O Sexo só pode ser vivido, se for aberto a vida, caso contrário é pecado mortal?


Sim. Deus não quer sexo sem vida, mas também não quer vida sem sexo. Ele não quer que se tenha vida sexual e se impeça a vida de acontecer. Prazer simplesmente pelo prazer, é diabólico, egoísta e foge dos planos de Deus. O Criador disse para o casal: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra” (Genesis 1,28).

Você sabe qual o sentido do sexo no plano de Deus? O sexo une e é benéfico para o relacionamento. Todavia, Deus Pai é categórico ao propor que ele seja feito apenas dentro do matrimônio. O Senhor não inclui em Seus planos a vivência do sexo fora ou antes do casamento. A vivência sexual entre o homem e a mulher tem dois sentidos no plano divino: unitivo e procriativo. O Criador disse para o casal: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra” (cf. Gn 1,28), e ela não está cheia ainda. Falta muito para enchê-la e, para isso, o Senhor deu ao casal a vida sexual.

Deus não quer sexo sem vida, mas também não quer vida sem sexo. Ele não quer que se tenha vida sexual e se impeça a vida de acontecer. Vida sem sexo, gerada num tubo de ensaio, gerada por fertilização, inseminação artificial, não está nos planos de Deus. Para que haja o ato sexual deve haver corações abertos à vida. Essa é a dimensão da procriação. Não há nada mais lindo neste mundo do que a maternidade e a paternidade.

O ser humano é gerado pelo ato sexual, o ato da vida. Para o casal, ele é uma fonte de vida, por isso é um ato grandioso e digno. Contudo, no mundo, o sexo encontra-se maltratado, sujo, profanado, prostituído, comercializado e, dessa forma, é comum na mente de algumas pessoas a imagem desse ato [sexo] como algo impuro, ruim.

 

 

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Não, o sexo é algo belo! Há pessoas que, antes de praticarem o ato sexual, viram o crucifixo de costas, retiram as imagens sagradas do quarto, porque não compreendem a dignidade desse ato.

Além do aspecto procriativo do sexo, resta ainda o aspecto unitivo, ou seja, que une o casal. Deus disse para o casal: “Sereis uma só carne” (cf. Mc 10,8), e esta expressão significa: “Serão um só coração, uma só alma, terão um só projeto de vida, serão um”. É o que o Todo-poderoso quer para o casal. Ele quer que, no momento de gerar um filho, o casal seja um. Um pelo ato sexual, que é exatamente a celebração do amor conjugal.

O sexo para o casal é a celebração mais profunda do amor conjugal, o ápice do amor. O sentimento amoroso pode ser expresso de inúmeras maneiras: dando uma flor para a pessoa amada, um abraço, um telefonema quando se está longe. Porém, a forma mais intensa, mais profunda e radical de expressá-lo é pelo ato sexual, no qual não estão mais presentes as palavras; estão os corpos, a sensibilidade, os corações entregando-se um ao outro.

A finalidade do matrimônio é unitivo e procriativo.O que seria este fim unitivo? Acaso seria prazer?

Desejas saber por que razão a Igreja Católica, mestra em moral, declara lícito o uso de métodos naturais para regulação de natalidade e ilícito o uso de métodos artificiais, contraceptivos, embora possuam finalidades parecidas. Não existe uma resposta fácil para essa questão, e como se trata da sexualidade humana, precisaremos refletir mais profundamente sobre um assunto que envolve inúmeros fatores.

De início é importante notar que para um ato ser lícito moralmente, todo ele, do início ao fim, precisa ser orientado para fazer o bem e evitar o mal. Sendo assim é completamente possível um ato ser imoral ao mesmo tempo que busca um fim aparentemente bom, bem como ser imoral um ato que busca um fim mal através de meios aparentemente bons.

Ora, a vossa pergunta se refere exatamente aos “métodos”, ou seja, aos meios desses referidos atos, e são neles também que a moral dá o seu veredicto. Após uma breve análise perceberás, que embora possuindo finalidades parecidas, as diferenças entre os métodos naturais e artificiais são abismais.

 

 

Tais diferenças já se iniciam e se explicam pela etimologia dos nomes. Métodos naturais regulam a natalidade, métodos artificiais controlam a natalidade e por isso são contraceptivos. Enquanto um age no tempo e nos ritmos próprios da natureza humana o outro age imperativamente em qualquer tempo impedindo que os ritmos próprios da natureza humana sigam seu curso natural. Enquanto um acontece num ambiente de doação e entrega completa o outro acontece num ambiente de negação do cônjuge em sua realidade fisiológica (pois rejeita as capacidades ensiminadora do homem e/ou fertilizadora da mulher).

Nos métodos naturais vemos a intenção de se evitar a gravidez e ao mesmo tempo a abertura e a disposição para acolher uma nova vida futura possível (ainda que tal possibilidade exista minimamente). Nos métodos contraceptivos vemos a intenção de se evitar a gravidez e o fechamento objetivo e prático a uma nova vida futura possível (não há possibilidade alguma de concepção); é o sexo hedonista do prazer pelo prazer aonde um novo filho é um intruso, quase um mal a ser evitado.

Fica visivelmente claro que a natureza do ato sexual através dos meios naturais respeita o casal em seus corpos, torna-os responsáveis na conduta matrimonial. Embora não tenham filhos, se aceitam mutuamente em sua totalidade, em todas as suas dimensões, mesmo a procriativa, que neste momento apenas está inativa. Já através dos meios artificiais (contraceptivos) há um ataque direto a dignidade do casal, uma recusa de suas faculdades naturais, uma rejeição de suas realidades fisiológicas e um desejo único de gozar o prazer e rejeitar responsabilidades. O meio contraceptivo (artificial) é imoral, uma agressão ao terreno da sexualidade, fonte e sustentáculo da vida humana.

 

 

Neste sentido afirma a Igreja:

“A continência periódica, os métodos de regulação da natalidade baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos estão de acordo com os critérios objetivos da moralidade. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, animam a ternura entre eles e favorecem a educação de uma liberdade autêntica. Em compensação, é intrinsecamente má “toda ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento de suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação” (CIC 2370).

Como bem demonstra a Igreja, a simples análise dos métodos, dos “meios“, não é suficiente para se chegar a uma conclusão moral perfeita. Como havíamos refletido no início, a Igreja reitera a importância do “meio“ e do “fim“. Ambos contam já que um ato moral é feito de meio bom e fim bom. Isso quer dizer que a escolha do uso de um método natural não basta para garantir a moralidade do ato conjugal.

Mesmo que um casal use um método natural de regulação da natalidade (Biilings, o mais eficaz, Temperatura basal, Ogino Knaus etc), pode cair na imoralidade caso sua finalidade seja a rejeição de filhos por motivos egoístas e comodistas, por exemplo. Se não houver motivo sério para que se protele a vinda de um filho, mesmo o uso dos métodos naturais se tornará ilícito.

Quanto a isso se pronuncia o Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, n.16“
“se, para espaçar os nascimentos existem motivos sérios, derivados das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é licito ter um conta os ritmos naturais, imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos” (grifos nossos).

Quer dizer, é preciso de fato um motivo realmente grave para adotar essa conduta, que não esteja inserida apenas no conforto dos cônjuges e na suas indisposições subjetivas para se ter filhos, pois como exortava o Papa PioXII, na Alocução, 29-X-1951, “só o fato de os cônjuges não atacarem a natureza do ato e estarem dispostos a aceitar o filho que, não obstante as suas precauções, venha à luz, não basta por si só para garantir retidão da intenção e a moralidade irrepreensível dos próprios motivos”.

Portanto caríssimo sr. Ivan, é moral o comportamento sexual que está sempre aberto a vinda de possíveis filhos e, se houver motivo sério, com o uso de métodos naturais de regulação de natalidade que não ferem a comunicação e entrega total mútua do casal. O normal e natural é ter filhos, a exceção é não o tê-los. Isso é “paternidade e maternidade responsável“, em completa sintonia com a realidade de cada casal e em consonância com o chamado a santidade presente no sacramento do matrimônio, vocação reservada aos cônjuges que aderiram livremente a este estado de vida.

Toda esta análise não teria sentido se não houvessem no encontro sexual duas funções (bens matrimoniais) claras e complementares: as funções unitiva e procriativa. A função unitiva diz respeito ao grande bem que existe no amor entre um homem e uma mulher; é nela que se verifica a alegria do encontro dessas duas realidades que então experimentam pelo prazer sexual o exprimir de suas entregas. É onde o amor conjugal se consuma verdadeiramente.

 

 

Contudo a função do ato conjugal não pára e nem pode parar no simples prazer. Se não houvesse que ter filhos, não seríamos homens e mulheres. O próprio amor que refletimos não existiria como existe. Por isso a função unitiva caminha necessariamente para a função procriativa, pois é a transmissão da vida através da explosão do amor. Esse é o projeto natural do ser humano: que todos sejam fruto do amor pleno e total de seus pais. E é por isso que toda a vez que se separa da relação sexual uma das suas duas funções originais se agride a dignidade humana. Tanto quando se deseja a união sem o compromisso da abertura a procriação, como quando se deseja a procriação sem a união.

Esperamos ter sanado vossas dúvidas e ajudado na vossa formação cristã e moral. Também salientamos o equívoco de rotular os métodos contraceptivos de científicos e sugerir os naturais como sem fundamento científico; todos eles são científicos se possuem embasamento da ciência. Aliás o método de ovulação ou Billings que ajuda o casal a reconhecer o exato momento em que a mulher produz o óvulo, e de maneira completamente natural, dentro dos ritmos e tempos da mulher, possui 99% de eficácia segundo a OMS. É um método natural e é também científico. Para mais informações procure o CEMPLAFAM, Confederação Nacional de Centros de Planejamento Natural da Família, que fica na avenida Bernardino de Campos, 110 na cidade de São Paulo e atende pelo telefone (11) 3889 8800. Certamente lá o sr. encontrará auxílios mais práticos e dentro da doutrina católica.

“Os filhos são o dom supremo do matrimônio e constituem um benefício máximo para o bem dos próprios pais” (João Paulo II)

 

 

 

Alguns pontos sobre abertura à vida:

1. Deus manda a abertura à vida. A Igreja ensina isso, pela autoridade divina.

2. Abertura à vida significa, antes de tudo, uma mentalidade: do sexo naturalmente “surgem” filhos, como da comida surge naturalmente a nutrição. E, como tudo que é natural, importa em agir de modo natural.

3. Já que é natural e ordenado por Deus, temos que confiar na Providência. Deus não nos desampara.

4. Não se trata de ter família numerosa, pois o número é o de menos, e quem comanda é Deus e a natureza. Trata-se, mais do que isso, de ser uma família generosa.

5. Na prática, abertura à vida é a recusa de qualquer método anticoncepcional. Qualquer um. Os métodos artificiais e também os naturais.

6. Não existe licitude de uso de método natural de anticoncepção. O que existe é o uso de métodos naturais para o espaçamento de gestações, e apenas em causas justas.

7. As causas justas não estão em uma lista definitiva. Cada casal deve estudar os documentos e aplicar no caso concreto, com a sua consciência formada. Não é apenas em guerra e absoluta miserabilidade financeira, como também não é qualquer danoninho que não se consiga comprar. Nem irresponsabilidade nem busca de mero conforto.

8. Quem usa métodos naturais para espaçar, havendo causas justas, também está aberto à vida.

9. Algumas pessoas, bons católicos inclusive, têm feito alguns posts distorcendo a questão das causas justas e acusando pais católicos de famílias numerosas de colocar fardos sobre as pessoas, e inclusive dizendo que fazemos isso para gerar engajamento nas redes sociais e vender cursos. Isso é de uma desonestidade incrível.

10. Nenhum dos grandes influenciadores digitais católicos, nenhum, diz que não se pode recorrer aos métodos naturais quando há causa justa.

11. Mesmo que falemos mais de generosidade ao acolher os filhos que Deus manda do que em falar nas causas justas de espaçamento, isso se deve a que, nas redes, precisamos ser generalistas ao nos dirigir a públicos grandes – o que não ocorre em atendimentos individualizados. Além disso, é preciso sempre “puxar para cima”, dar metas altas, grandiosas, magnânimas, para formar aquela mentalidade já mencionada.

Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/o-sexo-nos-planos-de-deus/

https://apologetica.net.br/2021/04/19/abertura-vida/

https://comshalom.org/evitar-a-vida-no-casamento-e-licito/