Por que Jesus pediu 3 vezes para Pedro apascentar suas ovelhas?


O verbo “apascentar”, todos sabemos, significa cuidar, conduzir, guiar, assumir a responsabilidade pelo rebanho; neste caso, é receber do Divino Proprietário a autoridade sobre o seu povo. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com autoridade a Igreja de Cristo; é ser o condutor: é ter o Primado. E ainda mais, como se tanto não bastasse, todo o contexto do Novo Testamento demonstra bem como era Pedro quem tinha a palavra final nos assuntos da Igreja primitiva, em diversas passagens bíblicas.

O Senhor Jesus Cristo, sem dúvida alguma, elevou Pedro como um "pai" para a família dos cristãos (Is 22,21), para guiar o seu rebanho. E o "Príncipe dos Apóstolos" é mais uma vez confirmado como o pastor terreno das ovelhas de Cristo logo após a Ressurreição do Senhor: vemos no Evangelho segundo João (21, 15-17) como por três vezes Jesus pergunta a Pedro se ele o amava, e por três vezes Pedro reafirma seu amor e comprometimento. E como então o Salvador, às vésperas de deixar os seus discípulos, confia expressamente a Pedro a guarda do seu rebanho, isto é, da sua Igreja, e é nítido que, naquele momento, confiava-lhe o cuidado de toda a cristandade, fazendo questão de entregar a guarda dos "cordeiros" e também das "ovelhas. “Apascenta os meus cordeiros”, repete o Senhor por duas vezes; e, à terceira, diz: “Apascenta as minhas ovelhas”.

O verbo “apascentar”, todos sabemos, significa cuidar, conduzir, guiar, assumir a responsabilidade pelo rebanho; neste caso, é receber do Divino Proprietário a autoridade sobre o seu povo. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com autoridade a Igreja de Cristo; é ser o condutor: é ter o Primado. E ainda mais, como se tanto não bastasse, todo o contexto do Novo Testamento demonstra bem como era Pedro quem tinha a palavra final nos assuntos da Igreja primitiva, em diversas passagens:


# É Pedro quem propõe a eleição de um discípulo para ocupar o lugar de Judas e completar o Colégio dos Doze (At 1,15-22);


# É Pedro o primeiro a pregar o Evangelho aos judeus no dia de Pentecostes (At 2,14; 3,16);


# É Pedro quem, inspirado por Deus, recebe na Igreja os primeiros gentios (At 10,1);


# Pedro é retratado realizando visitas pastorais às igrejas (At 9,32);

 

 


# No Concílio de Jerusalém, temos a prova definitiva: é Pedro quem põe fim à longa discussão que ali se travava, entre todas as autoridades da Igreja reunidas, decidindo ele que não se deveria impor a circuncisão aos pagãos convertidos. E a Escritura descreve como ninguém ousou opor-se à sua decisão (At 15,7-12).


E esta autoridade de Pedro, assim como a dos outros Apóstolos, era e continua sendo transmitida de um homem para outro, sendo eleitos os novos sucessores pelo próprio Colegiado dos Apóstolos, através dos tempos. No caso de Pedro, as Chaves do Reino dos Céus, entregues por Jesus Cristo, vêm sendo transmitidas, nesses dois mil anos de história, através do papado.

Dizer que a autoridade de Pedro morreu com ele seria o mesmo que renegar a Promessa do próprio Senhor Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém".


Se o Senhor prometeu que continuaria com a sua Igreja até o fim do mundo, também a autoridade que ele concedeu à sua Igreja permanece, até o fim dos tempos. Esta é a doutrina católica. Esta é a Palavra de Deus, segundo as Sagradas Escrituras. Esta é a Tradição Cristã, de dois mil anos de história. E quem pregar o contrário, seja anátema. Porque:


“De fato, não existem "dois evangelhos": existem apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós, e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que seja anátema.” (Gálatas 1, 6-8)


Entramos, a partir deste ponto, numa segunda parte deste estudo. Como os fatos que apresentamos até aqui, se observados bem de perto revelam-se inquestionáveis, surgem algumas outras argumentações, – supostamente melhor embasadas, sob uma casca de aparente "erudição", – na tentativa desesperada de negar a realidade do Primado de Pedro.

Há uma outra contestação que diz mais ou menos o seguinte: "Sim, nós reconhecemos, a Pedra do Evangelho de Mateus é Pedro, mas... no texto original em grego a palavra para pedra grande é "petra", que significa rocha, pedra grande. A palavra usada como nome para Simão é "petros", que significa pedra pequena, uma pedrinha"...

 

Pois é. Durma-se com um barulho destes. De fato, o argumento é tão fraco e desprovido de razão que, neste sentido, chega a dificultar a resposta: de tão inteiramente absurdo, o difícil é saber por onde começar a desmantelá-lo. E antes de tudo, mais uma vez, vemos o quanto são desunidas as denominações ditas "evangélicas", e como seu único objetivo comum parece ser realmente negar a autenticidade da Igreja Católica. Ora, se este argumento fosse válido, então o anterior, que diz que o a palavra Pedra não se refere a Pedro, mas ao próprio Jesus Cristo, torna-se blasfemo. Estaria o Evangelho chamando Jesus de "pedrinha"!?.. Sem perceber, todas unidas contra a Igreja Católica, as igrejas "evangélicas" acabam desmoralizando-se umas às outras.


Veja, Ana Paula, como uma igreja "evangélica" acaba ridicularizando a teoria de outra igreja "evangélica", na tentativa de negar o catolicismo. Porque, se houvesse mesmo essa alegada diferença nas expressões em grego (que não existe, como veremos), isto só serviria como uma comprovação a mais de que Jesus não poderia estar se referindo a si mesmo naquela frase.


Análises do nome de S. Pedro Apóstolo e da passagem de Mateus 16,18


NO ARAMAICO, temos duas palavras que designam os materiais rochosos:


1. Evna = Pedra;


2. Kepha ou, transliterado para o grego, Cefas = Rocha.

 

Em grego, assim como no aramaico, temos também duas palavras:


1. Lithos (λίθος), = Uma pedra pequena;


2. Petra (πέτρᾳ) = Rocha maciça; grande pedra (que é o equivalente de kepha).

 

Na Sagrada Escritura lemos como Jesus deu um nome novo ao pescador que se chamava Simão, e este nome foi Kepha (no aramaico original, em que Jesus e seus discípulos se comunicavam, e no qual certamente foi escrito originalmente o Evangelho segundo Mateus), transliterado como Cefas, que na tradução para o grego ficou Petrus, como podemos ver no Evangelho segundo João 1,42:


“Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: "Tu és Simão, filho de Jonas; serás chamado Cefas" (que quer dizer Pedro).”

 

 


É importante saber que em aramaico não há gênero, mas em grego sim. Por isso a palavra Petra, que é o equivalente a Kepha (Cefas) foi masculinizada para dar nome a um homem, o que deu origem a Petrus (e por fim a "Pedro", no português), – mas o significado do nome, evidentemente, permaneceu o mesmo (rocha ou pedra grande); se uma tradução alterasse o significado do que foi dito, isto seria uma deturpação fundamental do sentido da fala do Senhor Jesus Cristo.

 
 

Esta realidade muito básica é atestada em todo o estudo formal e acadêmico das Sagradas Escrituras, inclusive nos principais léxicos protestantes, como podemos ver abaixo (grifos nossos).


• Concordância Strong:


"4074 – πετρος – Petros; Pedro = uma rocha ou uma pedra; 1) um dos doze discípulos de Jesus."


• Friberg, Analytical Greek Lexicon


“Πέτρος, ου, ὁ – Pedro, nome próprio masculino dado como um título descritivo para Simão, um dos apóstolos (Mc 3,16); o significado do nome, "a pedra", é provavelmente o equivalente grego de uma palavra aramaica transliterada como Κηφᾶς [Kephas – João 1,42].”


• Thayer, Greek Lexicon of NT


“Πέτρος, Πέτρου, ὁ – Um nome próprio apelativo, o que significa "uma pedra"; "uma rocha"; "rochedo".”


Estamos tratando de um fato claríssimo. Não há polêmica ou discordância, ao menos entre estudiosos sérios, até aqui.

Outra nuance a ser observada é que na tradução para a língua portuguesa, a diferença entre "Pedro" (nome próprio) e "Pedra" (substantivo) não permite acentuar a força do original aramaico ou da tradução para o grego, nas quais são usadas palavras, tanto para o nome quanto para o objeto, que designam explicitamente a materialidade da rocha. O Concordância Strong, que é um dos léxicos bíblicos mais utilizados pelos protestantes brasileiros, define expressamente que Cefas ou Kepha significa "Rocha". Vejamos a citação literal (a tradução entre colchetes é nossa):


“03710 כף (Keph) – Procedente de 3721, grego 2786 – κηφας [Cefas]; DITAT – 1017; n m; – 1) Rocha; cavidade duma rocha.”


Mais uma vez, portanto, comprovamos que todos os principais especialistas, – católicos e não católicos, – confirmam que o nome de Pedro significa “Rocha” ou “Pedra” (com sentido genérico, sem definição de tamanho), sendo que na Bíblia Sagrada abundam as passagens que dão a Pedro o nome “Cefas”:

 

"Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso," (1Cor 3,22)

"Acaso não temos nós direito de deixar que nos acompanhe uma mulher irmã, a exemplo dos outros Apóstolos e dos irmãos do Senhor e de Cefas?" (1Cor 9,5)

"E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a Graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;" (Gl 2,9)

 

 

Entretanto, para a confusão e o desespero dos "evangélicos" mais radicais, que sustentam a estapafúrdia ideia de que na passagem de Mateus 16,18 Jesus teria se afirmado a si mesmo como Rocha e a Pedro como "pedrinha", – e, mais além, que essa suposta diferença conteria em si um importante significado teológico, – o texto literal da Bíblia também chama o próprio Senhor e Deus, Jesus Cristo em Pessoa, de “Lithos”; – a mesma palavra em gênero, número, grau e declinação que é usada para chamar as pedras que seriam arremessadas contra a mulher adúltera (cf. Jo 8,7) e das pedras que tomaram os incrédulos para atirar (pequenas, portanto) contra Jesus (cf. Jo 8,59):

Ὡς δὲ ἐπέμενον ἐρωτῶντες αὐτόν, ἀνακύψας εἶπεν πρὸς αὐτούς, Ὁ ἀναμάρτητος ὑμῶν, πρῶτον ἐπ᾽ αὐτὴν τὸν λίθον βαλέτω." (Jo 8,7)

Na tradução:

“Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.”


E novamente a mesma palavra, com o mesmo significado (aqui no plural):

"Ἦραν οὖν λίθους ἵνα βάλωσιν ἐπ᾽ αὐτόν· Ἰησοῦς δὲ ἐκρύβη, καὶ ἐξῆλθεν ἐκ τοῦ ἱεροῦ, διελθὼν διὰ μέσου αὐτῶν·" (João 8, 59)

Na tradução:

“Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.”


Por fim, vemos a mesmíssima palavra sendo usada com sentido completamente diferente:


“Ὡς δὲ ἐπέμενον ἐρωτῶντες αὐτόν, ἀνακύψας εἶπεν πρὸς αὐτούς, Ὁ ἀναμάρτητος ὑμῶν, πρῶτον ἐπ᾽ αὐτὴν τὸν λίθον βαλέτω” (1Pd 2,4)


Na tradução:


“Achegai-vos a ele, Pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus.”


Seria também Jesus uma "pedrinha", e não a grande Rocha da Salvação? Ou será que os fariseus e incrédulos tomaram enormes rochas para atirar contra a mulher adúltera e contra Jesus? Bem, a Bíblia não diz que eles tinham superforça...

O que fica inquestionavelmente demonstrado é que o texto sagrado usa a palavra traduzida como pedra sem distinção de tamanho ou de importância, como querem fazer parecer alguns. Não existe base ou sustentação alguma para se afirmar que “Petrus” signifique “pedra pequena”, pelo contrário: para especificar o tamanho a Bíblia utiliza outra palavra (a saber, lithos ou lithon), e mesmo assim isso não designa maior ou menor importância. A Primeira Carta de Pedro revela ainda mais:

 

"καὶ αὐτοὶ ὡς λίθοι ζῶντες οἰκοδομεῖσθε οἶκος πνευματικός, ἱεράτευμα ἅγιον, ἀνενέγκαι πνευματικὰς θυσίας εὐπροσδέκτους τῷ θεῷ διὰ Ἰησοῦ χριστοῦ" (1Pd 2,5)

Na tradução:

"Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo."

Mais uma vez, vemos que a mesma palavra, lithos, usada para Jesus Cristo (em 1Pd 2,4), é utilizada também (no mesmo grau e gênero) para os demais cristãos. E, por incrível que pareça, mesmo assim, ainda existem "pastores" que insistem em alegar que o termo "rocha" ou "pedra" só pode ser utilizado para Jesus! São estes os grandes conhecedores da Bíblia que muitos andam seguindo...



 

Em outras passagens das Sagradas Escrituras, Jesus igualmente é chamado Petra, assim como Pedro (Petrus). Isto, entretanto, não tira a magnitude nem a exclusividade do Cristo como nossa única e maior Rocha da Salvação, – e nem da especial função de Pedro como Rocha da Unidade da Igreja, como reflexo ou imitação daquele que é seu Deus, Senhor e Mestre. Afinal, é isto que todo cristão deve ser: reflexo e imitação de Cristo. Tanto mais aquele que foi escolhido diretamente pelo Senhor para guiar o seu rebanho (cf. Jo 21, 15-17).


Aqui finalizamos a explicação sobre o nome de Pedro, e partimos para a apreciação aprofundada da passagem do Evangelho de Mateus (16,18) que é o tema central deste estudo e que, vista assim de perto, talvez surpreenda a muitos.

 


A tradução literal e fiel de Mateus 16,18: palavras que fazem toda a diferença

Com variações mínimas entre versões e edições, o que Nosso Senhor Jesus Cristo diz a Simão filho de Jonas, traduzido para o português (atenção para o trecho em negrito), é:

 

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Em Grego, o texto é o que segue abaixo, com as mesmas palavras destacadas em negrito:

“κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳοἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς”

Vejamos no aramaico, – a língua original e primária deste Evangelho, – este mesmo trecho que destacamos em negrito (cf. Bíblia Peshita, tradução do grego para o aramaico do séc. V – lê-se da direita para a esquerda):

Veja que em aramaico não há diferença entre "Pedra" ou "Rocha" e o nome de Pedro


Agora analisaremos de modo especial duas palavras nesta frase, as quais fazem toda a diferença no sentido da expressão e que são literalmente o que chamamos de palavras-chave. Trataremos, a partir daqui, do que vai encerrar definitivamente a questão. Voltemos ao mesmo trecho escrito em grego:

“κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳοἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς”

Note bem as duas palavras em negrito (ταύτῃ τῇ) que praticamente todas as versões (tanto católicas quanto protestantes) traduzem simplesmente pelo pronome demonstrativo “esta”. – O que não é errado, mas pode ser insuficiente para que os homens de mente fraca ou má vontade compreendam, no português, exatamente o que está sendo dito no idioma original, especialmente quando em torno do assunto se procura criar polêmica. Vejamos...

ταύτῃ (tauth) é o dativo feminino de οὗτος (outós), e sua tradução mais simples realmente seria “esta”, neste caso servindo para dar ênfase a algo previamente mencionado. τῇ (th) é também dativo feminino e o artigo da frase, ou seja, sua tradução seria “a”, como quando se diz "a" pedra, que não é o mesmo que dizer "uma" pedra. Se eu digo "a" pedra, estou me referindo a uma pedra específica, e se digo "uma" ou "alguma" pedra, estou me referindo a uma pedra qualquer, não específica. Ocorre, então, que as duas palavras juntas (ταύτῃ + τῇ) conferem o sentido de “esta mesma”; “esta própria”.

Sim... Então, juntando o nome de Pedro, que foi previamente confirmado como Petra (Pedra ou Rocha, conforme atestado também nos léxicos protestantes, como vimos) podemos e, de fato, deveríamos, traduzir Mateus 16,18 da seguinte forma:

“Tu és Pedra e sobre esta mesma Pedra Eu edificarei a minha Igreja.”

Ou, ainda:

“Tu és Rocha e sobre esta mesma Rocha Eu edificarei a minha Igreja.”

Percebe agora, caro leitor, como a questão não é tão complexa como alguns querem fazer parecer? Como é perfeitamente possível comprovar o sentido real e insofismável do que a Bíblia realmente diz no Evangelho segundo Mateus, simplesmente prestando atenção ao que ali está escrito?

Aqui, uma pergunta que se poderia fazer, com certa justiça, seria: “Por que as Bíblias (especialmente as católicas) não trazem a tradução dada acima, que seria mais precisa e fiel ao texto original?”. E a resposta muito, muito simples, é esta: porque na tradução culta (e uma tradução da Bíblia precisa ser culta), o artigo (τῇ – th), do grego, depois de um pronome demonstrativo não precisa ser traduzido, pois está subentendido. Logo se traduz, comumente, somente o “esta”, e o sentido continua o mesmo.

 

 

Exemplificando, seria exatamente o mesmo caso, prezado leitor, se eu lhe dissesse: "você está usando gravata, e eu lhe digo que essa gravata é azul". Evidentemente, a gravata azul tem que ser a que você está usando, que eu mencionei antes, na mesma frase, e o complemento "mesma" é totalmente desnecessário numa asserção assim. Mais do que desnecessário, tornaria a frase até estranha: "você está usando uma gravata, e eu lhe digo que essa mesma gravata é azul".

Mesmo assim, São Jerônimo traduziu a passagem em questão, para o latim, com os seguintes termos: "Tu es Petrus et super hanc Petram aedificabo Ecclesiam meam”: o trecho em negrito seria igualmente traduzido por “sobre esta mesma Rocha", pois o "hanc" no latim tem igualmente o sentido de “esta mesma” ou “esta própria”. São Jerônimo, que falava fluentemente o grego koiné (bíblico), sabia muito bem o sentido real da passagem. Quando ele traduziu a vulgata, o koiné ainda era uma língua viva.

Finalizando, para que não fique realmente nenhuma dúvida a respeito das duas palavras que fazem toda a diferença, demonstraremos o fato de que ταύτῃ + τῇ têm o sentido literal de “esta mesma” usando a tradução protestante de João Ferreira de Almeida. – Como vimos, a maioria das passagens que contém estas duas palavras juntas não são assim traduzidas, simplesmente porque usando-se somente o pronome demonstrativo "esta" o sentido fica já claro, como no exemplo da gravata acima.

Então, abaixo, utilizamos a tradução de João Ferreira de Almeida, apenas para esgotar definitivamente a questão. O texto a ser analisado é o do versículo 23 do capítulo 27 do Livro dos Atos dos Apóstolos:

No grego:

"παρέστη γάρ μοι ταύτῃ τῇ νυκτὶ τοῦ θεοῦ, οὗ εἰμι [ἐγώ] ᾧ καὶ λατρεύω, ἄγγελος" (Atos 27,23)

Aí estão, novamente destacadas em negrito, exatamente as mesmas duas palavrinhas usadas por Jesus Cristo em Mateus 16,18. Pois bem, vamos à tradução de João Ferreira de Almeida ("Corrigida e revisada fiel") desta passagem:

"Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo." (Atos 27,23)

 

Aqui está o link para conferência. Por tudo o que vimos até aqui, podemos dizer com toda a clareza, cabeça erguida, em alto e bom tom e sem nenhum medo de errar, a quem quiser ouvir: PEDRO É A ROCHA sobre a qual o Senhor Jesus Cristo edificou a sua Igreja (e não "as suas igrejas"), porque foi a este Apóstolo, e somente a ele, a quem o Senhor pessoalmente disse, exatamente nestes termos:

“TU ÉS ROCHA E SOBRE ESTA MESMA ROCHA EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA.” (Mt 16,18)

Encerro este estudo em duas partes com um convite a uma breve reflexão. O fato simples, óbvio e concreto, para todo homem e mulher de boa vontade, é que não é preciso se perder em estudos linguísticos complexos nem em traduções de línguas estrangeiras antigas para compreender toda a questão. Além de toda a evidência gramatical, linguística e filológica, a própria estrutura da narração do Evangelho segundo Mateus (no cap. 16, vs. de 15 a 19) não permite uma diminuição do papel de Pedro na Igreja, de modo algum. Para confirmá-lo basta observar a forma na qual se estrutura o texto! Haveria algum sentido em Jesus dizer uma frase mais ou menos assim: “Bendito és tu, Simão, pois não foi a carne nem o sangue que te revelaram este Mistério, mas meu Pai, que está nos Céus. Por isso, eu te digo: és uma pedrinha insignificante, e sobre esta Pedra, que sou Eu mesmo, edificarei a minha Igreja... Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu”!?..

Querido leitor protestante/evangélico, será que isso realmente faz algum sentido para você?

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E quem tem entendimento para entender, entenda. Deus Pai, Filho e Espírito Santo nos guarde e salve no último dia.


________
Bibliografia:

• MALZONI, Cláudio Vianney. 25 Lições de Iniciação ao Grego do Novo Testamento, São Paulo: Paulinas, 2009.

• RUSCONI, Carlo. Dicionário de Grego do Novo Testamento, São Paulo: Paulus 2003.

• STRONG, James. Exaustiva Concordância – Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.

• FRIBERG, Analytical Greek Lexicon.

• THAYER, Greek Lexicon Of NT.

Com RODRIGUES, Rafael. Apologistas Católicos: Pedro, a Rocha. (Parte I). Disponível em:
https://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/papado/483-pedro-a-rocha-parte-i
Acesso: 17/8/014
ofielcatolico.com.br

 

Fonte: https://www.ofielcatolico.com.br/2002/03/pedro-pedra-autoridade-da-igreja.html

https://www.ofielcatolico.com.br/2002/03/analises-do-nome-de-s-pedro-apostolo-e.html

 

Quem é a pedra: Jesus ou Pedro?

Os protestantes falam que a pedra que Jesus falou era ele mesmo, mas para os Católicos, a pedra seria Pedro. Quem está com a verdade? O que a Igreja, a Bibli...

Destruindo a lógica Protestante que nega que Pedro não é a rocha sobre a qual Jesus edificou sua Igreja em 10 minutos

Nesse vídeo o ex protestante Jimmy Akin nos presenteia com alguns argumentos sobre a correta interpretação de uma das passagens mais polêmicas da bíblia, ...

Quais provas bíblicas e históricas que Jesus deu ao papa o poder de ligar e desligar na terra?

Quando Jesus instituiu a Sua Igreja – uma sociedade humana e divina – deu a seu chefe visível e humano, o poder de fazer o céu ligar o que ele ligasse aq...

Quem foram São Pedro e São Paulo e por que se comemora essa solenidade?

“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. ...

Provas arqueológicas, bíblicas e históricas confirmam que o Apóstolo Pedro viveu e morreu em Roma

Os protestantes infelizmente inventam muita coisa sobre Pedro e uma delas é que Pedro nunca foi pra Roma e muito menos morreu lá. E ainda fala que ele não t...

O Primado de Pedro foi profetizado pelo Profeta Isaías?

Prefigurar significa antecipar, representar previamente, anunciar um tipo, modelo futuro ou uma personagem histórica. Santo Agostinho já ensinava que “o Nov...