Qual a importância da Igreja Católica para a Ciência, segundo os próprios cientistas?


Quantos Prêmios Nobel foram entregues a membros da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano? O que Albert Einstein disse sobre a Igreja Católica? Quais são alguns exemplos de cientistas notáveis que também eram membros da Igreja Católica? Qual foi o papel da Igreja Católica no desenvolvimento da ciência ao longo da história? Como a Igreja Católica contribuiu para a preservação e disseminação do conhecimento científico durante a Idade Média? De que maneira as instituições educacionais católicas influenciaram a evolução da ciência? Como a Igreja Católica ajudou a financiar e promover pesquisas científicas em várias épocas? Quais são as principais áreas da ciência que foram influenciadas pelo pensamento e ensinamentos católicos? Como os ensinamentos católicos sobre ética influenciam a prática científica moderna? Quais são os principais argumentos de cientistas católicos sobre a harmonia entre fé e razão?

A IMPORTÂNCIA DA IGREJA PARA A CIÊNCIA SEGUNDO OS PRÓPRIOS CIENTISTAS !!


Aqui temos um artigo escrito por ninguém menos do que Edward Grant, um dos MAIORES historiadores da ciência de todos os tempos. Publicado em 2012, nele Grant defende CATEGORICAMENTE e com TODAS AS LETRAS como a Igreja Católica foi FUNDAMENTAL para o início do desenvolvimento da ciência ainda na Idade Média:


".....Se a Igreja Católica tivesse enxergado a ciência como obstáculo para a fé e um desafio á sua autoridade e, por isso, colocado empecilhos ao seu florescimento, a Revolução Científica NÃO teria ocorrido nos séculos XVI e XVII e, talvez, até hoje ainda nem tivesse começado. Ainda bem para a Civilização Ocidental que esse NÃO foi o caso e a Revolução Científica emergiu para TRANSFORMAR o mundo......a Civilização Ocidental teve na parte final da Idade Média um ambiente cultural que possibilitou a fundação da ciência moderna....tal ambiente cultural se formou, a meu ver, graças a três fatores: as traduções dos textos gregos e árabes para o latim, as Universidades e os teólogos- filósofos da própria Igreja Católica..."


"Reflections of a Troglodyte Historian of Science"- Edward Grant

https://www.jstor.org/stable/10.1086/667825

 

Aqui temos um artigo de David C. Lindberg, outro GIGANTE da história da ciência. Publicado em 1995, nele Lindberg não chega ao ponto de defender que a teologia católica teria dado origem a ciência. Ele considera essa abordagem, que é defendida por muitos estudiosos como ele mesmo reconhece, um tanto exagerada. De toda forma, neste artigo Lindberg DEIXA CLARO o papel IMPORTANTÍSSIMO que a Igreja Católica teve, ainda na Idade Média, para o desenvolvimento das ciências:


"..Se nós compararmos o suporte dado à ciência pela Igreja medieval com outra instituição da época, ficará EVIDENTE que a Igreja foi a MAIOR patrona da ciência. Esse patrocínio foi sem dúvida limitado e seletivo, mas um patrocínio limitado e seletivo é com certeza melhor do que nenhum patrocínio. Remova a Igreja de cena e a Idade Média NÃO teria se transformado em uma era secular, de utopia científica, totalmente equipada com agências governamentais para encorajar a pesquisa científica. Remova a Igreja de cena e haveria uma ENORME quantidade de SÉRIA atividade intelectual que NÃO teria ocorrido.....De fato os cientistas medievais tinham uma INCRÍVEL LIBERDADE de pensamento e expressão, um nível de liberdade que se compara favoravelmente com o disponível nas universidades europeias dos séculos XVI e XVII....

A Igreja se tornou a patrona da filosofia natural grega e árabe. Ela fez isso, em primeiro lugar, acomodando a teologia cristã com essa filosofia natural . Em segundo lugar a Igreja foi a patrona desta filosofia natural grega e árabe através do suporte dado as escolas e universidades. Estas escolas e universidades, as do norte da Europa propriamente, estavam sob sua proteção e autoridade. Nestas universidades a ciência natural encontrou pela PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA uma casa institucional segura e estas universidades se tornaram a casa comum das classes intelectuais... O fato MEMORÁVEL, que nós não podemos perder de vista, é que no final das contas a Igreja NÃO rejeitou a tradição clássica, mas se APROPRIOU dela, criando uma nova visão de mundo e levando a Cristandade a um curso que teve PROFUNDAS implicações para a subsequente história da ciência ocidental e, de fato, para a história da civilização...

Como teria sido a Idade Média sem o Cristianismo ? Nós nunca saberemos. Porém nós podemos estar certos de que não seria a Idade Média que nós todos conhecemos e AMAMOS...As teorias e práticas científicas que emergiram no inicio da era moderna, então, não foram primeiramente as filhas dos princípios teológicos cristãos, nem da tradição clássica ( uma vez que o Cristianismo saiu de suas costas ), mas de uma mistura complexa no qual a teologia cristã, a tradição clássica, várias instituições medievais, muitas outras tradições culturais e forças sociais contribuíram juntos. É para essa enorme e complicada interação que nós precisamos olhar se quisermos entender o caráter essencial do conhecimento científico medieval e a origem do mundo em que nós vivemos."

Abaixo temos um livro que procura enumerar a quantidade de Padres cientistas que tivemos ao longo da história :

https://www.jstor.org/stable/301913

IDADE DAS TREVAS ?? JAMAIS. E É UM HISTORIADOR EVANGÉLICO QUE DESMENTE ISSO !!


"O Cristianismo assumiu o caráter de uma forte instituição disciplinar, uma escola de treinamento para nações em sua infância, que tinham que ser tratadas como crianças. Daí o caráter legalista, hierárquico, ritualístico e romântico do catolicismo medieval. No entanto, na proporção em que as nações foram treinadas na escola da igreja, elas começaram a afirmar sua independência da hierarquia e a desenvolver uma literatura nacional em sua própria língua. Comparada com nossos tempos, nos quais o pensamento e a reflexão se tornaram o árbitro mais alto da vida humana, a idade média foi uma era de paixão. A lei escrita, tal como foi desenvolvida na sociedade romana, o bárbaro não conseguia entender e não obedeceria. Mas ele era facilmente impressionado pela lei falada, a palavra viva, e encontrou uma espécie de charme em dobrar sua vontade absolutamente antes de outra vontade. Assim, a igreja docente se tornou a lei na terra e formou a própria fundação de toda organização social e política.


A Idade Média é frequentemente chamada de "idade das trevas": verdadeiramente, se a compararmos com o cristianismo antigo, que a precedeu, e com o cristianismo moderno, que a seguiu; FALSA e INJUSTAMENTE, SE A IGREJA FOR RESPONSABILIZADA PELA ESCURIDÃO. O cristianismo foi a luz que brilhou na escuridão da barbárie e do paganismo circundantes, e gradualmente a dissipou. Padres e monges industriosos salvaram dos destroços do Império Romano os tesouros da literatura clássica, juntamente com as Sagradas Escrituras e os escritos patrísticos, e os transmitiram para tempos melhores. A luz medieval foi de fato a luz emprestada das estrelas e da lua da tradição eclesiástica, em vez da clara luz do sol das páginas inspiradas do Novo Testamento; mas era uma luz que os olhos das nações em sua ignorância podiam suportar, e nunca deixou de brilhar até desaparecer na luz do dia da grande Reforma. Cristo teve suas testemunhas em todas as eras e países, e aqueles brilham ainda mais intensamente que estavam cercados pela escuridão da meia-noite.


Por outro lado, a Idade Média é frequentemente chamada, especialmente por escritores católicos romanos, de "as eras da fé". Elas abundam em lendas de santos, que tinham o charme de romances religiosos. Todos os homens acreditavam no sobrenatural e no milagroso tão prontamente quanto as crianças acreditam agora. O céu e o inferno eram tão reais para a mente quanto o reino da França e a república de Veneza. O ceticismo e a infidelidade eram quase desconhecidos, ou pelo menos suprimidos e escondidos. Mas com a fé estava conectada uma vasta quantidade de superstição e uma ausência total de investigação crítica e julgamento. A fé era cega e irracional, como a fé das crianças. As lendas mais incríveis e absurdas eram aceitas sem questionamento. E ainda assim a moralidade não era nem um pouco melhor, mas em muitos aspectos mais rude, mais grosseira e mais apaixonada do que nos tempos modernos.


A Igreja como uma organização visível nunca teve maior poder sobre as mentes dos homens. Ela controlava todos os departamentos da vida do berço ao túmulo. Ela monopolizou todo o aprendizado e tornou as ciências e artes tributárias a ela. Ela assumiu a liderança em todos os movimentos progressistas. Ela fundou universidades, construiu catedrais elevadas, agitou as cruzadas, fez e desfez reis, distribuiu bênçãos e maldições a nações inteiras. A hierarquia medieval centralizada em Roma reencenou a teocracia judaica em uma escala mais abrangente. Foi uma antecipação carnal do reinado milenar de Cristo. Levou séculos para erguer essa estrutura imponente e séculos para derrubá-la novamente.


A oposição veio em parte das seitas anticatólicas, que, apesar da perseguição cruel, nunca cessaram de protestar contra as corrupções e a tirania do papado; em parte do espírito de nacionalidade que surgiu em oposição a uma centralização hierárquica absorvente; em parte do renascimento do aprendizado clássico e bíblico, que minou o reinado da superstição e da tradição; e em parte da vida interna e mais profunda da própria Igreja Católica, que clamava em voz alta por uma reforma e lutava pela severa disciplina da lei para a luz e a liberdade do evangelho. A Igreja medieval era uma mestra-escola para levar os homens a Cristo. A Reforma foi uma emancipação da cristandade ocidental da escravidão da lei e uma reconquista daquela liberdade "com a qual Cristo nos libertou" (Gálatas v. 1)."

FONTE : Philip Schaff historiador evangélico em seu livro "History of the Christian Church Volume 4
https://www.ccel.org/s/schaff/history/4_ch01.htm

 

Será mesmo que a Igreja é contra a ciência?


Desde o ano de 1902, nada menos que 70 Prêmios Nobel foram entregues a membros da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano.

Os acadêmios são escolhidos com base em seus eminentes estudos científicos originais e na sua reconhecida personalidade moral, sem discriminação étnica ou religiosa, e são nomeados ainda em vida mediante ato soberano do Santo Padre como mostra do reconhecimento vaticano ao seu trabalho científico em prol do progresso da humanidade. A maioria dos acadêmicos foi selecionada para a Pontifícia Academia de Ciências ainda antes de ganhar o Prêmio Nobel.

Em 2011, pela primeira vez na história, o então papa Bento XVI nomeou como presidente da Academia um cientista não católico: o suíço Werner Aber, cristão protestante reformado, professor emérito de Microbiologia na Universidade de Basileia e premiado com o Nobel de Medicina por suas pesquisas no campo da genética. Ele estudou em particular o mecanismo de defesa da célula bacteriana contra os vírus e sua obra está ligada à descoberta das enzimas de restrição, que podem ser empregadas no estudo da organização genética.

Aliás, o mesmo Bento XVI, como se aprecia na imagem acima, recebeu e abençoou no Vaticano o físico Stephen Hawking, que é declaradamente ateu, mas não inimigo da religião e muito menos fechado ao instigante debate entre ciência e fé. O célebre cientista participou da plenária da Pontifícia Academia de Ciências sobre a origem do universo, a evolução da vida, Darwin e a teoria do desígnio inteligente (ou seja, a tese de que o universo foi criado de acordo com um planejamento inteligente e não como fruto do mero acaso; a este respeito, recomendamos este interessantíssimo artigo sobre o Ajuste Preciso do Universo). O título do congresso do qual Hawking participou no Vaticano foi "Abordagens científicas sobre a evolução do universo e da vida".

 

LISTA DE PRÊMIOS NOBEL MEMBROS DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO VATICANO

 

A lista oficial de membros da Pontifícia Academia de Ciências que já ganharam o Prêmio Nobel pode ser consultada no site da Academia. Nós a reproduzimos abaixo:

Pieter Zeeman (Física, 1902)

Lord Ernest Rutherford de Nelson (Química, 1908)

Guglielmo Marconi (Física, 1909)

Alexis Carrel (Fisiologia, 1912)

Max von Laue (Física, 1914)

Max Planck (Física, 1918)

Niels Bohr (Física, 1922)

Sir Chandrasekhara Venkata Raman (Física, 1930)

Werner Heisenberg (Física, 1932)

Charles Scott Sherrington (Fisiologia ou Medicina, 1932)

Paul Dirac e Erwin Schrödinger (Física, 1933)

Thomas Hunt Morgan (Fisiologia ou Medicina, 1933)

Sir James Chadwick (Física, 1935)

Peter J.W. Debye (Química, 1936)

Victor Francis Hess (Física, 1936)

Corneille Jean François Heymans (Fisiologia ou Medicina, 1938)

Leopold Ruzicka (Química, 1939)

Edward Adelbert Doisy (Fisiologia ou Medicina, 1943)

George Charles de Hevesy (Química, 1943)

Otto Hahn (Química, 1944)

Sir Alexander Fleming (Fisiologia, 1945)

Artturi Ilmari Virtanen (Química, 1945)

Sir Edward Victor Appleton (Física, 1947)

Bernardo Alberto Houssay (Fisiologia ou Medicina, 1947)

Arne Wilhelm Kaurin Tiselius (Química, 1948)

Walter Rudolf Hess (Fisiologia ou Medicina, 1949)

Hideki Yukawa (Física, 1949)

Sir Cyril Norman Hinshelwood (Química, 1956)

Chen Ning Yang e Tsung-Dao Lee (Física, 1957)

Joshua Lederberg (Fisiologia, 1958)

Severo Ochoa (Fisiologia ou Medicina, 1959)

Rudolf Mössbauer (Física, 1961)

Max F. Perutz (Química, 1962)

Sir John Carew Eccles (Fisiologia, 1963)

Feodor Lynen (Fisiologia ou Medicina, 1964)

Charles H. Townes (Física, 1964)

Manfred Eigen e George Porter (Química, 1967)

Har Gobind Khorana e Marshall W. Nirenberg (Fisiologia, 1968)

Luis Federico Leloir (Química, 1970)

Gerhard Herzberg (Química, 1971)

Christian Boehmer Anfinsen (Química, 1972)

Christian de Duve (Fisiologia, 1974)

George Emil Palade (Fisiologia, 1974)

Martin Ryle (Física, 1974)

David Baltimore (Fisiologia, 1975)

Vladimir Prelog (Química, 1975)

Aage Bohr (Física, 1975)

Werner Arber (Fisiologia ou Medicina, 1978)

Abdus Salam (Física, 1979)

Paul Berg (Química, 1980)

Kenichi Fukui (Química, 1981)

Kai Siegbahn (Física, 1981)

Roger Wolcott Sperry (Fisiologia ou Medicina, 1981)

Sune Bergstrom (Fisiologia, 1982)

Carlo Rubbia (Física, 1984)

Klaus von Klitzing (Física, 1985)

Rita Levi-Montalcini (Fisiologia, 1986)

John C. Polanyi (Química, 1986)

Yuan Tseh Lee (Química, 1986)

Jean-Marie Lehn (Química, 1987)

Joseph E. Murray (Fisiologia, 1990)

Gary S. Becker (Economia, 1992)

Paul J. Crutzen e Mario J. Molina (Química, 1995)

Claude Cohen-Tannoudji e William D. Phillips (Física, 1997)

Ahmed H. Zewail (Química, 1999)

Günter Blobel (Fisiologia, 1999)

Ryoji Noyori (Química, 2001)

Aaron Ciechanover (Química, 2004)

Theodor Hänsch (Física, 2005)

Gerhard Ertl (Química, 2007)

Fonte: https://pt.aleteia.org/2015/05/13/70-membros-da-pontificia-academia-de-ciencias-do-vaticano-sao-ganhadores-do-premio-nobel

 

 

 

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