Você consegue adivinhar quais são?
Viver uma vida focada no Evangelho de Jesus Cristo não é fácil. Somos constantemente bombardeados por vários “inimigos” de nossa alma. Deus permite que eles nos tentem para testar a nossa fé.
Mas quais são esses "inimigos"? São João da Cruz explica:
“Todos os males aos quais a alma está sujeita procedem dos três inimigos já mencionados: o mundo, o diabo e a carne. Se pudermos nos esconder deles, não teremos combates para lutar. O mundo é menos difícil, e o diabo é mais difícil de entender; mas a carne é a mais obstinada de todas, e a última a ser superada junto com o “homem velho”.
Esses três inimigos estão ligados à parábola do semeador de Jesus, que pode nos ajudar a entender nossa necessidade de sermos vigilantes e combatermos essas forças. Aqui está a referida passagem para refrescar nossas memórias:
"Ouvi: Saiu o semeador a semear. Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu no pedregulho, onde não havia muita terra; o grão germinou logo, porque a terra não era profunda, mas, assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto. Outra caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se; um grão rendeu trinta, outro sessenta e outro cem”. (Marcos 4,3-8)
As passagens abaixo também falam sobre esses inimigos de nossa alma. Reflita sobre elas.
A alma que se põe em caminhada rumo ao céu encontrará diante de si diversas barreiras. Precisará superar diversas adversidades, tanto externas quanto internas para alcançar a tão sonhada meta: o céu. Este estudo tem o ensejo de trazer luz aos olhos, aos olhos da fé para que se possa distinguir, na caminhada, o que pode nos fazer cair e, conhecendo-o, como enfrentar. Falaremos de três “tropeços” que oferecem oposição direta à alma peregrina: os três inimigos da alma.
Antes de prosseguir, rezemos um pouco, clamando a ação do Espírito Santo em nossos corações, para que o véu que antes cobria nossos olhos seja rasgado e que a luz de Deus, com todas as suas revelações adentrem profundamente em nossa alma para nos libertar das cadeias que nos impedem de trilhar os passos de Jesus. Amém!
Ao abrirmos o Evangelho de São Marcos no capítulo 4, a partir do versículo 1, nos depararemos com a parábola do semeador:
“Jesus dizia-lhes em sua doutrina: ‘Ouvi: saiu o semeador a semear. Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho e vieram as aves e a comera. Outra parte caiu no pedregulho onde não havia muita terra; o grão germinou logo, porque a terra não era profunda; mas assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto. Outra caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se; um grão rendeu trinta, outro sessenta, outro cem.’ E dizia: ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça’.”
Neste ensino de Jesus, podemos perceber aquilo o que São João da Cruz chama de “os três inimigos da alma”. Estes são três estorvos que, se não combatidos podem até mesmo nos tirar da comunhão com Deus. Eles fazem forte oposição à alma que quer se achegar cada vez mais ao Coração do Pai. Todos os danos recebidos pela alma provêm destes inimigos. Vamos, a partir do Evangelho, conhecê-los:
-“Outros ainda recebem a semente entre os espinhos: ouvem a palavra mas, as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e a tornam infrutífera”. (Mc 4,19). Temos diante de nós o primeiro inimigo- e o mais fácil de ser combatido: o MUNDO.
– “Alguns se encontram à beira do caminho, onde ela é semeada; apenas a ouvem, vem Satanás tirar a palavra neles semeada”.(Mc 4,15). Nos deparamos com nosso segundo inimigo: o DEMÔNIO.
-“Outros recebem a semente em lugares pedregosos;quando a ouvem, recebem-na com alegria; mas não têm raiz em si, são inconstantes, e assim que se levanta uma tribulação ou perseguição por causa da palavra, eles tropeçam”. (Mc 4,16-17). Por fim, encontra-se nesta narrativa de Jesus, o terceiro inimigo da alma: a CARNE.
Podemos ver neste Evangelho que, aquilo o que é tirado pelos pássaros (demônio); sufocado pelos espinhos (mundo) ou queimado pela ausência de uma raiz profunda (carne) neste terreno – que é o terreno do nosso coração – é a palavra semeada pelo semeador. Ora, se fizermos um paralelo com o que São Paulo nos explica sobre a armadura do cristão (cf. Ef 6,13-17) perceberemos que o cinto (da verdade), a couraça (da justiça), o escudo (da fé) e o capacete (da salvação) são elementos de defesa que nos ajudam a esquivar dos ataques inimigos. Os pés calçados com a prontidão de anunciar o Evangelho nos impulsiona a ir em busca de outras almas. Porém, o soldado bem preparado não pode apenas se defender do inimigo mas também atacá-lo! E o instrumento da armadura que o Senhor nos dispõe para atacar os inimigos é exatamente a ESPADA do Espírito, que é a PALAVRA DE DEUS. E foi assim que o próprio Senhor o fez. Se lembrarmos bem da ocasião da tentação no deserto (cf. Lc 4,1-13), Jesus se deparou frente a frente com satanás e o venceu justamente pela Palavra de Deus. As respostas dadas por Jesus não foram senão aquilo o que já estava nas Escrituras. E, mais do que conhecer bem a Escritura, Jesus a vivia plenamente.
Assim, o que os três inimigos tentam destruir é justamente a palavra de Deus plantada e cravada em nosso coração. Dessa forma, ficamos sem armas para o ataque, tornando-nos presas fáceis. Trata-se então de uma verdadeira GUERRA, uma batalha espiritual com soldados, estratégias e tanques de guerra. E o que está em jogo não são limites territoriais ou o desarmamento nuclear… mas a nossa própria salvação! O que está em jogo é o Céu. Vemo-nos diante de três acampamentos inimigos com suas barricadas já a postos. Cada um ataca de uma maneira, tendo suas particularidades e estratégias próprias. Mas sabemos que, em Cristo somos mais que vencedores e que esta batalha já foi ganha na Cruz! É preciso apenas garanti-la em nossas vidas!
São João da Cruz nos ensina que os três inimigos encontram-se de tal forma entruncados que, ao se dar a vitória a algum deles, todos se fortalecem. Porém, em contrapartida, vencendo-se um, enfraquecem-se os outros dois. Vencidos os três, cessa a guerra da alma. Mas, para vencer o inimigo, é preciso conhecê-lo, saber de suas estratégias e artimanhas. A seguir, falaremos particularmente de cada um.
O MUNDO
Dentre os três inimigos da alma, o mundo é o mais fácil de ser vencido, uma vez que exige de nós uma tomada de posição clara e decisiva: SIM ou NÃO. Trata-se aqui de termos a opção clara de qual senhor queremos servir: ao mundo ou a Jesus? Temos que OPTAR: ou amamos o mundo, com suas falsas delícias e mentiras ou amamos o Senhor que nos deu a vida. Não se pode, como o próprio Jesus já ensinou, amar o mundo e a Deus ao mesmo tempo. É como querer navegar com o pé em dois barcos. A princípio, com o mar calmo pode-se até conseguir, mas chega-se em um ponto, em um dado momento que é preciso optar e ir pra um dos barcos. E assim, o outro se distancia. Na alma acontece da mesma forma: ao estarmos com Jesus todas as outras coisas tornam-se para nós “esterco”. Em Jesus temos a plenitude da vida e nada no mundo pode suprir aquilo o que encontramos no Salvador… por mais belos e atraentes que possam parecer. Nada se compara à presença de Jesus. Nada se compara à Vida Eterna.
A resistência que o mundo oferece pode ser para muitas almas uma barreira quase que intransponível. São mostradas à alma (principalmente no início da caminhada, quando os pés ainda tremulam um pouco) as “perdas” que ela terá caso optar pela porta estreita de Jesus: a “perda” dos amigos, a “perda” dos deleites mundanos (muitos se desesperam e têm medo ao pensar que não mais poderão provar dos prazeres oferecidos pelo mundo) e a “perda” da consideração e admiração dos antigos amigos e conhecidos (medo do desprezo do do mundo). Neste momento no entanto, devemos nos alicerçar nas palavras animadoras de Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo. 14.18). Ora, ser “odiado” e desprezado pelo mundo é a prova concreta de que estamos no caminho certo, de que estamos seguindo verdadeiramente os passos do Mestre, a quem o mundo odiou primeiro. Nada há que se temer, pois o Senhor nos escolheu no mundo e nos retirou dele. Por isso a importância de renunciar às “glórias” e “deleites” mundanos em função da Glória celeste que está em Jesus… Ter a convicção de que, diante do Jesus o que podemos ver como perda, é antes, um ganho para Deus. É hora de trocarmos tudo, pelo Tudo que é o Senhor.
Dessa forma, se optarmos de uma vez por todas por Jesus este inimigo não mais terá força contra nós. Então, a palavra chave para lutar e vencer este primeiro inimigo é DESAPEGO. Desapego dos bens materiais mas também, desapego das pessoas. Temos que ter em mente que TUDO passa, só o Amor (que é Deus) ficará. Nosso corpo, PASSA! Nosso dinheiro, ACABA! Nossa roupa, RASGA! Nossos estudos PASSAM! O emprego, PASSA! O namoro, ACABA! A faculdade, ACABA! A casa, ACABA! Os prazeres mundanos, PASSAM! A bebida, ACABA! A comida, ESTRAGA! As pessoas, MORREM! Os amigos, SE VÃO! Não vale a pena desgastar a nossa vida com aquilo o que passa… muito menos nos apegar e ancorar nisto… Não! Apeguemo-nos ao Senhor… Ele não passa… Ele é eterno… é o mesmo ontem, hoje e sempre! Deste mundo nada se leva, nem mesmo os prazeres…
Opte pelo Senhor e essa batalha será ganha! Buscai primeiro o Reino de Deus e TUDO te será dado em acréscimo (cf. Mt 6,33-34)
O DEMÔNIO
Se o mundo é o mais fácil dentre o três, este segundo inimigo, o demônio, é o mais difícil de se descobrir suas obras. Antes de nos aprofundarmos mais, precisamos ter a certeza de que o demônio existe e oferece forte oposição contra nossa caminhada ao céu. Ele se aproveita dos outros dois inimigos para se fortalecer. O mal, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, não é uma abstração, mas é uma pessoa, e tem nome: o anjo decaído do céu. ( veja mais sobre a existência do demônio com o Pe.Gabrielle Amorth)
Dentre os três, ele é o mais forte e o mais obscuro de se perceber, suas astúcias e tentações são as mais fortes e duras de se vencer por se tratar de um ser espiritual. Sua inteligência e acuidade mental são superiores à nossa. Suas faculdades são maiores que a humana, uma vez que, sendo anjo, possui a natureza e capacidades angelicais.
Só pela luz do Espírito e pelos ensinos da Igreja sobre o demônio conseguimos desvendar as artimanhas e insídias do inimigo de Deus. Sabemos que as obras demoníacas são repugnantes e por isso, para nos oferecê-las, satanás precisa revesti-las sob a forma do bem. Caso contrário, não a aceitaríamos. Daí a importância do dom carismático do discernimento dos espíritos (cf. I Cor 12,10). Com ele, o Senhor nos dá a graça de discernir, em determinado momento de nossas vidas ou na vida do irmão qual espírito está agindo… se o Espírito de Deus, o espírito humano ou o espírito diabólico. Assim, o inimigo é fragilizado pois suas obras são desmascaradas.
E só pela força de Deus conseguimos vencê-lo. É estando em comunhão com o Senhor que esta batalha é ganha, uma vez que a força de Deus é infinitamente superior à de satanás. Este é uma criatura e, sendo assim, diante da onipotência de Deus, é infinitamente limitado e derrotado. Santa Tereza d’Ávila afirmava que para ela, uma mosca a incomodava mais que o próprio demônio.
Da mesma forma, é pela HUMILDADE que vencemos o diabo e tornamos fracas todas suas obras. Ora, o demônio “afronta tudo o que é elevado, é o rei dos mais orgulhosos animais”(Jó 41,25). Assim, diante do humilde ele não tem forças para derrubar. Pode até mesmo tentá-lo, mas não encontra nele uma ocasião de queda. Voltemos à cena da tentação no deserto: satanás até tentou derrubar Jesus mas, perante a Humildade encarnada não pôde fazer nada. Da mesma forma conosco: quanto mais humildes formos, mais semelhantes a Jesus! Quanto mais humildes, menos ocasiões de queda serão encontradas em nós, uma vez que o “rei dos mais orgulhosos animais” conhece bem a natureza de uma alma orgulhosa.
A um primeiro momento, a humildade parece ser algo fácil de se alcançar e mesmo, algo superficial. Mas não o é. Humildade exige desapego de si mesmo. Desapego das próprias vontades, do próprio querer. Humildade supõe humilhação. Humildade supõe obediência. Humildade exige silêncio mesmo diante de acusações e falsos testemunhos. Humildade exige esquecer-se de si mesmo. Humildade exige considerar o outro maior do que você. Humildade brota do coração. Um coração humilde nem hesita em dar a vez, a razão e o controle ao outro e principalmente a Deus. Ora, foi assim com Jesus. Jesus foi obediente ao Pai até a morte de Cruz. Sobrepôs a vontade do Pai à sua. Calou-se diante acusações humanas. Ele, sendo Deus e conhecendo todos os corações, poderia ter se defendido diante do Sinédrio. Mas não. Deixou-se humilhar ainda mais para fazer a vontade do Pai. Calou-se. Amou. Obedeceu. Uma alma soberba, por mais que tente, não consegue obedecer. Sempre considera suas idéias superiores às dos outros.
Assim, quanto mais humildes formos, mais parecidos com Jesus seremos e mais força teremos diante do demônio para vencê-lo. Pois o Senhor desconcerta o coração dos soberbos, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes (cf. Lc 1, 51-52). Em contrapartida, quanto mais soberbos, mais nos pareceremos com o rei dos mais orgulhosos animais. Cabe a nós optarmos, mais uma vez, a qual rei estaremos servindo e nos espelhando.
Podemos portanto, classificar duas armas contra este segundo inimigo da alma: ORAÇÃO (para desvendar suas obras e estar em comunhão com Deus) e HUMILDADE para nos assemelharmos cada vez mais com Aquele que já o venceu: Jesus.
A CARNE
Por fim, o terceiro inimigo que investe contra a alma: a carne. Esta, dentre os três, é o mais tenaz e pegajoso dos inimigos. Ela oferece continuamente uma oposição ao espírito e durará até quanto durar o homem velho em nós. Trata-se portanto de uma batalha árdua, uma vez que o homem velho durará enquanto durar nossa vida, devido à concupiscência existente em nós. Conta-se que Santo Inácio de Loyola escrevia diariamente em sua mão o pecado que durante o dia inteiro ele precisaria combater. No dia de sua morte, perceberam que sua mão estava fechada e que trazia consigo um papel. Ao abrirem a mão, perceberam que no papel estava escrito: ORGULHO. Santo Inácio, mesmo no dia de sua morte estava combatendo contra a sua carne!
Trata-se de um inimigo mais complicado de se vencer uma vez que, com os demais inimigos travamos uma luta externa. O mundo e o demônio são inimigos que agem exteriormente. Já a carne não. Está em nós: são os NOSSOS próprios desejos e impulsos. É uma luta não contra NÓS mas contra o pecado que habita em nós. Podemos perceber a angústia e batalha travada do apóstolo Paulo ao se deparar com suas próprias fraquezas em Rm 7, 14ss:
“Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem: porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que gostaria mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro pois em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal. Deleito-me na lei de Deus no íntimo do meu ser. Sinto porém nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros. Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso senhor! Assim pois, de um lado, pelo meu espírito sou submisso à lei de Deus; de outro lado por minha carne, sou escravo da lei do pecado”.
Árduo combate, uma vez que dentro de nós estão em confronto duas leis: a do espírito e a do pecado. De um lado, encontra-se, em função do pecado original, a concupiscência carnal – que é a tendência a fazer o mal. Por outro lado, em nosso coração estão cravados os mandamentos de Deus e suas leis. Eis a batalha.
E essa luta, este combate interior PRECISA acontecer. Precisa, diariamente, existir em nós. Caso contrário podemos perceber que estamos dando a vitória continuamente à carne. Pois realizar aquilo o que a carne pede é nos satisfazer pessoalmente. Lutar contra ela não o é. Lutar contra a carne, ou seja, lutar contra os nossos próprios desejos dói. E precisa doer porque o Amor Verdadeiro dói. Na Cruz foi assim. Conosco precisa ser da mesma forma. Enquanto não estiver sangrando, se não estivermos neste conflito experimentado por São Paulo, certamente é a carne que está ditando nossas ações.
Vencer a carne é não ser refém dos próprios sentimentos, dos desejos e do querer. Assim, é preciso constância para mantermos firmes e inabaláveis os propósitos assumidos diante de Deus, bem como a fidelidade aos planos e pedidos do Pai a cada um. Vencer a carne é fazer aquilo o que NÃO gostaríamos de fazer. Os homens guiados pelo Espírito não fazem aquilo o que gostariam de fazer porque “os desejos da carne se opõe aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros” (Gl 5,17). Ora, se é o Espírito que nos guia, se é o Senhor que habita em nós fazemos a vontade dAquele que nos criou. E muitas vezes a vontade de Deus não é a nossa. Assim, exige-se de nós a mortificação. Nas pequenas coisas cotidianas vencemos a carne se fazemos aquilo o que não gostamos de fazer. Seja o arrumar casa, o passar roupa, o fazer a vontade do outro, o silenciar diante das contrariedades, o lavar o carro, enfim… se nas pequenas coisas conseguimos dizer NÃO às regras da carne, na luta contra o pecado será da mesma forma.
E vencer a carne é, antes de tudo, vencer o pecado que nela habita. Arrancá-lo de nosso coração como se faz com as ervas daninhas em um terreno. Na maioria das vezes, as ervas daninhas são arrancadas superficialmente, uma vez que a raiz está arraigada, profundamente presa ao solo. Muitas vezes conseguimos arrancar apenas as folhas. Porém, em pouco tempo, elas crescem com mais vigor. É preciso um veneno específico para aniquilá-las. Em nosso coração, acontece da mesma maneira. Precisa-se de uma intervenção direta de Deus para arrancar por inteiro a raiz do pecado em nós. O sangue de Jesus precisa ser derramado para queimar e acabar com as ervas daninhas insistentes do nosso coração. Caso contrário, arrancaremos apenas superficialmente o pecado, deixando a raiz. Seremos eternos reincidentes no pecado. E este trabalho – o de arrancar o pecado pela raiz – precisa ser feito não por nós, mas pelo Agricultor que cuida de nós. A nós cabe apenas cultivar um terreno dócil à ação de Deus. Quanto mais fofa a terra estiver, mais fácil de arrancar pela raiz as plantas indesejadas.
Assim, para vencermos este terceiro e pegajoso inimigo precisamos da constância e da mortificação. Caso contrário, seremos como a semente que até germinou mas não tinha raiz em si. No primeiro vento ou sol forte ela se desfaz.
Por fim, o Senhor nos convida a fazer de nosso coração um terreno fértil! Terreno úmido, regado pelo Espírito e que dá bons frutos. Terreno onde a palavra é semeada e VIVIDA! Onde a Palavra é encarnada. Palavra que é força de ataque contra os três inimigos da alma. Quanto mais alicerçados na Palavra do Senhor, menos forças terão nossos inimigos contra nós! À alma firmemente alicerçada no Palavra de Deus e no seu devido cumprimento pouco se pode fazer.
Portanto, armadura a postos e, na certeza de já sermos vencedores, unamos à toda a milícia celeste para lutarmos contra aqueles que nos fazem cair, pois a BATALHA É DO SENHOR!
OS 3 INIMIGOS DA ALMA – SÃO JOÃO DA CRUZ
A espirituais essenciais para superar os inimigos da alma. Além disso, ele destaca a importância da obediência aos princípios espirituais e da busca pela graça divina como meio de fortalecer nossa capacidade de resistir às influências negativas do mundo, da carne e do eu.
Os CUIDADOS “AS Cautelas”
São João da Cruz
INSTRUÇÃO E ATENÇÃO
1. A alma que quer logo a santa meditação, silêncio espiritual, a nudez e pobreza de espírito, onde o refresco pacífica do Espírito Santo se alegra, e da unidade é conseguida com Deus, e se livrar dos impedimentos de todas as criaturas deste mundo e defender os ardis e enganos do diabo, e libertar-se, ele precisa exercer os seguintes documentos, avisando que todos os danos que a alma é nascido e os inimigos que são mundo, a carne e o diabo.
2. O mundo é o inimigo menos difícil: o diabo é mais escuro para entender; mas a carne é mais tenaz do que todos, e seus ataques duram tanto quanto dura o velho.
3. Para derrotar um desses inimigos é necessário derrotar os três; e um está enfraquecido, os outros dois estão enfraquecidos, e os três vencidos, a alma não tem mais guerra.
CONTRA O MUNDO
4. Para se livrar dos danos que o mundo pode fazer com você, você precisa usar três precauções.
Primeiro cuidado (cautela).
5. A primeira é a respeito de todas as pessoas que você tem igualdade de amor e igualdade de esquecimento, agora sejam parentes agora não, removendo o coração dessas, bem como daqueles e até mesmo de alguns parentes, por medo de que a carne e o sangue não vivem com o amor natural que sempre vive entre os lamentadores, que deve ser mortificado pela perfeição espiritual. Tenha todos como se fossem estranhos, e assim você fará melhor com eles do que colocar o amor que você deve a Deus neles.
6. Não ame uma pessoa mais do que outra, que você errará; porque ele é digno de mais amor do que Deus ama mais, e você não sabe qual é o Deus que mais ama. Mas, esquecendo-te igualmente de todos, de acordo com o que te convém para a sagrada lembrança, serás libertado do erro de mais e menos neles.
Não pense em nada, não trate nada deles, nem bens nem males, e foge deles o máximo que puder, e se você não cumprir isso, você não saberá ser religioso, nem será capaz de alcançar a sagrada lembrança ou livrar-se de imperfeições. E se nisto você quer dar alguma licença, ou em uma ou outra vai enganar o diabo, ou você mesmo, com alguma cor do bem ou do mal.
Ao fazer isso, há segurança e, de outra forma, você não poderá se livrar das imperfeições e danos que a alma tira das criaturas.
Segundo cuidado (cautela).
7. O segundo cuidado contra o mundo é sobre bens temporários; em que é necessário, para se livrar dos danos desse tipo e para temperar o excesso de apetite, odiar todos os modos de possuir e sem cuidado para deixar você ter sobre isso: não de comida, não de vestido ou qualquer outra coisa criada , ou amanhã, usando esse cuidado em algo maior, que é buscar o reino de Deus, isto é, não faltar a Deus; que o resto, como diz Sua Majestade, nos será acrescentado (Mt 6, 33), já que aquele que cuida dos animais não o esquecerá. Com isso, você adquirirá silêncio e paz nos sentidos.
Terceira cuidado (cautela).
8. A terceira cuidado é muito necessária para que você saiba como manter no convento todo o dano sobre os religiosos; que, não tendo muitos, não só perdeu a paz e o bem de sua alma, mas eles vieram e vieram ordinariamente a dar grandes males e pecados. Isto é que você mantém com todos os guardas para colocar o pensamento e menos a palavra no que acontece na comunidade; O que é ou não tem de qualquer religião em particular, não de sua condição, não de seu tratamento, não de suas coisas, embora mais sério, nem com a cor do zelo nem com o remédio, mas com quem de direito concorda, para dizer isso seu tempo; e nunca escandalize ou maravilhe-se com coisas que você vê ou compreende, tentando manter sua alma esquecida de tudo isso.
9. Porque se você quer olhar para algo, mesmo se você vive entre os anjos, você parece muitas coisas não está certo, você não entender a substância deles. Que leva para a esposa o exemplo de Lot (Gn. 19, 26), que foi alterada por causa da destruição dos sodomitas virando a cabeça para olhar para trás, tornando-o o Senhor puniu em estátua de pedra e sal. Para que saibas que mesmo se você viver entre demônios, Deus quer tal maneira vívida entre eles ou virar a cabeça pensava suas coisas, mas deixá-los totalmente, procúranlo você levar sua alma pura e toda em Deus, sem um pensando que você esotro ou impedi-lo.
E, por isso, ele verificou que em conventos e comunidades nunca deve haver nada a tropeçar, pois os demônios nunca faltam em tentar derrubar santos, e Deus lhes permite exercitar e testá-los.
E, se você não mantiver, como é dito, como se você não estivesse em casa, você não saberá ser religioso, mesmo se você fizer mais, ou alcançar a santa nudez e reclusão, ou se livrar do dano que existe nisso; porque não fazê-lo, mesmo se você tiver mais bom propósito e zelo, um do outro o diabo irá levá-lo e você é muito tomado quando você já tem espaço para distrair a alma em algo disso; e lembre-se do que o apóstolo James diz: se alguém pensa que ele é religioso, não restando sua língua, sua religião é vã (1, 26). O que é entendido não menos do que o idioma interno do que o externo.
CONTRA O DEMÔNIO
10. De outros três cuidados, deve usar aquele que aspira à perfeição para se livrar do demônio, seu segundo inimigo. Para o qual você deve notar que, entre os muitos truques que o demônio usa para enganar os espíritos, o mais comum é enganá-los sob uma espécie de bem e não sob uma espécie de mal; porque ele sabe que o mal conhecido dificilmente o tomará. E então você sempre deve desconfiar do que parece bom, principalmente quando a obediência não intervém. A cura disso é o conselho de quem você deveria tomar.
Primeiro cuidado (cautela).
11. Seja o primeiro cuidado que nunca, fora da ordem em que você é obrigado, mude para algo, por mais bom que pareça e cheio de caridade, agora para você, agora para outro qualquer pessoa dentro e fora da casa, sem ordem, de obediência. Você ganhará neste mérito e segurança: você se eximiu de propriedade e você foge dos danos e danos que você não conhece, que Deus perguntará em seu tempo, e se isso não o mantém no pequeno e o grande, mesmo que pareça com você mais certo, você não será capaz Pare de ser enganado pelo demônio tanto em pouco quanto em muito. Mesmo se você não governar pela obediência, você já erra culpado, porque Deus mais quer obediência do que sacrifícios (1 Re 15, 22), e as ações dos religiosos não são suas, mas obediência, e se você as tirar disso, serão perguntados como perdidos.
Segundo cuidado (cautela).
12. O segundo cuidado é que você nunca olha para o prelado com menos olhos do que Deus, seja o prelado, já que o tem no seu lugar; e avisa que o diabo coloca sua mão aqui muito. Desta forma, o lucro e o lucro são ótimos, e sem essa grande perda e dano. E, portanto, com grande vigilância, certifique-se de que você não olhe para a sua condição, ou o seu caminho, ou o seu caminho, ou outras formas de proceder com eles; porque você se machucará tanto que você virá para mudar a obediência de divino em humano, movendo-se não movendo-se apenas pelas maneiras que você vê visível no prelado, e não pelo Deus invisível, a quem você serve nele. E sua obediência será vã ou mais infrutífera, mais você, pela condição adversa do prelado, agravará-se ou pela boa condição em que você se aclarará.
Se isso não for feito com força, de modo que você não receberá mais do que um prelado, quanto ao seu toque particular, de modo algum você pode ser espiritual ou manter seus votos bem.
Terceira cautela (cautela).
13. O terceiro cuidado, corretamente contra o diabo, é que, do seu coração, você sempre procura se humilhar em palavras e obras, regozijando-se tanto com o bem quanto com os outros e com você e querendo ser colocado diante de você em todas as coisas, e isso com verdadeiro coração. E assim você vencerá o mal no mal (Rm 12, 21), e você vai afastar o diabo e trazer alegria de coração, e isso procura exercer mais naqueles que menos gostam de você. E saiba que se você não o exercer, você não alcançará a verdadeira caridade ou aproveitará isso.
E seja sempre amigo de ser ensinado sobre tudo o que quer ensinar mesmo para aquele que é menos do que todos.
CONTRA-SE E SAGACIDADE DE SUA SENSUALIDADE
14. De mais três precauções, ele deve usar o que tem que superar a si mesmo e sua sensualidade, seu terceiro inimigo.
Primeiro cuidado (cautela).
15. O primeiro cuidado é que você entende que não veio ao convento, mas que todos devem vesti-lo e exercê-lo. E, portanto, para se livrar de todos os distúrbios e imperfeições que você pode oferecer sobre as condições e o tratamento dos religiosos e aproveitar todos os eventos, é conveniente que você pense que todos os oficiais que estão no convento o exercitam, como você pode ver eles são, e alguns trabalharão para você em palavras, outros em ação, outros em pensamentos contra você, e em tudo isso você estará sujeito, como a imagem já é para aquele que trabalha, e para aquele que pintura, e para aquele que marrom.
E se você não cumprir isso, você não saberá como superar sua sensualidade e sentimentos, nem saberá como se divertir no convento com os religiosos, nem você conseguirá a paz sagrada, nem será livre de muitos obstáculos e maus.
Segundo cuidado (cautela).
16. O segundo cuidado é que você nunca deixa de fazer as obras por causa da falta de gosto ou sabor que você encontra nelas, se é adequado ao serviço de Deus que elas são feitas. Não os faça apenas pelo sabor e sabor que eles lhe deram, mas é melhor fazê-los tanto quanto os insatisfeitos, porque sem isso é impossível que você ganhe constância e superar sua fraqueza.
Terceira Cuidado (cautela).
17. A terceira cuidado é que, nunca nos exercícios, o homem espiritual tem que colocar os olhos no salgado deles para tomá-lo e por apenas fazer esses exercícios, nem deve fugir da amargura deles, antes que ele tenha que procurar os indesejáveis e laboriosos deles e abraçam isso, o que põe um freio na sensualidade. Porque de outra forma, você não perderá seu amor próprio ou ganhará amor de Deus.
Meditação
Parte 1: Cuidados contra o mundo
No caminho espiritual, a busca pela santidade e união com Deus requer cuidados e cautelas para nos proteger dos danos causados pelo mundo, pela carne e pelo diabo. São João da Cruz nos orienta sobre três cuidados essenciais para enfrentar o mundo.
O primeiro cuidado é direcionar nosso amor igualmente a todas as pessoas, sejam parentes ou não. Devemos nos desapegar do amor natural que normalmente sentimos pelos nossos familiares, pois esse amor deve ser mortificado em busca da perfeição espiritual. Tratar a todos como iguais nos ajuda a colocar o amor que devemos a Deus em primeiro lugar.
O segundo cuidado é desprezar os bens temporais. Devemos evitar nos apegar a posses materiais, sejam elas comida, roupas ou qualquer outra coisa criada. Em vez disso, devemos buscar o Reino de Deus e confiar que nossas necessidades serão supridas. Esse cuidado nos leva a encontrar silêncio e paz nos sentidos.
Por fim, o terceiro cuidado está relacionado ao convívio com os outros religiosos. Devemos evitar nos envolver nos assuntos da comunidade religiosa, mantendo a mente focada no que é correto e falando apenas quando necessário e apropriado. Ao não nos escandalizarmos ou nos surpreendermos com o que vemos ou compreendemos, conseguimos manter nossa alma livre de distrações.
Esses cuidados nos ajudam a nos proteger das influências negativas do mundo, permitindo que avancemos no caminho da santidade e da união com Deus.
Parte 2: Cuidados contra o diabo
Além de nos proteger do mundo, também precisamos ter cuidado contra o diabo, nosso segundo inimigo. O diabo é astuto e usa truques para nos enganar, muitas vezes apresentando o mal sob uma aparência de bem. São João da Cruz destaca dois cuidados fundamentais nessa luta contra o diabo.
O primeiro cuidado é buscar a obediência. Devemos seguir as ordens e direções de nossos superiores religiosos, mesmo quando algo parecer bom e cheio de caridade. A obediência nos protege de cair em armadilhas e nos mantém seguros, evitando que sejamos enganados pelo demônio.
O segundo cuidado é evitar julgar o prelado com menos reverência do que julgamos a Deus. Devemos ter um olhar de igualdade e respeito ao prelado, reconhecendo que ele ocupa um lugar de autoridade. Esse cuidado nos protege de cair em tentações e nos ajuda a encontrar benefícios e lucros espirituais.
Ao seguir esses cuidados, somos capazes de resistir às artimanhas do diabo, protegendo-nos de seus enganos e alcançando a verdadeira espiritualidade.
Parte 3: Cuidados contra si mesmo e a sensualidade
Além de enfrentar o mundo e o diabo, também precisamos estar vigilantes contra nós mesmos e contra a sensualidade, nosso terceiro inimigo. São João da Cruz nos apresenta três cautelas para vencer a nós mesmos e nossos sentimentos.
A primeira cautela é entender que entramos no convento não apenas para sermos instruídos, mas também para sermos moldados e exercitados por todos ao nosso redor. Devemos aceitar as dificuldades e imperfeições que surgem nas relações com os outros religiosos, compreendendo que eles são instrumentos divinos para nosso crescimento espiritual. Ao estar sujeitos a eles, somos capazes de vencer a sensualidade e encontrar a paz verdadeira.
A segunda cautela é não abandonar as obras apenas por falta de prazer ou satisfação. Mesmo quando não encontramos prazer nas tarefas, devemos continuar realizando-as se forem para o serviço de Deus. Essa constância nos ajuda a vencer nossa fraqueza e a desenvolver uma espiritualidade sólida.
A terceira cautela é não nos apegarmos ao que é prazeroso nos exercícios espirituais, nem evitarmos o que é amargo neles. Devemos abraçar tanto o que é agradável quanto o que é desafiador, buscando o crescimento espiritual por meio desses exercícios. Dessa forma, conseguimos domar nossa sensualidade e encontrar o amor de Deus.
Ao praticarmos esses cuidados contra nós mesmos e nossa sensualidade, nos tornamos mais fortes espiritualmente e nos aproximamos cada vez mais de Deus.
Com esses cuidados em mente, podemos seguir firmes em nosso caminho espiritual, enfrentando os desafios e alcançando uma maior união com Deus. Que possamos aplicar essas cautelas em nossa vida diária, buscando a santidade e vivendo de acordo com os ensinamentos de São João da Cruz.
Baluarte da Comunidade Voz de Deus
Fonte: Comunidade Beatitudes do Coração de Jesus