Provando que na Eucarístia, o vinho é de fato o Sangue de Cristo


Em João 6, a promessa de Cristo em dar a sua Carne para comer e o seu Sangue para beber soa literal? Cristo está presente substancialmente ao invés do sobrenaturalmente? Se nós comemos apenas os acidentes (aparências), como poderíamos comer a Cristo, que disse que exceto se comêssemos da sua Carne e bebêssemos do seu Sangue não teríamos a vida eterna com ele?

Em João 6, a promessa de Cristo em dar a sua Carne para comer e o seu Sangue para beber soa literal. Cristo está presente substancialmente ao invés do "sobrenaturalmente" que vocês escreveram. Se nós comemos apenas os acidentes (aparências), como poderíamos comer a Cristo, que disse que exceto se comêssemos da sua Carne e bebêssemos do seu Sangue não teríamos a vida? (Anônimo)

 

Sua questão desnecessariamente planta um conflito entre uma presença sobrenatural e outra substancial. Jesus tanto está substancialmente presente (o pão e o vinho realmente tornam-se o seu Corpo e Sangue) quanto sobrenaturalmente presente (a transubstanciação ocorre pela ação sobrenatural de Deus; os acidentes do pão e do vinho permanecem sem as substâncias do pão e do vinho).

Ao consumir os elementos eucarísticos, os mecanismos físicos do comer ferem apenas os acidentes do pão e do vinho. O processo de consumo da Hóstia não envolve rasgar e triturar o Corpo de Cristo, apesar da sua presença substancial. É por isso que a acusação de canibalismo não procede.

Podemos ainda dizer que o Corpo e o Sangue de Cristo são consumidos sacramentalmente na Sagrada Comunhão porque o que é comido é literalmente o seu Corpo e o seu Sangue, ainda que a ação física de comer afete apenas os acidentes do pão e do vinho.

A palavra Sacrifício vem do latim sacrificium que significa “ofício sagrado”, um ato próprio de adoração a Deus. Presentes nas mais antigas religiões da humanidade.

Na Tradição judaico-cristã o primeiro registro de um sacrifício está no livro do Gênesis onde se diz que “Caim trouxe ao SENHOR uma oferenda de frutos da terra; também Abel trouxe primícias dos seus animais e a gordura deles” (Gn 4,3-4). Noé e Abraão constroem altares e oferecem sacrifícios de animais para Deus (cf. Gn 8,20-21; 12,7-8; 13,18; 15, 8-10; 22,13).

Mas, um altar em específico deve nos chamar a atenção. Deus pede a Abraão que tome seu único filho, Isaac, muito amado e o ofereça em sacrifício na terra de Moriá em um dos montes que Ele iria indicar (cf. Gn 22,2). Ora, este é o mesmo lugar onde o Rei Salomão mandou construir o Templo de Jerusalém, segundo uma visão dada a seu pai o Rei Davi (cf. 2Cr 3,1). E que no tempo dos Reis, esse Templo tornou-se o único lugar autorizado para se oferecer os sacrifícios para os Judeus.

A Sagrada Escritura nos conta que “Abraão tomou a lenha do holocausto e a colocou sobre seu filho Isaac” (cf. Gn 22,6), isto é, Isaac carregou a lenha do sacrifício até o local onde o mesmo deveria ser realizado. Da mesma forma, Nosso Senhor Jesus Cristo carregou Ele mesmo o madeiro onde seria imolado. Isaac habituado a oferecer sacrifícios a Deus com seu pai, estranha a falta do cordeiro e pergunta a ele “mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (cf. Gn 22,7). E Abraão responde que o cordeiro, Deus proverá (cf. Gn 22,8). Por fim, o Anjo de Deus impediu que Abraão sacrificasse o próprio filho e forneceu o cordeio para o holocausto (cf Gn 22,9-13).

 

Sacrifício e Aliança com Deus

Este evento possui muita importância foi por causa do Sacrifício de Abraão que Deus estabelece com ele e toda a sua descendência uma aliança (cf. Gn 22, 15-18) com bênçãos espetaculares. Pois Abraão demonstrou o seu amor incondicional a Deus, dispondo a sacrificar seu único filho a quem ele muito amava. Em resumo, Abrão estava disposto a entregar a Deus, sem questionamento aquilo que mais lhe importava na vida.

São muitos os paralelos entre o sacrifício de Abraão e o sacrifício de Cristo. Como já dissemos em ambos, a vítima é quem levava a lenha do madeiro. Em ambos, o único filho de um pai amoroso deveria ser entregue para o holocausto. Em ambos, Deus é quem providenciou o cordeiro. Em ambos uma aliança é estabelecida. Com efeito, S. Paulo ao escrever aos Gálatas afirma “Cristo nos resgatou da maldição da Lei [de Moisés] … a fim de que a benção de Abraão [estendida somente aos Judeus] em Cristo Jesus se estenda aos gentios, e para que, pela fé recebamos o espírito prometido” (cf. Gl 3,13-14).

O Sacrifício oferecido por Abraão em um dos montes de Moriá, onde futuramente seria erguido o Templo na futura cidade de Jerusalém, pelo Rei Salomão (por isso era chamado também de Templo de Salomão) foi o grande marco da relação de Deus com o seu povo escolhido, o povo de Israel. Note aqui que o sacrifício ganha um novo sentido, sentido de aliança. Um ato de adoração a Deus que também significa a aliança Dele com os homens.

Este novo sentido se confirma quando após a morte de Abraão, Deus se manifesta a seu filho Isaac, e renova com ele as promessas feitas a seu pai. A Sagrada Escritura diz que depois disso Isaac “construiu um altar e invocou o nome de Iashweh” (cf. Gn 26,25). Desta forma, o sacrifício de Isaac inaugurou mais uma vez a aliança da descendência de Abraão com Deus.

Podemos atestar que o rito sacrificial ocupara um lugar de destaque no culto de adoração dos descendentes de Abraão, quando no tempo da escravidão no Egito, eram acusados de serem ociosos porque reservavam um tempo para oferecer os sacrifícios a Deus (cf. Ex 5, 17).

Mais tarde quando Moisés negocia com o Faraó a saída do povo de Israel do Egito, a sua principal exigência é que ele permitisse que levassem o rebanho que possuíam para que pudessem na terra prometida oferecer os sacrifícios devidos a Deus (cf. Ex 10,24-26).

 

O Sacrifício Pascal

O rito de adoração divina dos israelitas ganha um novo sentido quando é instituída a principal festa religiosa dos judeus: a Páscoa (ou Pessach). A Páscoa é instituída no tempo de Moisés quando o povo ainda estava cativo na terra do Egito.

Como dissemos antes, Moisés negociando com o Faraó a saída do povo israelita do Egito exige que este deixe que o povo saia com o rebanho que possuíam. Porém, o Faraó não atende o pedido de Moisés, não permitindo que o povo saia do Egito (cf. Ex 10,27; 11-10). E por causa disto, Deus promete enviar uma última praga ao Egito, a fim de que o Faraó finalmente permita a saída de Seu povo (cf. Ex 11,1). Essa praga ficou conhecida como a morte dos primogênitos (cf. Ex 11,4-8).

A Sagrada Escritura nos relata a instituição da Páscoa em Ex 12. Ela significava a libertação do Povo de Israel do cativeiro no Egito, já que

Naquele dia o Senhor tirou os israelitas do Egito, segundo os seus exércitos” (cf. Ex 12,51. Ver também Ex 13,3).

Devido a este evento marcante, a saída do Povo de Israel do cativeiro na terra do Egito, a festa da Páscoa tornou-se a principal do calendário religioso dos Judeus. Tão marcante que de fato ali estabeleceu-se um marco, um início, um novo tempo para Israel, chegando ao ponto de o próprio Deus, dentre as várias orientações pascais, estabelecer um calendário que deveria ser seguido:

Disse o Senhor a Moisés e a Aarão na terra do Egito: ‘Este mês será para vós o princípio dos meses; será o primeiro mês do ano.” (cf. Ex 12,1-2).

Foi na Páscoa que Deus instruiu toda família israelita a tomar um cordeiro sem defeito, sem ossos quebrados, degolá-lo e passar seu sangue na ombreira da porta de suas casas. Deveriam comê-lo naquela noite (cf. Ex 12,3-11). Se assim o fizessem, seus primogênitos seriam poupados. Caso contrário morreriam durante a noite, com todos os primogênitos de seus rebanhos (cf. Ex 12,12-14).

Temos aqui a instituição divina de um novo sacrifício: o cordeiro pascal sacrificial que é oferecido como expiação, em lugar do primogênito da casa. O Sacrifício Pascal é um sacrifício de redenção e libertação, ou em outras palavras de resgate. Assim como Isaac, fora poupado por Deus de ser imolado providenciando um cordeiro para o sacrifício de Abraão, aqui também um cordeiro é imolado no lugar dos primogênitos de Israel em sinal de aliança com Deus.

Sobre a celebração da Páscoa instruiu o Senhor:

Este dia será para vós um memorial, e o celebrareis como uma festa para o Senhor, nas vossas gerações a festejareis; é um decreto perpétuo” (cf. Ex 12,14).

Memorial aqui significa que o sacrifício pascal do cordeiro e dos pães ázimos deveria ser repetido, isto é, estar novamente presente. E perpétuo significa que esta instrução não poderia ser revogada por decisão humana. Estes dois pontos são muito importantes e voltaremos a eles no momento propício.

Segundo as prescrições mosaicas, a celebração da páscoa deveria durar sete dias. O início se daria com uma ceia, onde deveriam ser comidos pães sem fermento (ázimos) durante sete dias, culminando no último dia numa festa para glorificar o Senhor (cf. Ex 12,15-20; 13,3-10). A Páscoa teria início do 14º dia do primeiro mês, chamado Nissan e iria até o 21º, como também deveria ser celebrada entre o cair da tarde e o anoitecer (cf. Ex 12,6; 13,18).

 

Jesus, o Cordeiro de Deus

O Evangelho de S. João nos conta que no tempo de Cristo, quando estava próxima a Páscoa dos Judeus, os chefes dos sacerdotes e os fariseus estavam planejando prender Jesus (cf. Jo 11, 55-56).

Em Mateus lemos o que segue:

No primeiro dia dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus dizendo: ‘Onde queres que te preparemos para comer a Páscoa?’ Ele respondeu: ‘Ide à cidade, à casa de alguém e dizei-lhe: ‘O Mestre diz: o meu tempo está próximo. Em tua casa irei celebrar a Páscoa com meus discípulos’. Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa.” (Mt 26,17-19. Ver também Mc 14,12-16).

Com efeito, ao cair da tarde (cf. Ex 13,18) Jesus reúne-se com seus discípulos para celebrar a Páscoa (cf. Mt 26,20Mc 14,17). E nesta oportunidade Nosso Senhor institui a Santa Eucaristia:

Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e dando-o abençoado, partiu-o e, distribuindo-o aos seus discípulos, disse: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo’. Depois, tomou um cálice e, dando graças, deu-o a eles dizendo: ‘Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados’” (Mt 26,26-28. Ver também Mc 14,22-25).

Primeiramente devemos observar que Jesus e os discípulos estão reunidos para celebrar o Sacrifício Pascal. Durante essa celebração Jesus eleva-a a um novo patamar. Com efeito, Ele próprio disse:

Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição” (Mt 5,17).

Aquela ceia seria dali em diante um sinal de uma nova Aliança. Ora, como víamos antes Aliança e Sacrifício possuem uma relação muito estreita.

Jesus durante o sacrifício pascal judaico, estabelece um novo: o sacrifício do seu corpo e sangue, presente nas espécies do pão e do vinho. O texto sagrado é claríssimo ao afirmar que o pão e o vinho oferecidos dali em diante, são realmente o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (ver também Jo 6,32-59).

Outra prova do caráter sacrificial da Ceia do Senhor (pois foi ali que Ele institui uma nova páscoa) está quando Ele diz que o cálice do vinho, é o seu sangue que seria derramado para a remissão dos pecados. Ora, na Lei mosaica os pecados só poderiam ser “remidos” através de um sacrifício. Nela havia instruções bem específicas sobre os sacrifícios que eram oferecidos para a “remissão” dos pecados, conforme podemos atestar em Lv 6,17-19; 7,1-7). Contudo, merece destaque este trecho:

Ao oitavo dia, Moisés chamou Aarão e seus filhos e os anciãos de Israel; disse a Aarão: ‘Toma um bezerro para sacrifício pelo pecado e um carneiro para holocausto, ambos sem defeito, e traze-o perante o Senhor. Em seguida dirás aos israelitas: ‘Tomai um bode para sacrifício pelo pecado, um bezerro e um cordeiro de um ano (ambos sem defeito), para holocausto” (Lv 9,1-3).

Jesus e seus discípulos eram judeus e conheciam muito bem as prescrições da lei mosaica, principalmente no que se referia aos sacrifícios, pois os rituais sacrificiais eram centrais na prática religiosa dos judeus. A exigência de um animal sem defeito para o sacrifício era figura da perfeição de Cristo, que deveria ser o cordeiro perfeito para o sacrifício da real remissão dos pecados dos homens.

O caráter sacrificial da Ceia do Senhor pode ser mais uma vez atestado quando Jesus diz que “o pão de Deus [Ele próprio] é aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo” (cf. Jo 6,33). Por que Jesus daria a Sua vida? Para remir-nos dos pecados. E os pecados só poderiam ser remidos através de um sacrifício! Qual? O de Jesus, onde ele também é o pão. O texto joanino estabelece a íntima relação entre pão, sacrifício e remissão dos pecados. O diálogo de Jesus com o povo que foi procurá-lo é anterior à instituição da Santa Ceia ou Ceia do Senhor, mas já aqui Nosso Senhor começa a tratar deste sublime assunto.

Podemos ainda atestar que “A Ceia do Senhor” é realmente um sacrifício fazendo um paralelo com o Sacrifício de Melquisedec. Ele é o primeiro sujeito a ser identificado na Sagrada Escritura como sendo um Sacerdote:

Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho; ele era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14,18).

Salém era a cidade que mais tarde seria identificada como Jerusalém. Melquisedec era Rei e Sacerdote, assim como Cristo, que também entrou em Jerusalém como seu Rei (cf. Mc 11,1-11). A relação entre Melquisedec e Cristo está em diversas partes da Sagrada Escritura:

O Senhor jurou e não se arrependerá: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec”. (Salmos 109, 4).

Esta mesma relação é confirmada por S. Paulo:

porque Deus o proclamou [Cristo] sacerdote segundo a ordem de Melquisedec”. (Hebreus 5, 10).

onde Jesus entrou por nós como precursor, Pontífice eterno, segundo a ordem de Melquisedec.” (Hebreus 6, 20).

Melquisedec que era Rei e Sacerdote, era figura do Cristo, também Rei e Sacerdote. Já que Melquisedec era sacerdote, ele oferecia sacrifícios a Deus. Abrão (não era ainda Abraão) vai até ele, no Vale de Save, juntamente com o Rei de Sodoma, após ambos saírem vitoriosos em uma guerra contra Codorlaomor (cf. Gn 14,12-17. Ver também Hb 7,1-3). Melquisedec então oferece um sacrifício em ação de graças porque Deus havia dado vitória a Abrão sobre seus inimigos (cf. Gn 14,19-20). E as matérias do sacrifício eram apenas pão e vinho (cf. Gn 14,18)! Abrão conforme o costume dá-lhe então o dízimo de tudo que fora recuperado na batalha (cf. Gn 14,20). Ora, se Cristo era sacerdote conforme a ordem de Melquisedec como vimos no Salmo e nas cartas paulinas, o sacrifício pascal oferecido por Cristo também era um verdadeiro sacrifício como fora aquele oferecido por Melquisedec!

Uma outra sutileza encontramos no relato da instituição da Ceia do Senhor no Evangelho de S. Lucas:

E tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles, dizendo: ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória [ou memória de mim]’. E, depois de comer, fez o mesmo com a taça, dizendo: ‘Essa taça é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós’.” (Lc 22,19-20).

Lembremos que o sacrifício pascal fora instituído como memorial da libertação do Povo de Israel do cativeiro do Egito (cf. Ex 12,14). Memorial não se refere aqui a uma simples lembrança, mas a tornar-se novamente presente. Jesus e seus discípulos na Ceia Pascal, estavam participando desta memória, isto é, tornando o sacrifício pascal (com toda a sua matéria e forma) novamente presente ali no cenáculo. Logo quando Deus instrui o povo dizendo que o sacrifício pascal deveria ser um memorial, significava dizer que deveria ser novamente repetido, estar novamente presente no meio deles e para as futuras gerações. Nosso Senhor emprega o termo no mesmo sentido, porém o motivo do memorial não seria mais a Festa dos Judeus, a comemoração da libertação do povo do julgo do Faraó, mas sim a libertação dos futuros fiéis cristãos do julgo do pecado que Ele iria consumar na morte de Cruz. Assim como o sacrifício do cordeiro pascal só salvou aqueles israelitas que creram, aspergindo em suas portas o seu sangue conforme as orientações divinas (Ex 12,7-13), o sacrifício de Cristo só salvará aquele que crê. Por isso Ele diz que seu sangue seria entregue pelos discípulos e “por muitos”, não todos.

Da mesma forma como no sacrifício pascal judaico, o cordeio imolado estava novamente presente, também no sacrifício pascal cristão, o cordeiro de Deus está novamente presente. Isso pode se atestar porque segundo o próprio Cristo, as espécies do pão e do vinho são VERDADEIRAMENTE seu corpo e sangue. Ora, se o Senhor está realmente presente na Ceia Pascal cristã, então o sacrifício que fora consumado na cruz também se repete nela e deve ser oferecido a Deus para a remissão dos nossos pecados.

A presença real de Cristo na Ceia do Senhor ou Eucaristia, torna esta mesma o Sacrifício do Senhor novamente presente. Tanto que S. Paulo chama a atenção daqueles que participam indignamente dela (cf. 1Cor 11,29).

 

O Testemunho dos Primeiros Cristãos

“Reunidos no Dia do Senhor [domingo], parti o pão e dai graças, depois de confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro” (Didaqué, 14,1. Séc I).

“Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com seu Sangue e apenas um altar de sacrifício”. (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Filadelfos. Séc II.)

“Apartai-vos das ervas daninhas que Jesus Cristo não cultiva, por não serem plantação do Pai.Não que tenha encontrado em vosso meio discórdias, pelo contrário encontrei um povo purificado. Na verdade, o que são propriedade de Deus e de Jesus Cristo estão com o Bispo, e todos os que se converterem e voltarem à unidade da Igreja, pertencerão também a Deus, par terem uma vida segundo Jesus Cristo. Não vos deixeis iludir, meus irmãos. Se alguém seguir a um cismático, não herdará o reino de Deus se alguém se guiar por doutrina alheia, não se conforma com a Paixão de Cristo. Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço. E isso, para fazerdes segundo Deus o que fizerdes”. (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Filadelfienses, parágrafos 3 e 4. Séc II.)

“Deus tem, portanto, anunciado que todos os sacrifícios oferecidos em Seu Nome, por Jesus Cristo, que está, na Eucaristia do Pão e do Cálice, que são oferecidos por nós cristãos em toda parte do mundo, são agradáveis a Ele.”  – (São Justino de Roma, Diálogo com Trifão, Cap. 117. Séc II.)

“Outrossim, como eu disse antes, concernente os sacrifícios que vocês [os judeus], naquele tempo, ofereciam, Deus fala através de Malaquias, um dos doze, como segue: ‘Eu não tenho nenhum prazer em você, diz o Senhor; e Eu não aceitarei os sacrifícios de suas mãos; do nascer do sol até seu ocaso, meu Nome tem sido glorificado dentre os gentios; e em todo o lugar incenso é oferecido em meu Nome, e uma oferta pura: Grande tem sido meu nome dentre os gentios, diz o Senhor; mas você O profana.’ Assim são os sacrifícios oferecidos a Ele, em todo lugar, por nós os gentios, que são o Pão da Eucaristia e igualmente a taça da Eucaristia, que Ele falou naquele tempo; e Ele diz que nós glorificamos Seu nome, enquanto vocês O profanam.” (São Justino de Roma, Diálogo com Trifão, [41, 8-10]. Séc II.)

“Agora, pois, por todos nós, Ele [Jesus] está diante da face de Deus, intercedendo por nós; e está no altar, oferecendo a Deus uma propiciação a nosso favor” (Orígenes, Homilia sobre o Levítico 7. Séc II.).

“Pois se o mesmo Jesus Cristo, Senhor e Deus nosso, é o sumo sacerdote de Deus Pai e se ofereceu a si mesmo como sacrifício ao Pai e mandou que se fizesse isto em memória sua, por certo aquele sacerdote católico faz verdadeiramente as vezes de Cristo: faz o que fez Cristo e então oferece a Deus Pai um sacrifício verdadeiro e pleno na Igreja” (São Cipriano de Cartago, Epístola 63,14,4. Séc III).

“E já que fazemos menção de sua paixão em todos os sacrifícios, pois a paixão do Senhor é o sacrifício que oferecemos, não devemos fazer outra coisa senão o que Ele fez” (São Cipriano de Cartago, Epístola 63,17,1. Séc III.).

“Em absoluto, acrescentamos e agregamos, amado irmão, com o consentimento e a autoridade de todos, que qualquer bispo ou diácono que haja sido ordenado na Igreja Católica e depois haja levantado contra ela (…) se celebram intentam contra o único sacrifício divino, oferecendo sacrifícios falsos no altar (…) É necessário que os sacerdotes e ministros que servem no altar e os sacrifícios sejam íntegros e imaculados” (São Cipriano de Cartago, Epístola 72,2. Séc III.).

“Enfim, também rezamos pelos santos padres, bispos, defuntos e por todos em geral que entre nós viveram, crendo que este será o maior auxílio para aquelas almas por quem se reza, enquanto jaz diante de nós [na Ceia do Senhor] santa e tremenda vítima [Jesus]” (São Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas, 5,9,10. Séc IV).

“Não se oferecerá o sacrifício eucarístico diante dele [o imperador romano Teodósio] se se atraver a assistir” (Santo Ambrósio de Milão, Epístola 51. Séc IV).

“Investidos de uma honra, oferecemos todos um sacrifício comumuma oblação comum”( São João Crisóstomo, Homilia 5,2. Séc IV).

“Você deve saber que você tem recebido, que você vai receber, e que você deve receber diariamente. Aquele Pão que você vê no altar, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Corpo de Cristo. O cálice, ou melhor, que está naquele cálice, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Sangue de Cristo.” – (Santo Agostinho, Sermões [227, 21]. Séc. IV-V.)

É verdadeiro sacrifício toda ação feita para se unir a Deus em santa comunhão [Ceia do Senhor] e poder ser feliz” (Santo Agostinho, A Cidade de Deus 10,6. Séc. IV-V).

“É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração” (Teodoreto de Ciro, In Hebr. 8,4. Séc IV-V).

“A missa é a nova presença, o novo aspecto do sacrifício único: é novo para a Igreja que celebra, mas não para o empenho de Cristo” (Papa Leão I, Sermão 59,7. Séc V).

 

Conclusão

A Ceia do Senhor, é o sacrifício do Salvador novamente presente, porém de forma incruenta, onde Ele é Sacerdote e Cordeiro que se oferece para a remissão dos nossos pecados, oferecendo-nos ainda como comida nas espécies do pão de vinho, que são VERDADEIRAMENTE sua carne e seu sangue para que tenhamos a vida da Graça em nós.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/o-carater-sacrificial-da-eucaristia-2/

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