Portanto, não foi a Igreja quem instituiu o Carnaval, mas, pelo contrário, ela procurou dar novos rumos ao que já acontecia. Conseguiu, também, que o Carnaval ficasse restrito a três dias antes da Quaresma. No início os cristãos eram mais moderados. Com o passar do tempo, sobretudo no Brasil, tudo descambou para a dissolução dos costumes, mormente, nos bailes e nas Escolas de Samba em cujos desfiles predominam o nudismo e toda espécie de erotismo. Esquece-se que os Mandamentos dados por Deus a Moisés são a vereda da libertação. Entre eles estão o Sexto e o Nono Mandamentos: “Não pecar contra a castidade” e “Não desejar a mulher do próximo” (cf. Ex 20,2-17; Deut 5,6-21).
Jesus em inúmeras passagens de sua pregação urgiu o cumprimento destes preceitos. Isto foi muito bem entendido, tanto que diz São Paulo: “Nem os impudicos, nem idólatras, nem adúlteros, nem depravados, nem de costumes infames, nem ladrões, nem cobiçosos, como também beberrões, difamadores ou gananciosos terão por herança o Reino de Deus (l Cor 6,9; Rom 1l, 24-27).
Condena o Apóstolo a prostituição (1 Cor 6,13 ss, 10,8; 2 Cor 12,21; Col3,5). É preciso, de fato, sempre evitar os desvarios da carne.
Guardar castidade significa: fazer um reto uso das faculdades sexuais que Deus colocou no nosso corpo dentro do plano de Deus. Para isto é mister perceber qual é o sentido profundo e valor exato da sexualidade. Deus preceituou que homem deixaria o pai e a mãe e se uniria a sua mulher, formando uma só carne (Gên. 2,24). Ele havia dito: “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliar igual a ele (Gên. 2,18). O Criador abençoou Noé e seus filhos e lhes ordenou: “Sede fecundos, multiplicai, enchei a terra”(Gên 9,1).. O sexo está destinado, portanto, à união e ao crescimento no amor, possibilitando a criação de uma nova vida humana. O sexo foi feito para o matrimônio e o matrimônio foi elevado à sua prístina dignidade por Jesus Cristo, como está claríssimo no Evangelho (Mt 5,32). Jesus proclamou: “Bem-aventurados os puros, porque eles verão a Deus”. Para purificação interior tempo precioso é o da Quaresma, na qual ressoam as solenes palavras do profeta Joel: “Convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque ele é benigno e compassivo, paciente e de muita misericórdia e inclinado a suspender o castigo” (Joel 2,13). Tempo de conversão, isto é, de total mudança de vida dentro do programa traçado pelo livro do Apocalipse: “Aquele que é justo, justifique-se mais, e aquele que é santo, santifique-se mais” (Ap 22,11). Conversão do pecado à graça, da tibieza a uma vida mais generosa e fervorosa. Tempo em que todo cristão se esmera por adornar sua alma e lhe dar aquela beleza interior que a torne capaz de receber a plenitude das bênçãos divinas no maior dia do ano, que é a data da Páscoa do Senhor, este ano o glorioso dia 20 de abril. Quaresma, época de intensificação ascética, de retificação da vida, de uma fundamental renovação. Cabem de modo peculiar ao período quaresmal as palavras paulinas: “Eis aqui um tempo favorável; eis aqui os dias da salvação” (2 Cor 6,12).Se é verdade que não há tempo, através do ano, que não esteja assinalado pelos benefícios divinos e no qual, por meio de sua graça, não tenhamos acesso à sua misericórdia, contudo, são estes uns dias especiais nos quais devemos trabalhar com mais ardor em nosso progresso espiritual e estimular nossos ânimos com uma
mais intensa confiança no Pai misericordioso.
Fonte: https://cleofas.com.br/carnaval/