Urgente: As almas do Purgatório precisam de nós!


Por que essas santas almas precisam de nossas orações, e como podemos colaborar para sua libertação e entrada no Céu? O que acontece nesse lugar? Elas não tem mais méritos diante de Deus? O que nossas orações podem fazer por elas? Purgatório parece com o Inferno ou já o inferno?

Nós, católicos, cremos na existência do Purgatório. Essa verdade de fé foi definida expressamente pelo Concílio de Trento [1], em resposta à controvérsia com Lutero e os protestantes. Antes disso, porém, tal doutrina já era crida pelos primeiros cristãos, que tinham em comum a prática de rezar pelos mortos [2].

O que devemos esclarecer agora é o que a Igreja pretende orando pelos fiéis defuntos, uma vez que a sentença do juízo particular já é emitida por Deus logo após a morte da pessoa, e nenhuma oração pode alterá-la: ou a alma é salva, ou ela é condenada. 

Para compreender tal realidade, é necessário recordar que a alma em pecado mortal possui dentro de si uma inimizade contra Deus, um ódio contra seu Criador, de tal modo que, morrendo nessa condição, ela está destinada à condenação eterna. Já a alma que morre em estado de graça, justamente porque ama a Deus, recebe a salvação eterna. Porém, entre as almas que já estão salvas eternamente, são raras aquelas que vão direto para o Céu; a maior parte precisa ainda ser purificada no fogo santificador, como nos mostram também diversas revelações privadas [3].

Quando, então, rezamos pelas almas dos fiéis defuntos, não buscamos a salvação delas, pois já estão salvas, mas a supressão de suas penas no Purgatório, uma vez que estas almas não fizeram a devida reparação de seus pecados no tempo desta vida.

 

 

Ora, essa realidade escatológica pode também ser inferida por dedução teológica. Consideremos que o pecado gera desordens espirituais, que precisam ser sanadas, a fim de que a alma se apresente de forma íntegra e irrepreensível diante de Deus. No caso de um pecado mortal, por exemplo, ocorre na alma uma dupla desordem: i) a revolta, ou desprezo, contra Deus; e ii) o apego desordenado às criaturas, que são colocadas no lugar de Deus.

Essas desordens são objeto tanto de uma punição, ou pena, quanto de uma reparação. No caso da primeira desordem, da revolta contra Deus, sua pena é a condenação eterna e sua reparação foi realizada pela morte de Cristo na cruz. O perdão dessa pena é concedido por meio do Batismo ou da Confissão. Já o apego desordenado às criaturas possui uma pena temporal, que, se não for paga nesta vida terrena, deve sê-lo no Purgatório, onde também se realiza a reparação da referida desordem. Em outras palavras, as almas padecem no Purgatório a fim de pagar a pena temporal devida por seu apego desordenado às criaturas, bem como para reordenar as desordens geradas pelo pecado.

Nessa perspectiva, quem não acredita no Purgatório — além de abandonar a fé católica e incorrer em heresia — é, na verdade, alguém que não crê na santidade, como fez Lutero. Acerca disso, o frei Reginald Garrigou-Lagrange relata, na obra O homem e a eternidade: a vida eterna e a profundidade da alma, um diálogo bastante esclarecedor que teve com um luterano, o qual estava prestes a se tornar católico:

“Como Lutero pôde chegar a esta conclusão que só a fé nos méritos de Cristo basta para a salvação e que não é necessário observar os preceitos, nem mesmo os preceitos do amor a Deus e ao próximo?” — Ele me respondeu: “É muito simples.” — “Como muito simples?” — “Sim, é diabólico”, acrescentou. — “Eu não teria ousado vos dizer, lhe respondi, mas como vós sois luterano?”. — “Na minha família, me disse, nós o somos de pai para filho, mas em breve entrarei na Igreja Católica” [4].

Evidentemente, presumir que o amor é inalcançável; que a santidade é impossível; e que a fé por si mesma é suficiente para a salvação; enfim, essas atitudes todas constituem uma síntese de distorções diabólicas que, historicamente, foram defendidas pelos protestantes. Tais ideias são tão absurdas quanto incongruentes, pois, afinal, como poderia o cristianismo ser a religião do amor se os cristãos mesmos não precisassem amar a Deus e ao próximo? 

Do mesmo modo, é absurdo pensar que nossos pecados cometidos não necessitam de reparação, e que, ao contrário, são facilmente sanados por uma “fé” — ou aquilo que os protestantes consideram como fé — que seja mais intensa que os pecados, como afirmou Lutero em carta a Melanchthon: “Esto peccator et pecca fortiter, sed fortius fide et gaude in Christo — Seja pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre mais fortemente ainda em Cristo” [5].

 

 

Diferentemente dos protestantes, nós, católicos, cremos que nossos pecados, mesmo tendo sido perdoados, precisam ter suas desordens reparadas. Tal reparação, ou satisfação, já pode iniciar-se nesta vida terrena, por meio das penitências (jejuar, orar, fazer atos de caridade e aceitar os sofrimentos por amor); da participação e Comunhão na Santa Missa; do sacramento da Confissão recebido com profunda contrição; e da satisfação realizada na comunhão dos santos, por aqueles que, ainda em vida, ofereceram sacrifícios pela nossa conversão.

Se, em vida, uma pessoa não fizer a reparação necessária pelas consequências dos seus pecados, ela precisará fazê-la, depois da morte, por meio dos padecimentos do Purgatório, que são infinitamente maiores do que qualquer pena deste mundo. Santa Catarina de Gênova afirma, em seu Tratado do Purgatório, que não há palavras para descrever as penas desse lugar, que, em termos de sofrimento, assemelham-se às penas do Inferno, exceto pelo fato de que, no Purgatório, as almas já estão salvas. Justamente por isso, as almas padecentes nutrem profundamente a fé, a esperança e a caridade, na expectativa de ver a Deus face a face; e o fato de não poderem vê-lo, de imediato, aumenta ainda mais os seus sofrimentos. Além desse adiamento da visão beatífica, no Purgatório, também ocorre a pena dos sentidos, enquanto fogo purificador que atua como um instrumento da justiça divina.

Nesse contexto, é necessário destacar que — além de suportar os sofrimentos — as almas do Purgatório não podem fazer mais nada para sair desta situação. Nós, porém, podemos colaborar para sua libertação e entrada no Céu, por meio de nossas obras, orações e indulgências. Desse modo — ao realizar esse caridoso ato de sufragar as almas do Purgatório — estamos também, de forma indireta, reparando os nossos pecados pessoais.

São obras que podemos realizar em prol dessas almas sofredoras: jejum, penitência, esmola, aceitação resignada das contrariedades da vida e outros sacrifícios. Além desses atos, também podemos oferecer nossa participação nos sacramentos, por exemplo, pedindo pelas almas do Purgatório nas intenções da Santa Missa e recebendo a Comunhão Eucarística em sufrágio dos fiéis defuntos. Igualmente, podemos oferecer sacramentais e orações nessa intenção. Temos enfim as indulgências, especialmente as que podem ser oferecidas nestes oito dias iniciais do mês de novembro, que constituem o tesouro da satisfação que Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu na Cruz, juntamente com os santos que se uniram a Ele, e que a Igreja possibilita que ofereçamos pela libertação das almas do Purgatório.  

Esses são os instrumentos que Deus nos deixou, na sua infinita sabedoria, a fim de que participássemos da satisfação dos pecados e do sufrágio das almas dos fiéis defuntos. Tal necessidade de participação é ratificada por Nossa Senhora em Fátima, ao ensinar os três pastorinhos a rezarem pela conversão dos pecadores e pelas almas: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente aquelas que mais precisarem”. Nesse sentido, é relevante que rezemos também pelas almas que foram esquecidas e pelas quais ninguém reza. Desta forma, estaremos nos unindo a Deus na sua obra de salvação, participando do seu amor, da sua misericórdia e da sua justiça.

 

 

Cabe esclarecer, ainda, àqueles que se consagraram a Nossa Senhora pelo método de São Luís Maria Grignion de Montfort, que os méritos e as satisfações são oferecidos a fim de que ela disponha deles conforme a sua vontade [6]. Todas as ações que os consagrados realizamos para satisfazer as penas das almas dos fiéis defuntos, nós as já as entregamos a Maria, pois ela sabe, melhor do que nós, a quem aplicá-las. Ainda assim, os consagrados podem rezar e oferecer-se pela alma de uma pessoa específica, em dois casos: i) quando é sua obrigação de ofício, no caso de um padre, por exemplo; ii) ou sugerindo a Nossa Senhora que aplique as satisfações à alma de alguém em particular, deixando a ela, contudo, o encargo da decisão.

O que a Sagrada Escritura diz sobre o purgatório?

Para onde iria uma alma, que não é bastante santa para ir para o céu nem tão pecadora para ir para o inferno? O purgatório é um local onde ficam as almas que morrem em estado de graça, isto é, sem pecado mortal, mas que tem “penas temporais” ainda a expiar por seus pecados ou algumas imperfeições (ou pecados veniais), que não foram suficientemente purificadas, pois, no céu, “nada de impuro pode entrar” (Ap. 21,27).

O purgatório é uma verdade positivamente revelada por Deus, que não admite dúvida. Disse Jesus, um dia, à multidão de povo que acabava de ouvir o sublime sermão das bem-aventuranças: “reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário de entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao ministro e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que, de modo nenhum, sairás dali, enquanto não pagares até o último ceitil” (Mt 5, 25-26).

 

 

O purgatório é o lugar de purificação das almas

Jesus acabara de dizer que Seus discípulos deveriam ser o “sal da terra e a luz do mundo” (Mt. 5,13), continuando a traçar as normas a seguir para evitar o inferno e chegar ao céu.

“Digo-vos”, diz o Mestre, “que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no céu” (Mt 5,20). Eis o céu bem indicado.

O inferno não é menos que: “Se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno” (Mt 5,29).

Eis como, no mesmo capítulo do Evangelho segundo São Mateus, Nosso Senhor trata do céu, do inferno e do purgatório, pois o texto citado refere-se claramente ao purgatório. Está no texto e no contexto que não se trata de uma simples comparação.

Aliás, o contexto mostra claramente que não se trata de uma cadeia material – pois Nosso Senhor não teria como afirmar que a pessoa não sairia dali enquanto não pagasse até o último ceitil. Trata-se de uma prisão à qual Nosso Senhor tem soberania, é Ele quem manda e decide.

 

 

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O que é purgatório?

Como não pode se tratar do inferno, visto que o inferno é eterno (Mt 25, 41), e não se trata de uma prisão material, trata-se, pois, de uma prisão temporária, onde as almas sofrem, por certo tempo, em expiação de seus pecados; onde são purgadas das faltas leves, que não merecem o inferno, mas impedem a entrada no céu. “Nada de impuro entrará no céu” (Ap. 21,27).

Outra alusão à existência do purgatório encontramos em ICor 3,12-15: “Aquele, cuja obra (de ouro, prata, pedras preciosas) sobre o alicerce resistir, esse receberá a sua paga; aquele, pelo contrário, cuja obra (de madeira, feno, ou palha), for queimada, esse há de sofrer prejuízo; ele próprio, porém, poderá salvar-se, mas como que através do fogo’.

Depois, temos o uso da razão. Para onde iria uma alma que não é bastante santa para ir para o céu nem tão pecadora para ir para o inferno? Ela deve ir para um local de expiação, que é o purgatório.

O purgatório na Palavra

O texto mais expressivo sobre a existência do purgatório é o do Livro II dos Macabeus (XII,43), o qual narra como Judas Macabeu mandou oferecer um sacrifício pelos que haviam morrido na batalha, por exemplo, por expiação de seus pecados: “Judas, tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição. Santo e salutar pensamento de orar pelos mortos. Eis porque ele ofereceu um sacrifício expiatório pelos defuntos, para que fossem livres de seus pecados”.

 

 

Ora, ser livre de seus pecados, depois da morte, pelo sacrifício expiatório, indica claramente a existência do purgatório.

O Concílio Tridentino (Sess. XXV, D.B. 983) define como verdade de fé a existência do purgatório.

Entre outras testemunhas cristãs dos primeiros séculos, escreve Tertuliano: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferecem sufrágios todos os dias de aniversários de sua morte” (De Monogamia,10).

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/as-almas-do-purgatorio-precisam-de-nos

 

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