Será que casei por amor ou por paixão?


Cuidado, a paixão acaba. Como saber se amo verdadeiramente alguém? O que é amor? Ama e faz o que quiseres. Essa frase belíssima e significativa de Santo Agostinho, infelizmente, é mal interpretada. Para compreendê-la, deve ser respondida uma pergunta básica: o que é o amor? Muitas pessoas julgam saber da resposta, mas, na verdade, estão enganadas. Como diz o ditado popular, “estão comprando gato por lebre”.

Como saber se amo verdadeiramente alguém? O que é amor?

Ama e faz o que quiseres. Essa frase belíssima e significativa de Santo Agostinho, infelizmente, é mal interpretada. Para compreendê-la, deve ser respondida uma pergunta básica: o que é o amor? Muitas pessoas julgam saber da resposta, mas, na verdade, estão enganadas. Como diz o ditado popular, “estão comprando gato por lebre”.

É muito comum ouvirmos da boca dos jovens a seguinte frase: “Estou perdidamente apaixonado por minha namorada. Tenho um sentimento imenso de amor por ela!”. Façamos uma avaliação dessa frase, de modo a compreender como pensa um jovem sobre o significado do amor.

 

 

O que é paixão?

A primeira coisa a destacarmos aqui é quando o jovem diz: “Estou perdidamente apaixonado por você”. A paixão é algo fascinante e belo do ponto de vista humano. Trata-se daquele momento em que predominam os sentimentos, as emoções. Existe até uma dito popular: “Quem se apaixona perde a razão”. A partir disso, pode-se concluir que paixão não é amor. Tem seu valor em um relacionamento afetivo, pois é aquela primeira fase, é o encantamento, quando “o mundo gira em torno da pessoa amada”. Não existe ninguém melhor, mais belo e inteligente. Porém, a paixão é como a flor que desabrocha, mas não dura mais que uma estação.

Segunda parte da frase: “Tenho um sentimento imenso de amor por ela”. Nessa segunda parte, o engano é ainda maior. Muitos acham que amor é sentimento, mas amor não pode ser sentimento, pois estes podem nos trair. Hoje, sentimos algo que, inclusive, pode ser nobre, porém, amanhã, podemos deixar de sentir. É próprio do sentimento não ser duradouro, faz parte de sua essência ser passageiro.

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O que é amor?

Se o amor não é paixão, muito menos sentimento, o que ele é afinal? Erich From diz o seguinte: “O amor será essencialmente um ato de vontade, de decisão de entregar minha vida completamente à de outra pessoa. […] Amar alguém não é apenas um sentimento forte: é uma decisão, um julgamento, uma promessa. Se o amor apenas fosse um sentimento, não haveria base para a promessa de amar-se um ao outro para sempre. O sentimento vem e pode ir-se!” (Erich From, A arte de amar, p. 71-72).

O “amor em contraste é a maratona do coração. Exige treinamento, disciplina, paciência e trabalho. Não é um esporte de espectadores nem um evento com o resul­tado decidido em segundos. É escalar montanhas, sofrer dores e resistir à tentação de se desligar. […] Quando o amor é considerado um ato da vontade […], sobrevive enquanto o coração bater. Em outras palavras, embora estar apaixonado, às vezes, leve o casal ao casamento, é o amor que faz o casamento durar. De modo mais específico, o compromisso deliberado e ativo que o amor faz supor está no centro do arrebatamento conjugal”. (Genovesi, 142).

O amor é indispensável para o relacionamento

Sem o verdadeiro conceito de amor podemos ferir muita gente; além do mais, passaremos a vida inteira enganando nós mesmo e os outros. Quantos namoros acabaram, porque faltou amor! Viveram muito tempo junto somente apaixonados, não deram o próximo passo para chegar ao amor maduro e verdadeiro. Muitos casamentos também terminaram por motivos parecidos, pensavam que paixão, sentimento e amor eram a mesma coisa. Por não terem conhecimento, fatalmente o casamento acabou.

Ao tratar-se de um relacionamento, é indispensável o amor, pois ele não existe sem sacrifício. Quem não é capaz de se sacrificar é porque não ama de verdade. Aqui está a necessidade, já no namoro, de ambos abrirem mão de suas vontades em prol do outro, de modo a aprenderem a se sacrificar pelo bem do outro. Quem assim fizer, sem dúvida, terá um casamento feliz e duradouro, porque aprendeu que o verdadeiro amor exige sacrifício.

 

 

Existe desilusão amorosa em um verdadeiro amor?

Quem não se desiludiu na grande aventura de amar e ser amado? Quem nunca ficou horas no quarto chorando porque o “grande amor” simplesmente se tornou o “nada amor”. De fato, o amor verdadeiro comporta essa “fase” de se desiludir. Isso mesmo! É preciso viver a desilusão para que, de fato, seja amor verdadeiro.

No livro que está por vir, eu e Letícia, minha esposa, trabalhamos as fases do amor verdadeiro, segundo o olhar psicológico. Fases essas que são a ilusão, a desconfiança, a desilusão e a esperança. Mas como o livro está por ser lançado, aqui quero falar um pouco da fase da desilusão, pela qual todo amor, que é verdadeiro, precisa passar. Só os amores fortes e verdadeiros conseguem ressuscitar. Eis a fase da desilusão/decepção!

 

 

O que seria essa desilusão?

Des+ilusão, ou seja, sem ilusão! Essa é a fase em que vocês se confrontam com o real do outro, é a fase da “meia-noite da cinderela”, é onde o ideal parece desaparecer, e o que o outro é vai se tornando palpável, concreto e real.

Conhecemos muitos casais que, nesta hora, começam a falar: “Não é por essa pessoa, com a qual agora estou me relacionando, que me apaixonei. Ela mudou!”. A primeira parte da frase é verdadeira. Não foi pela pessoa com a qual você se relaciona hoje, que você se apaixonou (não somente), houve uma paixão pelo seu “modelo” colocado no outro. Quando você vai percebendo que muitas coisas não batem, vai se desiludindo! Não quer dizer que seja uma mentira, mas sim que, de fato, está aparecendo uma pessoa real, com muita coisa que o leva a ter a certeza de “é a pessoa certa para mim”, mas descobrirá também que esse “ser certo” não é sempre o que você deseja, mas sim o que necessita. Aí, talvez, a segunda parte da frase que diz “ele mudou”não seja bem assim, pois, de fato, ele sempre foi assim, mas você não conseguia enxergar a pessoa concreta, e só tinha olhos para seu “ideal”.

Na psicologia, uma teoria afirma que o casamento é uma das maiores fontes de integração do indivíduo. Essa integração quer dizer dos opostos em nós que aparecem na relação. Exemplificamos afirmando: Muitas vezes, o que faz com que você se apaixone é o que o faz se separar (caso não amadureça na relação e com ela).

Como se comportar diante da desilusão?

A menina se apaixona pelo rapaz superdescolado, livre, engraçado, que leva a vida “numa boa”, de fácil conversa. Ela afirma: “O que mais gosto nele é a liberdade”. Passa a fase da idealização, entra da desconfiança, e ela se choca com a fase da desilusão, pois começa a dizer: “Ele não cumpre horários, é desleixado com as coisas, fica de conversinha com as meninas”. O que a fez se apaixonar por ele pode ser o que a levará a deixá-lo, pois ela não conseguia ver quem ele era de verdade.

 

 

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Retomando a questão da integração, aqui eles estão perdendo a chance de equilibrar juntos a liberdade e a responsabilidade. Talvez, ele possa ser o que ela deseja, mas não consegue; talvez, de fato, ele precise dela para dar uma integrada nessa liberdade toda! Amor é isso: opostos que se atraem. Isso, quando bem vivido, gera equilíbrio e saúde emocional.

Quanto mais reais eles se vão tornando um para o outro como pessoas, menos possibilidades há de as imagens mágicas e fascinantes provenientes do inconsciente permanecerem projetadas sobre eles.

É bom entender que essa fase da desilusão é necessária para um amadurecimento do amor verdadeiro. Quanto antes você se desiludir, mais rápido vai poder viver a fase fascinante do caminho ao verdadeiro amor, que é a esperança! Só valorizando o que o outro é, posso me decepcionar com ele sem o descartar.

Enfim, desilusão faz parte do amor verdadeiro! Basta ver se, de fato, o amor vivido com o outro é verdadeiro, e não como você quer que ele seja!

 

 

O amor que sentimos ou o amor que decidimos

Há pessoas que julgam ser capazes de amar muito só porque têm grandes sentimentos. O Papa Francisco nos ensina na Amoris Laetitia1 que isso é uma grande mentira: “Julgar que somos bons só porque ‘provamos sentimentos’ é um tremendo engano”. De nada adianta, nos ensina o Papa, termos todo esse sentimento em nós se não conseguimos lutar pela felicidade dos outros e vivemos confinados nos nossos próprios desejos.

Todo casal deve entender o que diz Denis de Rougemont2: “Estar apaixonado não é necessariamente amar. Estar apaixonado é um estado; amar é um ato. Sofre-se um estado, mas decide-se um ato”. Dessa afirmação depreende-se que é possível estar apaixonado sem amar. Num relacionamento assim, isso significa que quando os ventos mudarem e os sentimentos forem para outra direção, aquele que não mais se sente apaixonado porá fim ao relacionamento. Pois, uma vez que o “estar apaixonado” passa, o que sobra? Num relacionamento em que há o amor, este permanece. Porque o amor, diz o autor, é um ato, uma decisão que independe do meu estado e do meu sentimento agora ou ontem ou amanhã.

Após alguns anos de casamento, é possível perceber claramente que muitos dos nossos mais meritórios atos de amor pelo nosso cônjuge não são motivados pelos sentimentos, mas apesar deles. Há quem, durante o namoro, ande uma hora para colher uma flor para a amada movido apenas pela expectativa do beijo que receberá como recompensa ou
do sorriso emocionado que provocará nela. No casamento, o desafio muitas vezes será levar essa mesma flor ainda que você esteja com raiva ou decepcionado com a esposa por ela ter sido injusta com você. Ou o desafio será calar-se quando os seus sentimentos dizem “grite!”, “reaja!”, “não suporte isso”. Outras vezes, o desafio será dar o primeiro passo e abraçar o cônjuge após uma discussão, para dar início à reconciliação, dizendo-lhe “eu te amo”, mesmo que a vontade seja afastar-se, brigar ou dizer “verdades cruéis” que só machucarão o outro.

 

 

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Decisão diária

Não é que o namoro seja um sonho, um parque de diversões, e o casamento seja um pesadelo, uma provação sem fim. Definitivamente não. É que o casamento é, pode-se dizer, a vida real. Por maior que seja a transparência com que se viva no namoro, está sempre presente um esforço para dar o melhor para o outro, para mostrar sua melhor face. No casamento, é impossível manter isso o tempo todo. Você mostrará suas misérias e seu cônjuge também. Se um relacionamento está baseado na paixão ou no amor romântico, encarar essas misérias mútuas costuma ser fatal.

Por isso, a necessidade de lembrar que o amor – aquele declarado no altar, diante de Deus – é uma decisão que deve ser renovada todos os dias. O Papa Emérito Bento XVI aconselhou jovens namorados a trilhar um caminho de amadurecimento: “a partir da atração inicial e do ‘sentir-se bem’ com o outro, educai-vos a ‘amar’ o outro, a ‘querer o bem’ do outro. O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito do outro”3. Não se pode parar na paixão. O amor conjugal, nos ensina o Papa Francisco, “é uma ‘união afetiva’, espiritual e oblativa, mas que reúne em si a ternura da amizade e a paixão erótica, embora seja capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão enfraquecem”4.

 

 

Qual a qualidade do seu alicerce para um relacionamento?

No casamento, cônjuges que experimentam a verdadeira partilha e a transparência vão ferir um ao outro ao se deixar conhecer, por mais que se esforcem para não o fazer. Faz parte do processo de conhecimento. Deve ser parte desse processo também a consciência de que os sentimentos que tiverem ao longo dessas descobertas dolorosas não determinam o amor entre eles. Para viver isso no matrimônio, entretanto, é necessário que o casal busque uma experiência profunda e autêntica com Deus. Só assim os cônjuges conseguirão decidir-se pelo amor quando precisarem ser pacientes e bondosos; só decidindo-se pelo amor conseguirão não ser invejosos, nem orgulhosos, nem arrogantes, nem escandalosos; não buscarão os seus próprios interesses, não se irritarão, não guardarão rancor, nem se alegrarão com a injustiça. Só sustentado por Deus um cônjuge vai olhar para o outro e decidir tudo desculpar, tudo crer, tudo esperar, tudo suportar.

A paixão pode acabar, mas o amor, nos ensina São Paulo, jamais acabará. Amparado nessa palavra, você pode hoje olhar para a sua vida e refletir qual a qualidade do alicerce que você tem preparado para o seu relacionamento: são os vistosos, mas frágeis fundamentos da paixão ou a discreta, mas sólida e confiável estrutura do amor? Confiantes em Deus, sabemos que ainda é tempo de mudar quaisquer inadequações estruturais que o nosso relacionamento possa ter. Basta nos decidirmos, nas pequenas e nas grandes coisas, pelo amor.

Tamu junto!

Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/amor-e-paixao-sao-sentimentos-diferentes-ou-a-mesma-coisa/

 

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