Martinho Lutero (1483-1546) costuma a receber o crédito pela invenção da falsa doutrina da Sola Scriptura (=”Somente a Bíblia” ou “Suficiência da Bíblia”). Ele, que havia se separado da autoridade do Papado e do Magistério, tinha, por conseqüência, perdido toda a autoridade nos assuntos tratados pela Igreja. Então, voltou-se para a Bíblia, afirmando que ela era a única fonte de autoridade. Poderia um livro ser a única fonte de autoridade? Poderia a Constituição do Brasil prevalecer sozinha sem a autoridade de um Corpo que a interpretasse? Qual Corpo teria autoridade para resolver questões oriundas das interpretações opostas acerca das normas escritas nela? Por quanto tempo esse país poderia durar se os fundadores (a Assembléia Constituinte) não tivessem previsto o estabelecimento de uma Corte Suprema (o Supremo Tribunal Federal-STF), que teria a última palavra na interpretação da lei deste país? Certamente, esse país se fracionaria desde o começo.
E não é exatamente assim que acontece no Protestantismo? Lutero se separou da Igreja Católica em 1521 e imediatamente surgiram problemas entre ele, Zwínglio (seu amigo reformador da Suíça) e Tomás Muntzer. Nesse mesmo ano, Muntzer se separou e formou os Anabatistas. João Calvino se separou em 1536 e constituiu o Calvinismo. John Knox pulou fora do barco e formou os Presbiterianos em 1560. John Smith fundou os Batistas em 1609, e John e Carl Wesley fundaram o Metodismo em 1739.
A partir do momento em que se separou da Igreja Católica, o Protestantismo perdeu a “Suprema Corte” de interpretação da Bíblia – o Papado e o Magistério – e acabou por perder toda a autoridade que tinha sido dada a eles pelo próprio Deus. As separações continuam até hoje. Existem agora mais de 28.000 seitas protestantes diferentes, sendo que nenhuma delas pode reclamar autoridade para interpretar a Lei de Deus, a Sagrada Escritura. O [problema] é tal que as seitas disputam entre si e se separam internamente ainda mais. Há divisões nos Batistas e várias divisões em todas as outras seitas principais do Protestantismo… É cada homem interpretando, por sua própria cabeça, a Bíblia para o Protesntantismo.
Se isto parece certo para você, tudo bem, mas é bom se preparar para as conseqüências… Não existe unidade naquilo que Martinho Lutero começou. Se há algo que conseguiu, este algo foi tornar impotente uma grande parte do Corpo de Cristo. Fica fácil de perceber a obra de Satanás aqui, porque SEU plano é dividir e conquistar (confronte Mateus 12,25 para o plano de Satanás, com João 10,16 para o plano de Jesus Cristo!).
No que você acredita ser a raiz de todo esse caos? Foi a implementação da falsa doutrina da Sola Scriptura e, com ela, a interpretação particular das Sagradas Escrituras (proibida em 2Pedro 1,20 e 3,16). Como todo o Protestantismo pode interpretar a “Constituição das Leis de Deus” – a Santa Bíblia – da forma como crê conveniente, provoca nele mesmo divisões, desuniões e caos.
Na verdade, seria mesmo muito estranho que Deus nos tivesse entregue um Livro infalível e não nos tivesse deixado um intérprete com autoridade e infalibilidade. Você e eu sabemos que Deus nunca teria feito isso.
Martinho Lutero foi um escritor prolífico e sustentou muitos pontos de vista contrários aos da Igreja Católica. Em 1º de novembro de 1517, Lutero reuniu 95 Teses, das quais era autor, e as fixou na porta da igreja do castelo de Vitemberg, na Alemanha. A Igreja Católica respondeu, exigindo que Lutero se retratasse das declarações que eram contrárias aos ensinamentos da Igreja. A primeira menção da falsa doutrina da Sola Scriptura ocorreu quando Martinho Lutero foi questionado no Sínodo de Augsburgo (Alemanha), em outubro de 1518. Ao apelar para um Concílio, Lutero apontou a Bíblia e sua interpretação dela, sobre a interpretação do Papa. Embora ele admitisse que a autoridade do Concílio e da Bíblia eram equivalentes, Lutero deu um passo a mais declarando posteriormente que a Escritura estava acima do Concílio e que os Concílios Ecumênicos já tinham errado em matéria de fé. Como resultado, foi classificado como herege.
Parece ter havido uma contradição aí, pois Lutero era monge católico agostiniano e, portanto, sabia muito bem que foram os Concílios da Igreja Católica que tinham fixado os cânons do Antigo e do Novo Testamento. Mas agora em Leipzig, ele declarava que o fruto dos Concílios – [a Bíblia] – se encontrava acima dos próprios Concílios!
Lutero foi advertido pela Igreja, em junho de 1520, pela Bula Papal “Exsurge Domine”. A Igreja fez tudo o pôde para reconciliá-lo, porém, ele rejeitou, criando o ambiente para a sua própria excomunhão. Ele foi formalmente excomungado em 3 de janeiro de 1521, através da Bula Papal “Decet Romanum Pontificem”. Um concílio secular chamado “Dieta de Worns” foi convocado pelo imperador católico Carlos V, em abril de 1521, onde foi novamente perguntado a Lutero se ele iria se retratar ou manter a sua ideologia, contida em muitos de seus livros. Lutero se manteve firme. Um edito emitido pelo concílio, em maio de 1521, apontou Lutero como herege e fora da lei.
Algumas fontes bibliográficas para esta seção:
– “Martinho Lutero, sua Vida e suas Obras”, Hartmann Grisar, 6 volumes, 1930; Vol 4: págs. 388-389.
– “História da Igreja”, pe. John Laux, M.A., 1930, págs. 420-434.
– Concílio de Roma, do ano 382. A ORIGEM DA FALSA DOUTRINA DA SOLA SCRIPTURA
– Concílio de Hipona, do ano 393.
– Concílio de Cartago III, do ano 397.
– Concílio de Cartago IV, do ano 419.
* * *
Como Lutero se separara por si mesmo da autoridade da Igreja Católica, não pôde proclamar toda a beleza da Tradição da Igreja. A Tradição também era contrária à “sua” idéia de Sola Scriptura, de modo que ele precisou condenar a Tradição como “não-bíblica”, apesar de muitos versículos suportarem as Tradições, como este: “Assim, pois, irmãos, mantei-vos firmes e conservai as Tradições que aprendestes de nós, por VIVA VOZ ou por carta” (2Tessalonicenses 2,15).
Martinho Lutero foi um sacerdote católico que fundou o Protestantismo, convertendo-se assim no primeiro protestante. É interessante que ele escreveu em seu comentário sobre São João: “Somos obrigados a conceder aos Papistas que eles possuem a Palavra de Deus, que recebemos deles e que, sem eles, não teríamos conhecimento dela”.
Para alguém que humildemente reconhece que recebeu a “Palavra de Deus” da Igreja Católica, causa estranheza que tenha começado a “modificá-la” sem deter autoridade para isso.
Com efeito, Lutero, por sua própria autoridade, removeu sete livros de seu lugar correto no Antigo Testamento [Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1Macabeus e 2Macabeus] e os relegou a um Apêndice. Isto porque eles faziam referências que não concordavam com os “seus” ensinamentos, em especial 2Macabeus e a doutrina do Purgatório. Ele também queria remover os últimos quatro livros do Noto Testamento (Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse), chegando a retirá-los do lugar correto e colocá-los em um Apêndice adicional não enumerado.
Eis aqui uma citação feita por um estudioso luterano (Heinrich Bornkamm, em “Lutero e o Antigo Testamento”, trad. por Eric W. e Ruth C. Gritsch, editado por Victor I. Gruhn, Philadelphia: Fortress Press, 1969. pág 189):
“Ele não tornou o seu desgosto evidente através do seu arranjo para imprimir, embora tenha caracterizado os últimos quatro escritos do Novo Testamento (Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse) como inferiores ao não enumerá-los no Índice – da mesma forma que fizera com os apócrifos do Antigo Testamento – e ao separá-los dos escritos principais do Novo Testamento por um espaço bem claro[394]”.
Na nota de rodapé nº 394, aponta-se o seguinte: “394. Do Novo Testamento de setembro de 1522 até a última edição da Bíblia em 1546…”
O que sabemos então? Lutero incluiu os quatro livros – Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse – em seu Novo Testamento, porém apenas em um Apêndice não compaginado, claramente separados do restante do Novo Testamento. Sabemos que isto se deu desde a primeira impressão do Novo Testamento de Lutero até a sua morte, em 1546, quando a Bíblia foi reformatada pelos seus seguidores.
Tiago 2,24 deveria ter se constituído em um motivo de vergonha para a sua doutrina da Sola Fides (Somente a Fé), porque dizia: “Vês aí como o homem é justificado pelas obras e NÃO SOMENTE pela fé”. Tiago 2,26 também dizia: “A fé sem obras é morta”.
Lutero adicionou a palavra “somente” à sua tradução de Romanos 3,28 porque este versículo contradizia a sua doutrina da Sola Fides, passando-se a ler: “porque pensamos que o homem é justificado somente pela fé, sem as obras da lei” (v. Provérbios 30,6).
No decorrer de todas as Escrituras, somos ordenados a não acrescentar, nem retirar nada destas Sagradas Escrituras (eis alguns versículos que nos advertem para não fazermos isso: Deuteronômio 4,2; 11,32; 12,32 (13,1); Salmos 12,6-7; 33,4; 50,16-17; 107,10-11; 119,57; 139-140; Provérbios 5,7; 30,5-6; Jeremias 23,36; Gálatas 1,8-9; 1Pedro 1,24-25; 2Pedro 3,15-16 e, certamente, estamos todos bem familiarizados com o último parágrafo da Bíblia: Apocalipse 22,28-29: “Advirto a todo aquele que escuta as palavras proféticas deste livro: se alguém acrescentar algo a isto, Deus lançará sobre ele as pragas descritas neste livro; se alguém retirar algo às palavras deste livro profético, Deus retirará sua parte na Árvore da Vida e na Cidade Santa, descritas neste livro”).
Martinho Lutero removeu sete livros do Antigo Testamento. Removeu coisas da Palavra de Deus. Os livros inteiros que ele removeu de seu devido lugar nas Sagradas Escrituras e jogou em um Apêndice são: Baruc, Judite, Tobias, Sabedoria, Eclesiásticos e 1Macabeus e 2Macabeus. Mais tarde, estes livros foram totalmente removidos das Bíblias protestantes. Como já foi dito, ele fez o mesmo com quatro livros do Novo Testamento. Todos esses livros tinham estado em todas as Bíblias por mais de 1.100 anos. Quem tinha autoridade para removê-los? Martinho Lutero? Outra pessoa?
Martinho Lutero rejeitou toda a autoridade da Igreja e declarou que a Bíblia era a única autoridade. Em nenhuma parte das Escrituras está escrito que elas mesmas são “a única autoridade”, nem dizem que são “auto-suficientes”). Ele se afastou da Palavra de Deus (Isaías 22,20-22; Provérbios 11,14; 24,6; Mateus 18,17; Lucas 10,16; 2Coríntios 10,8; 1Timóteo 3,15, Hebreus 13,17).
Martinho Lutero acrescentou a palavra “somente” a Romanos 3,28. Ele fez acréscimo à Palavra de Deus!
Martinho Lutero condenou a Tradição como não-bíblica (já que não podia tê-la a seu favor), passando assim a negar alguns versículos [da Bíblia]. Ele fez supressões à Palavra de Deus!
Martinho Lutero declarou que as obras eram inúteis para a salvação. Ele fez uma supressão à Palavra de Deus (Tiago 2,24-26)!
Martinho Lutero redigiu uma série de panfletos, nos quais declarava que o sacerdócio e o ofício episcopal deveriam sumir. Ele fez uma supressão à Palavra de Deus, a qual claramente estabelece o ofício episcopal e o sacerdócio (Atos 6,5; 14,22; 20,28; Tito 1,5; Tiago 5,14).
Eis aí o que temos. Lutero foi culpável de todas as violações mencionadas. Ele foi o primeiro protestante e fundador do Protestantismo. Ele foi a mesma pessoa que declarou que a Bíblia “é a única regra de autoridade” e que era nisto que todos deveriam crer. Ele estava violando os seus próprios ensinamentos ao acrescentar e retirar coisas da Palavra de Deus. Ninguém pode negar que ele tenha feito isto porque encontra-se registrado nos livros de História e nos arquivos da Igreja. Sua ação foi herética e hipócrita e todo o Protestantismo herdou as obras deste único homem.
Martinho Lutero possuía muitas idéias contrárias aos ensinamentos católicos e bíblicos. Entre elas encontram-se estas:
– Rejeição de toda a autoridade do Papado e do Magistério.
– Sola Scriptura: apenas as Escrituras como única autoridade para as matérias religiosas.
– Sola Fide: a fé sem obras (as boas obras não influenciam na salvação).
– Justificação apenas pela fé.
– O homem não possui livre-arbítrio.
* * *
Os Protestantes têm se esforçado para demonstrar que a Sola Scriptura existia desde os tempos dos Padres da Igreja. Eles têm me apontado cinco referências, as quais abordarei a seguir.
Porém, antes de iniciar, preciso dizer que a falsa doutrina da Sola Scriptura une os seus fiéis à Bíblia e apenas à Bíblia. Se me é dito repetidamente que não se encontra na Bíblia, simplesmente para eles não ocorreu ou não pode ser crido. Me obriga a fazê-los observar que, segundo as suas próprias regras – [apenas a Bíblia] – os escritos dos Padres da Igreja que me apresentam não deveriam ser cridos [ou citados por eles] porque não os encontro na Bíblia. Mas se esse é o caso, por que que me apresentam [os escritos dos Padres da Igreja] em primeiro lugar? Não estariam eles mesmos quebrando as suas próprias regras ao fazerem isso? Não haveria aqui dois pesos para a mesma medida?
Alguns Protestantes preferem usar hoje o termo “suficiência da Bíblia” ao invés da já familiar “Sola Scriptura”. A razão por que fazem isso é porque a expressão “Sola Scriptura” não é nunca mencionada nas obras dos Padres da Igreja, mas “suficiência da Bíblia” sim. Isto nada mais é do que um truque para tentar demonstrar a legitimidade da Sola Scriptura desde os primeiros escritos da Igreja.
Mas examinemos, primeiro, a palavra “suficiente” em um dicionário: “ser ou ter tanto quanto se necessita. Uma quantidade adequada”. Isto significa apenas a Bíblia? NÃO! Vejamos o que a própria Bíblia diz: “Jesus realizou na presença dos discípulos muitos outros sinais, os quais não estão escritos neste livro. Estes foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu Nome” (João 20,30-31). “Ademais, muitas outras coisas fez Jesus. Se fossem escritas uma por uma, penso que NEM TODO O MUNDO SERIA SUFICIENTE PARA CONTER OS LIVROS QUE SE ESCREVERIAM” (João 21,25).
Obviamente, as Sagradas Escrituras dizem claramente: NEM TUDO ESTÁ nas Sagradas Escrituras.
Seguem agora os cinco exemplos que costumam a me apresentar. Minhas respostas seguem a cada uma delas, em azul:
1. “Que mais posso vos ensinar além do que lemos nos Apóstolos? Porque as Escrituras acertam a regra da nossa doutrina, não pretendemos ser mais sábios do que devemos (…) Portanto, não vos ensinarei nada a não ser para vos expor as palavras do Mestre” (Agostinho de Hipona; Da Superioridade da Viuvez 2).
– Este exemplo não diz respeito à “suficiência das Escrituras” em nada, mas sim à “autoridade das Escrituras”. Onde se encontam as palavras “somente a Bíblia”? Os Apóstolos ensinaram a guardar as Tradições também, como já expus. Também as “palavras do Mestre” mandam guardar as Tradições (v. João 15,20: “recordem a Palavra que vos falou”). Onde se encontra então a referência à Sola Scriptura?
2. “Que não digamos: ‘eu te digo isto; tu dizes aquilo’, mas ‘isto disse o Senhor’. Seguramente, são os livros do Senhor, cuja autoridade nós concordamos e cremos. Busquemos a Igreja, discutamos nossas questões. (…) Não estejamos de acordo com os bispos católicos se por eventualidade estiverem errados em alguma coisa, cujo resultado de suas opiniões vá em contrário às Escrituras canônicas de Deus” (Agostinho de Hipona; Da Unidade da Igreja 3).
– Não enxergo nada nesta citação que sequer remotamente possa se referir à Sola Scriptura. Novamente o caso aqui se refere à “autoridade das Escrituras”. A terceira frase manda levar as questões (diferenças de opiniões) à Igreja. Esta frase indica que a Igreja possui a autoridade final, não é mesmo (v. Mateus 18,15-18)? Quanto à última frase, tudo o que ela diz é que não estejamos de acordo com um bispo que se encontra no erro; mas onde se encontra afinal a referência à Sola Scriptura?
3. “Se alguém prega quanto a Cristo, ou quanto à Sua Igreja, ou quanto a qualquer outra matéria que pertence à nossa fé e vida, não direi o que nós, mas o que Paulo acrescenta: ‘Porém, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie um Evangelho diferente do que recebemos nas Escrituras da Lei e dos Evangelhos, seja anátema"” (Agostinho de Hipona; “Contra as Cartas de Petiliana 3,6).
– Aqui temos apenas uma repetição de Gálatas 1,8-9, que nos adverte contra os ensinamentos de um outro evangelho. Os Mórmons deveriam prestar atenção a isto, mas não se aplica aos Católicos. Aplica-se também aos Protestantes, que negam o valor das Tradições; isto é ensinamento de outro Evangelho. Onde se encontra aqui a referência à Sola Scriptura? As referências dos Protestantes às obras de Santo Agostinho, para suportar a Sola Scriptura, são tão pouco convincentes que praticamente são tidas por inexistentes.
Como os Protestantes gostam de fazer tanta referência a Santo Agostinho, apresento aqui mais algumas referências para eles:
– “Eu não creria no Evangelho se não fosse movido pela AUTORIDADE da IGREJA CATÓLICA” (Contra a Carta de Mani 5,6; 397 d.C.).
– “Porém, no que se refere àquelas observâncias às quais cuidadosamente atendemos e que todo o mundo guarda, as quais derivam não das Escrituras MAS DA TRADIÇÃO, nos é dado a entender que elas são recomendadas e ordenadas para serem observadas, seja pelos próprios Apóstolos, seja pelos CONCÍLIOS PLENÁRIOS, CUJA AUTORIDADE É BASTANTE VITAL PARA A IGREJA” (Carta a Januário 54,1,1; 400 d.C.).
– “Eu creio que esta prática provém da Tradição Apostólica, igualmente como muitas outras práticas NÃO ENCONTRADAS EM SEUS ESCRITOS, nem nos Concílios de seus sucessores. Porém, como são guardadas por toda a Igreja em todos os lugares, crê-se que foram confiadas e transmitidas pelos próprios Apóstolos” (Do Batismo 1,12,20; 400 d.C.).
– “O que eles encontraram na Igreja, eles guardaram. O que aprenderam, eles ensinararm. O que eles receberam dos Padres, eles transmitiram aos seus filhos”(Contra Juliano 2,10,33; 421 d.C.).
– “Visto que, com o favor de Cristo, nós somos cristãos católicos” (Carta a Vitálio 217,5,16; 427 d.C.)
– “Com a mesma palavra, com o mesmo sacramento nasceste; porém, não chegarás à mesma herança da vida eterna, exceto se retornares à IGREJA CATÓLICA” (Sermão 3; 391 d.C.).
– “Esta Igreja é sagrada, a única Igreja, a verdadeira Igreja – a Igreja Católica – que luta contra todas as heresias. Ela pode lutar, porém não pode ser vencida. Todas as heresias são eliminadas dela, como inúteis podas da parreira. Ela permanece firme em sua raiz, em sua parreira, em seu amor. As portas do inferno NÃO a conquistarão” (Sermão aos Catecúmenos sobre o Credo 6,14; 395 d.C.).
Por todos os exemplos de Santo Agostinho (354-430) que apresentei aqui, se eu fosse Protestante e estivesse determinado a pertencer como tal, teria cuidade de não mencioná-lo novamente. Há referências a muitas outras citações de muitos Padres da Igreja na próxima seção.
4. “Porque, na verdade, as Sagradas Escrituras, sopro de Deus, são auto-suficientes para o ensinamento da verdade” (Atanásio de Alexandria; Contra as Opiniões da Gente acerca da Encarnação do Verbo).
– Se os Protestantes entendem isto como Sola Scriptura, então deveriam alterar o nome para “Sola alguma Scriptura”, porque ele rejeitaram sete livros do Antigo Testamento e os versículos que falam em guardar as Tradições. Mais uma vez, esta citação se refere à autoridade das Escrituras e não a “apenas as Escrituras”. Os Católicos nunca duvidaram da autoridade das Escrituras, mas os Protestantes reclamam que é “a única” autoridade.
5. “…as Sagradas Escrituras são, de todas as coisas, o que há de mais suficiente para nós” (Atanásio de Alexandria; Aos Bispos do Egito 4).
– Esta foi a única linha que me apontaram de um escrito bem longo. A seguir encontra-se toda a parte 4 desse escrito e a linha que me foi enviada encontra-se destacada ao final:
“Atanásio (…) Aos Bispos do Egito:
4. [Não se ganha nada por receber uma parte das Escrituras e rejeitar outra parte] De onde recebem Marcião e os Maniqueus o Evangelho enquanto rejeitam a Lei? Porque o Novo Testamento surgiu do Antigo e o confirma. Se eles rejeitam isto, como podem receber aquilo que procede dele? Com efeito, Paulo foi um Apóstolo do Evangelho, ‘o qual Deus prometeu antes por seus profetas nas Sagradas Escrituras’; e mesmo Nosso Senhor disse: ‘Busca antes as Escrituras porque são elas que dão testemunho de Mim’. Como podem eles confessar ao Senhor a menos que primeiro busquem as Escrituras, as quais escrevem a respeito Dele? E os discípulos dizem que o encontraram, ‘acerca de quem Moisés e os Profetas escreveram’. E o que é a Lei para os Saduceus se eles não aceitavam os Profetas? Porque Deus, que deu a Lei, Ele mesmo prometeu na Lei que levantaria Profetas também; logo, Ele é o Senhor da Lei e dos Profetas; quem nega a um, deve negar o outro também. Novamente: com o Antigo Testamento dos Judeus, não deveriam eles ao menos reconhecer o Senhor, cuja vinda foi aguardada de acordo [com o Antigo Testamento]? Se eles tivessem acreditado nos escritos de Moisés, teriam acreditado nas palavras do Senhor, porque Ele disse: ‘Ele (Moisés) escreveu a meu respeito’. E ainda mais: o que são as Escrituras para o [Paulo] de Samósata, que nega a Palavra de Deus e Sua presença encarnada, a qual é significativamente declarada em ambos, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento? E para que usam as Escrituras os Arianos? Ora, eles a traem logo depois, pois são homens que afirmam que o Verbo de Deus é uma criatura e, como os gentios, ‘servem mais à criatura que ao Deus Criador’! Assim, cada uma destas heresias, com relação à peculiar impiedade da sua invenção, não tem nada em comum com as Escrituras. E seus defensores têm conhecimento disto: que as Escrituras são muito – ou totalmente – opostas às doutrinas de cada um deles; porém, pelo afã de enganar os mais simples (tais como aqueles a quem os Provérbios se referem: ‘o simples crê em cada palavra’), eles pretendem – como o seu ‘pai, o demônio’ – estudar e citar a linguagem das Escrituras, para que possam parecer, por suas palavras, que possuem a crença correta e possam assim persuadir os seus miseráveis seguidores a crerem de forma contrária às Escrituras. Seguro em cada uma destas heresias, o demônio tem se disfarçado para sugerir a eles palavras cheias de astúcia. O Senhor falou a respeito deles, que ‘se levantariam falsos Cristos e falsos profetas, para enganar a muitos’. De acordo com isso, o demônio veio, declarando por cada um deles: ‘Eu sou o Cristo e a verdade está comigo’ e os têm tornado mentirosos como ele mesmo. Com efeito, ainda que todas as heresias se diferenciem umas das outras acerca das invenções mal intencionadas com as quais se identificam, estão unidas pelo propósito único de mentir, porque eles possuem a um e mesmo pai que semeou neles as sementes da falsidade. Os Cristãos fiéis e verdadeiros discípulos do Evangelho, tendo a graça de discernir as coisas espirituais e tendo edificado a casa de sua fé sobre a pedra, se levantam firmes e seguros continuamente contra os seus enganos. Porém, a pessoa simples, como já disse antes, que não é totalmente consciente em conhecimento, considerando apenas as palavras que lhe são faladas e não percebendo o seu significado, é imediatamente levada por seu falatório. É bom e necessário para nós orarmos para que possamos receber o dom do discernimento, para que cada um possa saber, conforme o preceito de João, a quem deve rejeitar e a quem deve receber como amigos da mesma fé. Alguém poderia escrever muito acerca destas coisas, se desejasse entrar em detalhes nesta matéria, já que a impiedade e a perseverança das heresias aparecerão em grande número e de maneiras variadas, de modo que o trabalho dos enganadores será terrível. ***Porém, como as Sagradas Escrituras são, de todas as coisas, o que há de mais suficiente para nós,*** então recomendo àqueles que desejam conhecer mais sobre essas matérias que leiam a Palavra Divina, me apressando a apresentaragora para vocês o que mais reclama atenção e pelo bem do quê escrevi estas coisas”.
– Esta citação que me foi passada, quando é tomada em seu inteiro teor, que é que diz em sua primeira frase e qual é o tema que aborda? NÃO SE GANHA NADA AO SE RECEBER APENAS UMA PARTE DAS ESCRITURAS E REJEITAR A OUTRA PARTE. Já analisamos as partes rejeitadas pelos Protestantes, de modo que pergunto: quem pode se aproveitar deste parágrafo? Onde afirma que “as Sagradas Escrituras APENAS são, de todas as coisas”, suficientes para nós? Novamente está se referindo à autoridade das Escrituras e não à Sola Scriptura.
Os Protestantes gostam de citar Santo Atanásio repetidamente para provar que a Sola Scriptura existia no seu tempo, porém, uma vez mais, “provaram” que este Padre da Igreja nunca escreveu nada para promover a Sola Scriptura. Contudo, ele escreveu algumas palavras interessantes, que vão bem em sentido contrário:
– “É coisa muito útil investigar a antiga TRADIÇÃO, a doutrina e a fé da IGREJA CATÓLICA, AQUELA QUE O SENHOR NOS ENSINOU, a qual os Apóstolos pregaram e os Padres conservaram. Nela, com efeito, está o fundamento da Igreja. Se alguém se afasta dessa doutrina, de maneira nenhuma poderá sequer ser chamado de cristão” (1ª Carta a Serapião de Thmuis 1,28).
* * *
Marquei o meu ponto; preciso dizer algo mais? Como já disse anteriormente, ao tratar de outro Padre da Igreja, se eu fosse Protestante, seria bem mais cuidadoso ao citar Santo Atanásio (296-373) também. Eis mais algumas citações de outros Padres da Igreja, já que os Protestantes também gostam de citá-los:
* Santo Inácio de Antioquia (+110) é um Padre da Igreja dos tempos apostólicos, o que significa dizer que conheceu alguns dos Apóstolos:
– “Onde quer que esteja o bispo, acuda ali o povo, assim como onde quer que esteja o Cristo, ali está a Igreja católica (katholiké)” (Carta aos Esmirnenses 8,1).
– “De igual maneira façam que todos respeitem aos Diáconos como respeitariam a Jesus Cristo, e respeitem o Bispo como a um pai e os Presbíteros como o Conselho de Deus e o Colégio dos Apóstolos. Sem isto, não é possível se chamar Igreja” (Carta aos Tralianos 3,1).
* São Clemente de Roma é outro Padre da Igreja dos tempos apostólicos. Ele disse:
– “Em razão das inesperadas e sucessivas calamidades que se abateram sobre nós (…) demoramos um pouco em prestar atenção ao assunto discutido entre vós, essa sedição estranha e imprópria aos eleitos de Deus, detestável e sacrílega, que alguns sujeitos audazes e arrogantes levaram a tal ponto de insensatez, que o vosso nome honorável e celebradíssimo, digno do amor de todos os homens, se tornou objeto de grave ultraje (…) Aprendei a vos submeter, depondo a arrogância jactanciosa e altaneira da vossa língua, pois mais vos vale encontrar-se pequenos, mas eleitos e dentro do rebanho do Senhor” (Carta aos Coríntios; datada dos anos 80 d.C.).
* São João Crisóstomo (354-407):
– “‘Mantei-vos, pois, irmãos, firmes e guardai os ensinamentos que recebestes, quer por palavra [oral], quer por carta nossa’: com isto, resta claro que eles [os Apóstolos] não entregaram tudo por carta, mas que havia muito mais do que foi escrito. Assim como o que foi escrito, também o que não foi escrito pode ser crido. Com efeito, devemos olhar para a Tradição da Igreja como merecedora de fé. É uma Tradição? Não procurem algo mais” (Homilias sobre 2Tessalonicenses 4,2).
* * *
As referências a seguir, retiradas dos escritos dos Padres da Igreja, refutam cada uma das heresias de Martinho Lutero, como tenho demonstrado neste artigo:
* Autoridade:
– Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios 5,3 – J38a,b,43,44,47,48,49,58a.
– Inácio de Antioquia, Carta aos Esmirnenses 8,1 – J65.
– Tertuliano de Cartago, Contra Marcião 4,5,1 – J341.
– Agostinho de Hipona, Contra a Carta de Mani 5,6 – J1581.
– Agostinho de Hipona, Contra Fausto 33,6s – J1607, *J1631.
* Cânon do Novo Testamento:
– Atanásio de Alexandria, Carta nº 39 – J791.
– Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica 3,25,1 – J656.
* Cânon do Antigo Testamento:
– Dâmaso de Roma, Decreto de Dâmaso 2 – J910t.
– Atamásio de Alexandria, Carta nº 39 – J791.
– Jerônimo, Prólogo Galeático – J1397.
* Cânons do Antigo e do Novo Testamento:
– Dâmaso de Roma, Decreto de Dâmaso 2 – J910t.
– Rufino de Aquiléia, O Credo dos Apóstolos 35-37 – J1344.
– Agostinho de Hipona, Da Instrução Cristã 2,8,13 – J1585.
– Inocêncio I de Roma, Carta a Exupério 6,7,13 – J2015b.
* Livre Arbítrio:
– Justino Mártir, 1ª Apologia 43 – J123.
– Teófilo de Antioquia, A Autólico 2,27 – J184.
– Atanásio de Alexandria, Discurso contr aos Arianos 3,6 – J775.
– Gregório de Nissa, Grande Catecismo 31 – J1034.
– João Crisóstomo, Sobre Hebreus 12,3,5 – J1219.
– Ambrósio de Milão, Comentário sobre Lucas 10,60 – J1309.
– Jerônimo, Contra Joviniano 2,3s – J1380, J1404, J1405.
– Pelágio, Livre Arbítrio: Graça de Cristo 4,5 – J1413.
– Juliano de Eclano, A Floro 5,41 – J1416.
– Agostinho de Hipona, Carta a Valentino 215,4 – J1455, J1495, J1560.
– Agostinho de Hipona, Questões a Simpliciano 1,2,12 – J1572-1573.
– Agostinho de Hipona, O Espírito e a Carta 3,5s – J1729, J1735, J1742.
– Agostinho de Hipona, Homilias sobre João 26,2s – J1821, J1926, J1942.
– Agostinho de Hipona, A Graça e o Pecado Original 1,25,26 – J1854.
– Agostinho de Hipona, Admonição e Graça 11,32 – J1955, J1972
– Próspero de Aquitaine, A Graça de Deus 18,3 – J2038.
– Cirilo de Alexandria, Comentário sobre João 13,18 – J2113.
– João Damasceno, Fonte de Conhecimento 3,3,20 – J2367.
* Infalibilidade da Igreja:
– Ireneu de Lião, Contra as Herersias 3,4,1 – J213.
– Tertuliano de Cartago, Contra os Hereges 28,1 – J295.
– Agostinho de Hipona, Contra a Carta de Mani 5,6 – J1581.
– Pedro Crisólogo, Carta a Êutiques 25,2 – J2178.
* Tradição:
– Polícrates, Carta a Vítor de Roma 5,24,1 – J190a.
– Ireneu de Lião, Contra as Heresias 2,91,1 – J192,198,209.
– Ireneu de Lião, Contra as Heresias 3,3,2 – J210-213,226,242,257.
– Ireneu de Lião, Contra as Heresias 5,20,4 – J264.
– Tertuliano de Cartago, Contra os Hereges 19,3 – J291-296,298.
– Tertuliano de Cartago, Do Véu das Virgens 2,1 – J328a,329.
– Tertuliano de Cartago, Contra Marcião, 4,5,1s – J341,371.
– Hipólito de Roma, Contra a Heresia de Noeto 17 – J394.
– Orígenes de Alexandira, Doutrinas Fundamentais 1,Prefácio,2,4 – J443,445,785.
– Atanásio de Alexandria. Carta a Serapião 1,28 – J782.
– Foebad de Agen, Contra os Arianos 22 – J898.
– Basílio de Cesaréia, Transcrição da Fé 125,3 – J917.
– Basílio de Cesaréia, Do Espírito Santo 27,66 – J954.
– Basílio de Cesaréia, Da Fé 1 – J972.
– Gregório de Nissa, Contra Eunômio – J1043.
– Epifânio de Salamina, Contra Todas as Heresias 61,6; 73,34 – J1098,1107.
– João Crisóstomo, Sobre Romanos 1,3 – J1181.
– João Crisóstomo, Sobre 2Tessalonicenses 4,2 – J1213.
– Jerônimo, Diálogo entre Luciferianos e Cristãos 8 – J1358.
– Agostinho de Hipona, Carta a Januário 54,1,1.3 – J1419,1419a.
– Agostinho de Hipona, Contra a Carta de Mani 5,6 – J1581.
– Agostinho de Hipona, Do Batismo 2,7,12; 4,24,31 – J1623,1631.
– Agostinho de Hipona, Da Interpretação Literal do Gênesis 10,23,39 – J1705.
– Agostinho de Hipona, A Cidade Deus 16,2,1 – J1765.
– Agostinho de Hipona, Contra Juliano 1,7,30; 2,10,33 – J1898-1900.
– Inocênio I de Roma, Carta ao Concílio de Cartago 29,1 – J2015f.
– Teodoreto de Ciro, Carta a Florêncio 89 – J2142.
– Vicente de Lérins, Comonitorium 2,1; 9,14 – J2168,2169.
– Vicente de Lérius, Comonitorium 20,25; 22,27 – J2172-2175.
– Gregório I de Roma, Homilia sobre Ezequiel 2,4,12 – J2329.
– João Damasceno, Homilia 10,18 – J2390.
* Necessidade das Boas Obras:
– Ambrósio de Milão, Carta a Constâncio 2,16 – J1247.
– Agostinho de Hipona, Questões a Simpliciano 1,2,2.6 – J1569-1570.
* * *
Algumas notas finais acerca da Sola Scriptura e do inventor e fundador do Protestantismo…
Martinho Lutero chegou a perceber o dano que a Sola Scriptura e a “interpretação particular” da Bíblia estavam causando à sua “Reforma” e fez os seguintes comentários:
– “Este não escuta sobre o Batismo, aquele nega o sacramento e aquele outro coloca um mundo entre este e o último dia; alguns ensinam que Cristo não é Deus, alguns dizem isto e alguns dizem aquilo; há tantas seitas e credos quanto o número de cabeças. Nada é tão rude quanto aquele que tem sonhos e fantasias, e pensa por si mesmo que foi inspirado pelo Espírito Santo, devendo ser um profeta” (De Wette 3,61; citado em O’Hare, “Os Fatos sobre Lutero”, p. 208).
– “Nobres, homens das cidades: os camponeses e todas as classes [dizem] entender o Evangelho melhor do que eu ou que São Paulo. [Dizem que] são sábios agora e se crêem mais doutos do que todos os ministros” (Walch 14,1360; citado O’Hare, Ibid, p. 209.)
– “Reconhecemos – como devemos – que muito do que eles (=os católicos) dizem é verdade: que o papado possui a Palavra de Deus e o ofício dos Apóstolos, e que recebemos as Sagradas Escrituras, o Batismo, o Sacramento e o púlpito deles. O que saberíamos nós acerca disso se não fosse por eles?” (Sermão sobre o Evangelho de São João, capítulos 14 a 16, pregado em 1537; “Obras de Lutero”, vol. 24, Sn. Louis, Mo.:Concórdia, 1961, p. 304).
Tudo isto e muito mais foi dito pelo fundador da Sola Scriptura pouco tempo depois de ver o dano que causara e que continuava causando. Nessa época, Zwínglio corria para um lado, Muntzer para um outro e Calvino para um outro ainda – todos eles dispersando as ovelhas e carregando [uma parte do] rebanho. Lutero começara algo e não conseguiu mais parar.
“Uma vez que abres a porta ao erro, não podeis mais fechá-la”. Quanta verdade nesta expressão! Lutero deu o primeiro exemplo!
* * *
Mais algumas declarações interessantes feitas por Martinho Lutero:
Sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria:
“O principal é que ela chegou a ser a Mãe de Deus, processo no qual se lhe concederam tantos e tão grandes dons que ninguém é capaz de compreender. Consequentemente, segue toda honra, toda bênção e o fato de que sobre toda a raça humana apenas uma pessoa encontra-se por cima de todas as demais, alguém que não é igual a ninguém mais. Por essa razão, sua dignidade encontra-se completa em uma só frase, quando a chamamos de ‘Mãe de Deus’. Ninguém pode dizer algo maior acerca dela ou a ela, inclusive se tivesse tantas línguas quanto as folhas e fibras do pasto, as estrelas do céu e a areia das praias. Deve-se ainda meditar no coração o que significa ser a Mãe de Deus” (Die Erklarung des Magnificat; 1521).
O primeiro Protestante amava e honrava a Bem-Aventurada Virgem Maria, a Mãe de Deus. Porque o Protestantismo não seguiu o seu exemplo em honrá-la? Frutos da Sola Scriptura…
“Quando vier Ele, o Espírito da Verdade, os guiará até a verdade plena; pois não falará por si mesmo, mas falará do que ouviu e anunciará a eles o que há de vir”(João 16,13).
A maioria das seitas protestantes afirma que o Espírito Santo está “ensinando-lhes” a verdade. No entanto, só pode existir uma única verdade.
Desde a vinda da Sola Scriptura e da interpretação individual da Bíblia, como poderia o Espírito Santo se encontrar em milhares de seitas, ensinando a cada uma delas pontos de vista opostos? Deve-se observar que todas as denominações ensinam com a mesma Bíblia; portanto, por que possuem diferenças em suas doutrinas?
1. Como pode o Espírito Santo dizer aos Luteranos que na Eucaristia Cristo está realmente presente se depois diz aos Batistas que é apenas um símbolo?
2. Como pode o Espírito Santo dizer aos Metodistas que se deve ordenar mulheres se depois diz aos mesmos Batistas que isto não é bíblico?
3. Como pode o Espírito Santo dizer aos Adventistas do Sétimo Dia que o sábado é o dia de se prestar culto se depois diz aos Presbiterianos que o culto deve se dar no domingo e não no sábado?
4. Como pode o Espírito Santo dizer aos Luteranos que a Santíssima Virgem Maria foi e permaneceu sempre virgem se depois diz aos Batistas que ela teve outros filhos?
5. Como pode o Espírito Santo dizer aos Batistas: “uma vez salvo, sempre salvo!” e depois dizer à Igreja de Cristo (denominação protestante) que a Sola Fides é antibíblica?
6. Como pode o Espírito Santo dizer aos Episcopais para batizar as crianças e depois dizer aos Pentecostais que o batismo infantil é ínválido?
7. Como pode o Espírito Santo dizer aos Mórmons que a Santíssima Trindade são três pessoas separadas (três deuses) e depois dizer aos Metodistas que são três Pessoas e um só Deus?
Poderia continuar aqui por muito tempo apontando as diferenças entre as seitas protestantes, porém, creio que você já teve uma idéia. Requer-se um pouco de bom senso para perceber que o Espírito Santo não poderia estar falando uma coisa a uma e outras coisas opostas às outras seitas protestantes. Porém, já me foi dito que o bom senso não é tão comum hoje. É fácil enxergar que os “frutos da Sola Scriptura” não são de Deus, pois não há “um rebanho e um pastor” no Protestantismo. As doutrinas opostas nestas denominações são claríssimas, todas elas causadas pela falsa doutrina da Sola Scriptura e suas interpretações particulares das Sagradas Escrituras, que a acompanha. Mas qual de todas essas seitas ensinaria TODA a verdade, como prometeu Jesus Cristo em João 16,13?
“Nós somos testemunhas destas coisas e também o Espírito Santo, que tem dado a Deus a todos que o obedecem” (Atos 5,32).
Quem, pois, obedece a vontade de DEUS? Os que dizem que a Sagrada Eucaristia contém a “presença real” de Jesus Cristo encarnado, como os luteranos, ou os que dizem que é “apenas um símbolo”, como os batistas? Aqueles que prestam culto no sábado, ou que prestam culto no domingo? Os que batizam as crianças, ou os que dizem que isto não deve ser feito?
DESAFIO A QUALQUER PROTESTANTE que me apresente uma prova legítima escrita, um documento histórico genuíno, que aponte a falsa doutrina da Sola Scriptura e que seja verdade o que se encontra nesse escrito.
DESAFIO A QUALQUER UM que me explique como a Sola Scriptura pôde ter existido antes da invenção da imprensa. Antes disso (1450), um monge demorava cerca de 20 anos para copiar à mão uma Bíblia. O custo de cada uma delas era proibitivo e cerca de 95% da população era analfabeta e não tinha como ler a Bíblia. Então, aponte-me como seria possível a Sola Scriptura! A resposta certamente é esta: era impossível! Portanto, a Sola Scriptura não existiu e não se encontra nas Escrituras. Como demonstrei, a origem da Sola Scriptura ocorreu durante a Reforma; com efeito, se classifica como uma tradição humana e sujeita à condenação pelo próprio Jesus Cristo, como lemos em Marcos 7,8.
* * *O último prego foi fixado. Está consumado… (João 19,30).
Traduzido para o Veritatis Splendor por Carlos Martins Nabeto.
fonte https://www.veritatis.com.br/a-origem-da-falsa-doutrina-da-sola-scriptura/