Posso confiar na Renovação Carismática? O que a Igreja diz? É um movimento Protestante?


Inegavelmente, a Renovação Carismática Católica é o movimento que mais desperta paixões no meio católico. Uns demonizam a RCC como um poço de heresia protestante, outros a exaltam como a salvação da Igreja e que bate de frente com a Teologia da Libertação que vinha matando a Igreja por dentro. E então, o que pensar?

Inegavelmente, a Renovação Carismática Católica é o movimento que mais desperta paixões no meio católico. Uns demonizam a RCC como um poço de heresia protestante, outros a exaltam como a salvação da Igreja. E então, o que pensar?

Bem, todo católico deve estar atento para o que dizem nossos papas: o beato João Paulo II, Bento XVI e Francisco creem que a RCC dá muitos bons frutos para Deus. Porém, como qualquer grupo católico, a RCC não é infalível, e pode naturalmente possuir alguns aspectos que precisam ser purificados. Sendo assim, criticar determinados abusos que ocorrem frequentemente em certos grupos da RCC não significa invalidar o movimento como um todo, mas apenas revela o desejo de que os carismáticos sejam cada vez mais agradáveis a Deus.

Muitos carismáticos encaram as críticas de mente aberta, outros se enfurecem e se fecham completamente, rebatendo que a RCC é aprovada pela Igreja. Entretanto, nos Estatutos da RCC aprovados pelo Vaticano não constam os pontos controversos desse movimento. Por isso, o fato de a RCC contar com o apoio de Roma não significa que todas as práticas promovidas pelos grupos carismáticos têm o seu aval.

Pra gente entender melhor essa peleja da gota, vamos analisar os principais pontos de discussão, em uma série de artigos. Hoje, falaremos sobre a origem do movimento.

A RCC nasceu da experiência de jovens católicos americanos, que costumavam se reunir para orar com protestantes pentecostais (anglicanos episcopalianos). Até que um dia, em um retiro, depois de muito pedir para que o Espírito Santo descesse sobre eles, receberam o chamado “Batismo no Espírito Santo” (explicaremos o que é isso em outro post). Foi então que muitos deles disseram manifestar dons carismáticos tal como no tempo dos Apóstolos, como o discernimento de espíritos, a cura e a profecia.

 

 

Bem, que a Igreja Episcopal Anglicana é uma das mais viajantes, perdidas e decadentes de todo o mundo cristão, isso é certo (saiba mais aqui). Agora, que o Espírito Santo sopra onde quer, isso também é certo. O fato é que os católicos carismáticos abraçaram esse aspecto “místico”, digamos assim, dos episcopalianos, mas não recuaram em nenhum milímetro dos dogmas católicos. Aliás, uma forte característica dos carismáticos é a postura de submissão às autoridades eclesiásticas: procuram obedecer ao Papa, aos bispos e ao pároco.

Na minha paróquia, ao menos, o pároco não pode dizer um “A” que os carismáticos se mobilizam imediatamente, procurando viabilizar suas mais leves sugestões. Eles não simplesmente discursam: fazem. É gente que bota a mão na massa!

Infelizmente, grupos carismáticos – ou que indevidamente se dizem carismáticos – não acham suficiente “importar” dos protestantes o pentecostalismo; eles copiam também toda a palhaçada crente neopentecostal: novos ritos inspirados em passagens do Antigo Testamento, teologia da prosperidade... E o mais constrangedor: uso de técnicas de hipnose e autossugestão para provocar na assembleia a histeria coletiva. Aí é um tal de fulano desmaiar de um lado, outro tem convulsões de outro...

Mas, com a devida condução, os grupos de oração são fonte de crescimento espiritual para os católicos. Fazem o inferno tremer e geram muitos bens para o mundo inteiro. Grupo de Oração CATÓLICO, sim. Culto protestante neopentecostal dentro da Igreja Católica, não!

 

 

“Graças ao movimento carismático tantos cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos, redescobriram o Pentecostes como realidade viva e presente na sua existência quotidiana. Faço votos por que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja, como renovado impulso de oração, de santidade, de comunhão e de anúncio.” (Papa João Paulo II Vésperas de Pentecostes, 29 Maio de 2004)

Sim, que a verdadeira espiritualidade de Pentecostes, espiritualidade inequivocadamente católica, se difunda na Igreja!

O que os papas disseram sobre a Renovação Carismática?

A Renovação Carismática é um movimento nascido no seio da Igreja Católica e, portanto, caminha em comunhão com os pontífices romanos desde o seu surgimento, há mais de 50 anos. Prova disso são os pronunciamentos dos chefes da Igreja de Cristo, ao longo do tempo, sobre a vivacidade, a importância desse movimento para os católicos e os frutos que a própria Igreja tem colhido. Veja alguns pronunciamentos dos Papa sobre a RCC.

Papa Paulo VI e a Renovação Carismática

No ano de 1975 aconteceu em Roma o 3º Congresso Internacional de Líderes da Renovação Carismática Católica. Na ocasião, o Papa Paulo VI falou que “não há nada mais necessário do que o testemunho desta ‘renovação espiritual’ que o Espírito Santo suscita” e destacou os seus frutos: “comunhão profunda das almas, contato íntimo com Deus na fidelidade aos compromissos assumidos no batismo, na oração com frequência comunitária, onde cada um, exprimindo-se livremente, ajuda, sustenta e fomenta a oração dos outros, tudo fundamentado numa convicção pessoal, derivada não só da doutrina recebida pela fé, mas também de certa experiência vivida, a saber, que sem Deus o homem nada pode, e que com ele, pelo contrário, tudo é possível, daí essa necessidade de louvá-lo, dar-lhe graças, celebrar as maravilhas que realiza por toda parte em torno de nós e em nós mesmos”.  

O Papa Paulo VI via a Renovação Carismática como uma nova oportunidade para a Igreja, ou seja, para todos os fiéis, de estreitar sua relação com Deus.  

São João Paulo II, o 3º maior pontificado da história

São João Paulo II, o Papa com o terceiro maior pontificado na história da Igreja, teve muitas oportunidades de demonstrar seu apreço pelo Movimento Carismático. Em 1979, numa audiência com o Conselho Internacional da Renovação Carismática Católica ele afirmou estar “convencido de que este movimento é um si­nal de sua ação (do Espírito Santo)” e que “o mundo tem muita necessidade desta ação”, visto que a humanidade está cada vez mais materialista e, por consequência, negando cada vez mais a existência do espiritual.  Em combate a isso, “eu vejo este movi­mento (…).  Através dessa ação, o Espírito Santo vem ao espírito humano, e a partir desse momento começamos novamente a viver, a en­contrar-nos conosco mesmos, a encontrar a nossa identidade, nossa total humanidade”.

 

 

Em 1981, na 4ª Conferência Inter­nacional de Líderes da Renovação Ca­rismática Católica, em Roma, São João Paulo II destacou: “A Igreja viu os frutos de vos­so zelo pela oração num firme compromis­so de santidade de vida e de amor à Palavra de Deus”. Onze anos depois, numa audiência ao Conse­lho Internacional da Renovação Ca­rismática Católica celebrando os 25 anos do início desse movimento, Ele afirmou que o surgimento da Renovação Carismática foi um dom especial do Espírito Santo para a Igreja. 

Em 1996, São João Paulo II enviou uma mensagem aos participantes do 7º Encontro Interna­cional das Comunidades e Associações Carismáticas da Fraternidade Católi­ca de Aliança. “Como não podemos louvar a Deus pelo abundante fruto que, nas últimas décadas, a Renovação no Espírito trouxe à vida de indivíduos e comunidades?”, questionou-se o Santo Padre. Ele mesmo justificou: “Muitas pessoas puderam apreciar a importância da Sagrada Es­critura para uma vida cristã. Eles adquiriram um novo sentido do valor da oração e um profundo desejo de santidade. Muitos voltaram aos sacra­mentos. Um grande número de homens e mulhe­res alcançou uma percepção mais profunda de seu chamado batismal e com admirável dedicação se consagrou à missão da Igreja”.

Em 2002, discursando à delegação da Renovação Carismática, em Rímini, João Paulo II afirmou que a partir da Renovação Carismática “se experimenta o encontro vivo com Jesus, de fidelidade a Deus na oração pessoal e comunitária, de escuta confiante na Sua Palavra, de redescoberta vital dos Sacramentos, mas tam­bém de coragem nas provações e de esperança nas tribulações”.

O Papa Emérito Bento XVI falou sobre a novidade do Espírito

No ano 2008, Bento XVI fez um discurso aos representantes da Renova­ção Carismática Católica que se reuniram em Roma. Ele destacou que os carismas do Espírito Santo não são um acontecimento bíblico histórico que ficou no passado, mas que são uma realidade viva resgatada pela Renovação Carismática. “Os Movimentos e as Novas Comunidades são como irrupções do Espírito Santo na Igreja e na sociedade contemporânea. Então podemos dizer que um dos elementos e dos aspectos positivos das Comunidades da Renovação Carismá­tica Católica é precisamente a importância que revestem nelas os carismas ou dons do Espírito Santo e mérito seu é ter evocado na Igreja a atualidade”, destacou o Papa emérito.

 

 

O Papa Francisco nos 50 anos da RCC

Em 2014 aconteceu em Roma o 37ª Encontro da Renovação no Espírito Santo. Na ocasião, o Papa Francisco fiz um discurso no qual definiu a Renovação Carismática como “uma Corrente de Graça na Igreja e para a Igreja”. Em outro evento, no mesmo ano, o Sumo Pontífice destacou que “foi a Renovação Carismática que recordou à Igreja a necessidade e a importância da oração de louvor”.

Em 2017, num evento que celebrou os 50 anos do Movimento, o Papa Francisco fez um agradecimento: “Obrigado, Renovação Carismática Católi­ca, por aquilo que destes à Igreja nestes 50 anos! A Igreja conta convosco, com a vossa fidelidade à Palavra, com a vossa disponibilidade ao serviço e o testemunho de vi­das transformadas pelo Espírito Santo!”. 

Ainda temos muitos pontos da RCC para tratar. Acompanhem essa série! Até a próxima!

 

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