Como se preparar em família para o Natal – provocou em mim uma boa reflexão, me fazendo pensar em nossa prática familiar nos anos anteriores e como poderíamos aprofundá-la neste ano. A Igreja nos insere no contexto do Advento com as leituras onde se destacam o apelo de João Batista, as profecias de Isaías e o grande sim de Maria, mas também com a cor utilizada nas celebrações, as músicas e a vivência da modéstia e silêncio, reservando para o dia de Natal nossa expressão de alegria. Mas como levar esta preparação para dentro de nossas casas?
Com o avanço do Advento e quanto mais se aproxima o Natal, mais profunda deveria ser a nossa reflexão e maior o tempo dedicado à preparação. Mas tem acontecido justamente o contrário. O Natal vai chegando e nossa correria vai aumentando. Esquecemos esse e aquele presentinho! E as dezenas de amigos ocultos? (nem sabíamos que tínhamos tantos amigos!) Já ia me esquecendo da ceia, da comilança, da bebida. A roupa? Não posso ir com a mesma roupa que fui no ano passado… Parece que estamos correndo para desarmar uma bomba relógio. E onde entra o Advento e Natal no meio dessa correria?
Caro amigo leitor, já faz algum tempo que esse ritmo popular de “tempo de Natal” muito me incomoda. Não aguento andar pelas ruas do centro, lotadas e com a Simone cantando “Então é Natal, a festa cristã…”, onde de cristão não tem nada, pois não passa de armação para nos sentirmos bem e comprarmos mais e mais.
Há alguns anos decidimos viver o Natal de forma diferente e quero partilhar isso com você. São coisas simples, porém desafiadoras, que temos feito contra a “correnteza” para viver melhor o Natal como novena com as crianças, a questão dos presentes, comemorações e amigos ocultos, tempo para os sacramentos (especialmente a confissão), as reuniões de família no dia 24 e 25, a vigília e dia do Natal etc. Como você vive estas questões em sua família? Estas atitudes, para minha família, são também respostas para a vigilância que nos é proposta no primeiro domingo do Advento: “Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer.” (Mc 13,35)
O Natal de Jesus é uma grande festa também de cada família, pois naquele Nascimento divino se formava a Sagrada Família de Nazaré. A Igreja ensina que o “os filhos são o dom mais excelente do matrimônio” (CIC,§ 2378). Sobretudo esta alegria é insuperável quando nasce como homem o próprio Deus.
Por isso, toda família cristã precisa celebrar com júbilo o Natal do nosso divino Redentor e Salvador. Naquela criança pobre, humilde, desprovida de toda honra e glórias humanas, estava o Rei do Universo, o Senhor dos Senhores.
Ele quis nascer e viver trinta anos numa família para nos mostrar que nada é mais importante para a humanidade do que esta instituição divina, hoje tão ameaçada. Ali naquela pobre casinha de Nazaré Ele cresceu, aprendeu a ler as Escrituras que falavam Dele, foi obediente a Seus pais que Ele mesmo criou; trabalhou com mãos humanas na carpintaria de São José e abençoou todo tipo de trabalho honesto; e manteve o Lar sagrado após a morte do Seu pai adotivo.
O Nascimento de Jesus tem tudo a ver com a família; “o Senhor quis entrar em nossa história pela família”, disse um dia o Papa São João Paulo II. Então, cada família deve se preparar com zelo e carinho na celebração do Natal e vive-lo com devoção.
Antes de tudo é preciso focar as atenções no grande Aniversariante. Ele veio para nos salvar. Que Ele não seja esquecido, renegado, escondido. “Ele é Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,19). Como disse o salmista, é preciso dizer: “Que céus e terra glorifiquem o Senhor com o mar e todo ser que neles vive!” (Sl 68,35); porque “Seu Nome é admirável Conselheiro, Deus forte, Pai do século futuro e Príncipe da paz será chamado” (Is 9,6).
Toda a alegria da família deve estar lastreada no júbilo que brota em nossos corações por saber que agora temos um Irmão divino, que nos ama, que nos acompanha, e que vive em nossa alma. Deus se fez homem, veio armar a Sua tenda entre nós; Ele é o Emanuel, o Deus conosco, que, ressuscitado caminha conosco para que não tenhamos medo das lutas da vida. Ele não se orgulhou de ser Deus, se fez pequeno, se fez criança; como disse São Paulo se fez pobre para nos enriquecer com suas graças.
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Cada família cristã precisa armar o Presépio, e contemplar diante dele as grandezas desse Menino que deixou a glória celeste para nos socorrer em nossas misérias.
Contemplando também os personagens do Presépio, podemos meditar profundamente nas lições do Natal, e preparar a alma para construir nela o verdadeiro presépio; a melhor manjedoura no coração para receber o Rei dos reis.
José e Maria, os pais do Menino Deus encarnado feito homem que quis ter uma família humana. Aí vemos toda a importância do pai, da mãe e da família; é uma consagração do quarto mandamento. A família é sagrada; e a mais sagrada é a família de Nazaré. O Presépio nos ensina a beleza e a importância da família. Em José e Maria vemos também o exemplo daqueles que vivem conforme a exata vontade de Deus: dóceis, meigos, disponíveis a Deus de maneira absoluta; simples, puros, santos.
Ali estão os Anjos – anunciaram com júbilo aos pastores o nascimento do Menino Deus: “Glória a Deu nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Os Anjos acompanharam Jesus em toda a sua vida, da manjedoura á Ascensão ao céu.
Ali está aquele pequeno burrinho – era o humilde animal dos pobres e humildes do povo que aguardavam o Messias, que viria para salvar o povo. Foi nele que Jesus entrou em Jerusalém para consumar a Sua obra e viver a Sua paixão. No Presépio ele representa a criação dócil de Deus que acolhe o seu Deus e lhe presta o devido culto de serviço e de louvor.
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O boi também está ali – era o animal sacrificado nos holocaustos dos judeus, no Templo, em oferenda pelos pecados do povo. Jesus, com o Seu Sacrifício na cruz, levou à plenitude os sacrifícios da Antiga Aliança, que era celebrada no sangue dos novilhos. O boi no Presépio acolhe a Grande Vítima que será um dia imolada no Calvário, no seu lugar, pelo pecado do mundo.
A ovelha – dócil animal que representa o Cordeiro que os judeus sacrificavam diariamente no chamado “holocausto perpétuo”, ao cair da tarde, para a purificação dos pecados do povo judeu. É uma imagem de Jesus, que como disse Isaias, foi conduzido ao Calvário como uma ovelha muda, sem resistir, sem blasfemar, sem se arrepender de fazer a vontade de Deus.
Ali estão também os pobres pastores de Belém – são os representantes humildes do povo judeu, para quem Jesus veio em primeiro lugar. Os céus se lhes abriram e eram viram os Anjos cantando o Glória a Deus. São eles as testemunhas de que Deus cumpriu para com o povo judeu a Promessa de enviar o Redentor, anunciada pelos profetas.
Os reis Magos chegaram também – são os representantes dos gentios; daqueles que não eram judeus; muitos deles já conheciam o Deus de Israel e lhes prestavam culto. Os Magos no Presépio indicam que Jesus veio não só para os judeus (representados nos pastores), mas para todos os povos do mundo. Eles oferecem ao Menino Deus, o incenso; ao Menino Rei, o ouro; ao Menino Cordeiro, a mirra do sepulcro. É a representação de todos os povos que veem adorar “Aquele que vem em Nome do Senhor”.
É ai, diante do Presépio que os pais podem aprender a amar como José e Maria; e os filhos podem aprender com o Deus Menino a beleza da obediência aos pais, e a virtude do trabalho.
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É diante do Presépio que a família deve rezar o Terço meditando cada mistério da vida de Jesus, desde o Anuncio do Anjo a Maria até a consumação de Sua glória.
Que cada presente dado aos filhos seja a expressão da alegria do nascimento do nosso Redentor. Que a ceia do Natal seja a expressão da confraternização da família que se modela no exemplo da Sagrada Família. Que o desejo de “um feliz Natal”, seja também um compromisso de amar cada pessoa da família, suportando os defeitos de cada um, se comprometendo a ajudá-los nas suas dificuldades.
Enfim, que a celebração do Natal em cada lar seja o advento, a chegada, Daquele que é o Príncipe da Paz, e que vem trazer a paz à família, neste mundo de tantas aflições e tribulações.
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