Qual o verdadeiro sentido do Ecumenismo?


Se Deus é um só, e a verdade tambem é uma só, é possivel que várias religiões salve? É possivel viver de boa com outro irmão que está em outra religião, sabendo eu que aquele irmão corre risco de não se salvar sem a confissão e sem a eucaristia que só existe na Igreja Católica? Existe um verdadeiro ecumenismo?

A PALAVRA "ECUMENISMO" sempre foi usada pela Igreja Católica com o sentido de uma reunião do conjunto dos bispos. Assim, um Concílio que reúna os bispos católicos do mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo que seja uma reunião só de católicos.

Foi somente no final do século passado que a palavra "ecumenismo" passou a ser utilizada para definir um movimento surgido nos meios protestantes, buscando a reunião de todas as comunidades protestantes.

A Igreja Católica, há muito, deseja a unidade cristã, crendo que promover a reintegração de todos os cristãos na Unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é de fato a Vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja expressou essa vontade através do Concílio Vaticano II, no Decreto Unitatis Redintegratio (Roma, 1964), do qual consta o seguinte trecho:

"Todo aquele que crê em Cristo, mesmo que não pertença à Igreja Católica, encontra-se em algum tipo de Comunhão com a verdadeira Igreja. Não existe ecumenismo verdadeiro sem uma conversão interior, e a Igreja Católica é a plena depositária da Palavra e das graças divinas. As demais igrejas devem dela aproximar-se na Comunhão da graça."

 

 

Assim, embora a Igreja Católica tenha sido a única fundada por Cristo, e essa Igreja de Cristo tenha que ser Una ("Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir", cf. Mc 3,24), é fato que existem hoje diversas denominações ditas cristãs, que professam a fé em Jesus Cristo como Deus, Senhor e Salvador, e a Igreja Católica busca, como sempre buscou, acolher e re-unir a todos. Ecumenismo é aproximação, cooperação, busca fraterna da superação das divisões entre católicos, ortodoxos e protestantes históricos (evidentemente, aqui dificilmente se incluem as seitas estapafúrdias que, embora pretendam professar a fé em Cristo, claramente renegam as bases mais elementares de sua doutrina). E a questão que fica, o problema a ser solucionado, sem dúvida é: como superar as (muitas vezes grandes e importantes) divisões?

O Concílio Vaticano II deseja que as iniciativas dos filhos da Igreja Católica progridam em conjunto com as iniciativas dos nossos irmãos separados. Todos nós somos chamados a viver a proposta do ecumenismo: todos juntos, ao menos nesse sentido um só povo, no Amor de Cristo. O Ecumenismo é um convite ao diálogo entre as Igrejas Cristãs, e a uma evangelização renovada.

As divisões contrariam a vontade de Cristo e sem nenhuma dúvida dificultam a cumprir o Mandamento pregação do Senhor, de levar o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15). Eis aí apenas um dos motivos pelos quais a unidade cristã se faz urgente. Todavia, as dificuldades já começam acerca da própria palavra ecumenismo, gera confusão acerca do seu real significado. Eis o motivo pelo qual, muitas vezes, talvez seja preferível e certamente mais apropriado falar em "unidade cristã", do que falar em ecumenismo.

 

 

Ocorre que, popularmente (e equivocadamente) convencionou-se entender a palavra ecumenismo com o sentido de uma espécie de religião universal, global. Dá-se a entender que não importa em que se crê, desde que haja respeito mútuo. O ecumenismo religioso seria a reunião de todas as religiões, seitas e crenças, cristãs ou não. É por esse motivo que, embora o verdadeiro significado da palavra não seja este, convém evitar a confusão, optando pelo termo unidade cristã.

O outro aspecto importante a ser observado é que a Santa Igreja Católica, como vimos, sempre orientou à superação das divisões para a União em Cristo, nela mesma, a Santa Igreja diretamente instituída pelo Senhor e preservada na Tradição dos Apóstolos, e não haveria como ser diferente. Enquanto católicos, dizemos um sonoro e claro "não" à confusa ideia de união entre todas as crenças, à criação de uma nova religião supostamente universal, de uma "nova era" e uma nova "religião universal", mais parecida com uma seita holística. E nesse sentido estamos, ironicamente, bem próximos do pensamento dos líderes de outras grandes religiões, como por exemplo o Dalai Lama, autoridade máxima do budismo mundial, que em sua quarta visita ao Brasil (veja aqui) se declarou chocado por ver como tantos ocidentais se declaravam budistas apenas por "moda" (palavras dele), por considerarem uma religião exótica, de belos e misteriosos rituais, o que supostamente conferiria um "charme" diferenciado aos seus praticantes.

 

 

A Igreja Católica é, como diz o seu nome, universal, e desde sempre una, pois os cristãos desde a origem aderiram a uma só fé, num só SENHOR, um só batismo e uma só doutrina, para integrar um só Corpo, – o de Nosso Salvador Jesus, o Cristo. Em sentido absoluto e próprio, torna-se inegável que é a única Igreja realmente ecumênica, no sentido puro da palavra, pois permanece aberta a todos os homens e mulheres, de qualquer idade, de todos os povos, de todas as culturas e línguas, de todos os tempos, presente em todos os continentes, entre todas as nações. É a única Igreja autêntica, por sua origem Divina; por tudo isso é que nós, católicos, jamais devemos temer "ofender" alguém ao proclamar estas simples verdades. Entre manter (forçadas) boas relações sociais com todos e confessar a Verdade, todo cristão precisa saber fazer, sem medo, a segunda opção.

 

 

Além de tudo, lamentavelmente, existe a necessidade urgente de se superarem as divisões dentro da própria Igreja Católica, e este talvez seja o maior dos desafios: A falta de união entre católicos parece ser o fator que mais enfraquece a Igreja e fomenta a apostasia em nossos tempos. A esse propósito, declara o Secretário da Conferência Episcopal Espanhola, Pe. Juan Antonio Martinez Camiño:

"A comunhão na Igreja tem hoje dois desafios: viver um ecumenismo intra-católico e uma comunhão nos seus conteúdos. Necessitamos de um ecumenismo intra-católico e uma aceitação cordial de todos naquilo que é fundamental à nossa fé, pois é nossa União a Deus em Cristo, por meio do seu Espírito, que nos anima e põe a todos e a cada um, segundo nosso estado, em pé de evangelização. Necessitamos realmente da comunhão na caridade entre os distintos grupos eclesiais. Sem esse testemunho de Unidade é difícil a evangelização e o testemunho cristão. O segundo nível da comunhão de que necessita a Igreja é a comunhão nos conteúdos, na Mensagem, na Doutrina. Esta comunhão é fundamental, e continuará avançando na medida em que avancemos na comunhão da caridade. São coisas distintas, mas vão absolutamente unidas."

Não se pode negar que disse muito bem o Revmo. Padre Camiño. Rezemos por essas intenções e esforcemo-nos em fazer muito bem a nossa parte, cada um de nós.

 

 

O Ecumenismo é algo inspirado pelo Espírito Santo em nosso século, quando se verifica que as separações não têm mais as razões de ser que as suscitaram na época da respectiva cisão. Em nossos dias há quase total identidade de Credo entre católicos e cristãos orientais. Com o protestantismo o diálogo é mais difícil, dado o esfacelamento do bloco protestante, onde as denominações genuinamente cristão, reduzindo o Cristianismo a uma escola de bons costumes inspirados pela Bíblia sem referência explícita aos sacramentos. Além das diferenças doutrinárias (ora mais, ora menos apagadas), nota-se que uma das dificuldades para o bom entendimento entre cristãos provém de questões de ordem histórica (as Cruzadas, por exemplo, no Oriente …), cultural, nacionalista …; quanto menos cultura há em alguma porção da população, tanto mais apego parece haver a costumes locais, de importância secundária, mas altamente apreciados pela gente simples. 

No nível teológico-doutrinário, as conversações entre católicos e cristãos não católicos estão adiantadas e são bem sucedidas; a Igreja Católica tem-se esforçado ao máximo para fomentar a
aproximação e derrubar preconceitos. O fato, porém, de que a Comunhão Anglicana resolveu conferir a ordenação sacerdotal e a episcopal a mulheres esfriou um tanto o relacionamento entre anglicanos, de um lado, e católicos e orientais, de outro lado; o Oriente é profundamente conservador e fiel às suas tradições.

No plano popular, o Ecumenismo tem sido muito menos feliz, a ponto de não ser recomendado entre fiéis despreparados, pois os novos movimentos religiosos oriundos do protestantismo querem aproveitar-se dos encontros com os católicos para exercer proselitismo.

Como quer que seja, O Ecumenismo merece ser fomentado entre pessoas dispostas, conhecedoras, com segurança, das verdades da fé, capazes de evitar tanto a polêmica quanto o falso irenismo (ou concessões doutrinárias destinadas a insinuar que não existem diferenças de Credo). A Igreja Católica propõe suas normas a respeito tanto no decreto Unitatis Redintegratio do Concílio do Vaticano II quanto em documentos provenientes da Santa Sé e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

 

 

Fonte: https://cleofas.com.br/qual-sua-opiniao-sobre-ecumenismo-eb/

 

Veja mais:

 

Papa Francisco explica o verdadeiro sentido do ecumenismo

https://cleofas.com.br/papa-francisco-explica-o-verdadeiro-sentido-do-ecumenismo/

Ecumenismo e Inculturação

https://cleofas.com.br/ecumenismo-e-inculturacao/

 

 

O verdadeiro ecumenismo: urgências e desafios numa via de mão dupla

https://www.ofielcatolico.com.br/2001/06/o-verdadeiro-ecumenismo-urgencias-e.html