casados?
Mesmo morando sob o mesmo teto, a pessoa está disposta a relacionar-se com o outro como se fossem irmãos?
Se a resposta é positiva às duas perguntas e garante o cumprimento sério do propósito de emenda (deixar de pecar e manter-se em graça), a pessoa pode comungar, ainda que prefira fazê-lo em outra paróquia, para evitar mal-entendidos, ou comungar de maneira privada.
Jesus disse à pecadora: "Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais".
8. A vida na Igreja
Se a resposta às duas perguntas anteriores for negativa, isso não significa que a pessoa fica à margem da vida da Igreja. Mesmo que não possa comungar, ela pode ir à missa, participar dela e fazer a comunhão espiritual.
9. O amor verdadeiro
Se a pessoa com quem convive realmente a ama, entenderá que ela quer dar prioridade a Deus e à sua salvação, e respeitará sua decisão – que beneficiará a todos.
Se o primeiro casamento fracassou e a pessoa constituiu uma nova união, o que pede o Direito Canônico?
O amor autêntico sempre vai querer o bem real, presente e eterno, dos outros; nunca vai excluir Deus nem sua bênção.
10. Toda escolha implica renúncias
Se uma pessoa divorciada em nova união deseja cumprir o primeiro mandamento da lei de Deus, amando-O sobre todas as coisas (pessoas, prazeres, aparências etc.), a que está disposta a renunciar, a deixar de lado?
A aceitação teórica da realidade de um sacramento (neste caso, do matrimônio, que se presume ser válido, ainda que tenha fracassado) não é compatível com a negação prática dele.
11. Os filhos
Se a pessoa tem filhos, sua situação incide ainda mais na formação da fé dos pequenos. O exemplo educa. Estas situações difíceis podem servir de exemplo na educação dos filhos.
12. Oração
Em casa, não se pode deixar de fazer oração, de incentivar a oração em família, formar os filhos na fé etc.
13. Paróquia
Há muitas maneiras de estar unidos a Deus e à Igreja. É aconselhável envolver-se na vida da paróquia em tudo o que for possível, pois a Igreja não rejeita as pessoas divorciadas que vivem uma nova união.
A Igreja é acolhedora e misericordiosa. Mas isso não significa que ela aceita o pecado ou que deixa de denunciar esse pecado. O adultério (de pensamento ou obra) é um afeto desordenado.
Como se costuma dizer, Deus (e, por conseguinte, a Igreja) rejeita o pecado, mas não o pecador.
Jesus veio buscar os pecadores, chamá-los à vida. O amor de Deus é maior que o pecado e, por isso, é preciso agarrar-se a Deus. Haja o que houver, a pessoa não deve se soltar da Igreja.
O ser humano sem a Palavra de Deus, sem a relação com Deus, está perdido.
Se uma pessoa divorciada em nova união tem a reta intenção de sair do pecado, é preciso preparar-se para ver quão poderoso é o Senhor: Ele pode devolver a dignidade à sua vida.
Sexto Mandamento: Não cometer o adultério
O Sexto Mandamento apresenta as ordens do Senhor para a vivência de um dos mais belos dons que Ele concedeu aos homens: a sexualidade humana. Esta afeta todos os aspectos da pessoa humana, em unidade de corpo e alma, diz respeito à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de maneira mais geral, à aptidão para criar vínculos de comunhão com os outros.
Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (cf. Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo Testamento, e considera o Sexto Mandamento como englobando todos os pecados contra a castidade.
Afirma o Catecismo da Igreja Católica que Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu neles a vocação ao amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da complementaridade.
O beato João Paulo II, na Exortação Apostólica Familiaris Consortio (FC), afirmou que: “Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor. Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do ser humano” (FC 11).
Desta maneira, a sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa, tendo como via a castidade, que é a integração positiva da sexualidade na pessoa. Esta supõe a aprendizagem do domínio de si, para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente em etapas graduais de crescimento.
Os meios para se viver a castidade propostos pela Igreja são numerosos, dentre eles estão à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a prática de uma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão.
Portanto, todos, seguindo Cristo, nosso modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida: alguns na virgindade ou no celibato consagrado; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os solteiros, namorados, ou seja, todos os não casados devem viver a castidade na continência.
O ato conjugal possuiu um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão inquebrável que Deus quis entre os dois significados do ato conjugal, excluindo um deles. Por isso, a relação sexual, quando não contém estes elementos, é considerada um pecado contra a castidade. São consideradas ofensas à dignidade do matrimônio: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de fato (convivência, concubinato) e o ato sexual antes ou fora do matrimônio.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que os filhos são um dom de Deus, o maior dom do matrimônio. Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido, a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o fruto do ato conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção. Aqueles casais que não possuem filhos, esgotados os recursos médicos legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado ou a adoção, ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.
Enfim, o Sexto Mandamento é uma ordem de Deus aos homens para conservarem, em sua vocação original e fundamental, o amor. Desta forma, ele nos ensina a viver a castidade, a paternidade e a maternidade responsáveis dos cônjuges, e a evitarmos os danos morais da fertilização e inseminação artificial, por fim, apresenta diretrizes para a vivência do ato conjugal.
Este mandamento é, sobretudo, uma ordem de Deus aos homens, para que estes vivam a santidade por meio da sexualidade ordenada. Portanto, a vivência deste sacramento se torna um instrumento eficaz de testemunho a Deus, por intermédio de uma vida casta e santa, em meio à sociedade cada vez mais distante imoral.
Fonte: https://pt.aleteia.org/2015/01/20/o-adulterio-e-realmente-tao-grave-assim/