Por que de nada adianta ter fé sem as obras?


Por loucura, por burrice ou por conveniência cínica, Lutero se esqueceu que, na mesma Carta aos Romanos em que diz que seremos salvos pela fé, São Paulo afirma que Deus "recompensará cada um conforme as suas obras" (2, 16). E ignora também numerosos pontos da Bíblia que apontam a necessidade de expressar a fé com as boas obras, tais como: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14-18) Vamos compreender, neste artigo, que tanto a fé quanto as obras procedem de Deus.

Na história cristã, existe este duplo caminho: o da fé e o das obras. E não é por menos que existe a preocupação se seremos salvos pela nossa fé ou pelas nossas obras, pois foram nada mais nada menos que São Paulo e São Tiago que trouxeram essas posições tão necessárias para o cristianismo. Vamos compreender, neste artigo, que tanto a fé quanto as obras procedem de Deus.

São Paulo, na sua carta aos Efésios 2,8-9, escreve assim: “É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus! Não vem das obras, de modo que ninguém pode se gloriar”. Nessa passagem, o apóstolo coloca a fé como o fundamental para a salvação de todo cristão, e ainda escreve como dom de Deus, para que ninguém corra o risco de rogar para si os méritos de sua salvação.

São Tiago, ao contrário de Paulo, concebe o seguinte na carta de Tiago 2,14: “Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé quando não tem as obras? A fé seria capaz de salvá-lo?”. Com isso, São Tiago destaca a ação como necessária para se alcançar a salvação. Ele chega a alegar que a fé sem obras é morta.

 

 

A fé e as obras são vindas de Deus

Trago a você, amigo leitor, o ensinamento que o Papa Emérito Bento XVI apresentou para a Igreja durante o seu pontificado no ano de 2008. Na audiência geral, em 26 de novembro, Bento XVI faz referência, nessa audiência especificamente, ao que o Papa chama de “mal-entendido” neste duplo entendimento entre fé e obras. Ele nos orienta para não cairmos no mesmo engano de pensar que existe uma contradição entre elas.

Papa Bento XVI, antes mesmo de tratar do tema fé e obras, faz referência à Encíclica Deus caritas est (Deus é amor), lembrando aos cristãos que, no amor recíproco entre os homens, encarna-se o amor de Deus e de Cristo por meio do Espírito Santo. Com isso, o Papa quer deixar claro que, justificados pelo dom da fé em Cristo, somos chamados a viver o amor de Cristo no próximo.

Com essa orientação, conseguimos interpretar que a fé e o amor podem ser entendidos como molas propulsoras para as nossas ações. Se as nossas obras não tiverem como pano de fundo o amor a Cristo e a fé em Deus, podem ser obras não de salvação, mas de perdição.

 

 

Encarnar a fé

Um dos perigos, no tempo de Jesus e também no dias atuais, é uma fé desencarnada. Na mesma audiência geral, o Papa escreve: “São desastrosas as consequências de uma fé que não encarna no amor, porque se reduz ao arbítrio e ao subjetivismo mais nocivo para nós e para os irmãos. Por isso, precisamos da fé traduzidas em obras, e digo mais, em obras de amor ao nosso próximo.

Sem a vivência de uma fé encarnada podemos perguntar nos apropriando das palavras de São Tiago: existe algum proveito na fé sem obras? Porém, notamos que a contradição não pode existir, mas sim uma completude, nem somente a fé nem somente as obras.

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O erro farisaico e legalista

Consideremos, agora, a exortação feita por Jesus, quando corrigindo os fariseus por eles apenas ficarem nas ações sem ter o amor como causa de suas ações. No Evangelho de São Lucas 11,42: “Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus”. Como vimos anteriormente, o amor a Deus é também o amor aos irmãos, e precisa ser externalizado pelas ações.

O que Jesus reivindicava aos fariseus e mestres da Lei não era o fato de eles realizarem a observação dos preceitos, como o pagamento do dízimo, mas porque a Lei não estava sendo encarnada em obras na vida dos que mais necessitavam. Não podemos separar amor, obras e fé do cotidiano cristão.

 

 

Por Cristo no outro

fé e as obras são as duas asas que capacitam todo cristão a herdar a salvação e alçar voos para configurar-se a Cristo. A fé justifica as obras, e as obras, por sua vez, dão testemunho da sua fé. São os frutos, as atitudes, e a vida de cada pessoa que tornará possível dizer: eis um autêntico cristão.

Encerro com o pedido do Papa Bento XVI: “Deixemo-nos, portanto, alcançar pela reconciliação, que Deus nos deu em Cristo, pelo amor “louco” de Deus por nós: nada nem ninguém jamais nos poderá separar do seu amor (cf. Rm 8, 39). Vivamos nesta certeza. É esta certeza que nos dá a força para vivermos concretamente a fé que realiza o amor”.]

Nós católicos dizemos que o homem é salvo pela fé, mas não pela fé somente. Podem-se varrer as Escrituras inteiras, de cabo abaixo, e não se achará em lugar algum esse “somente”, uma invenção de Lutero.

Nosso Senhor diz: “Quem nele crer não é condenado, mas quem não crer já está condenado”, porque não creu no nome do Filho unigênito. Por que esse julgamento? Porque Jesus é a Luz que veio ao mundo, mas os homens preferiram ficar longe dela, uma vez que as suas ações eram más. Ou seja: os homens não creram nem aceitaram a Luz, porque as suas ações eram más; afinal, quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas ações não sejam denunciadas. No entanto, quem age — eis aí, obras, ações! —, quem age conforme a verdade, aproxima-se da Luz, para que se manifestem as ações que realiza. A doutrina católica brilha maravilhosa nesse Evangelho! Mas o que tudo isso tem que ver com a nossa vida na prática? Saiamos por um momento de conflitos doutrinários e entendamos o que Jesus quer-nos ensinar. É o seguinte: nós precisamos crer.

 

 

O ato de fé nos une a Jesus. Quando cremos em Jesus, o ato de fé exercida, sob a moção do Espírito Santo, une nossa alma a Cristo, de tal forma que, unidos a Ele, começamos a transformar nossa própria vida. Se crescermos na fé, cresceremos também nas outras virtudes. Por quê? Porque as virtudes são como os dedos de uma mão: crescem todas juntas. Se tivermos mais fé, teremos mais paciência, mais pureza e castidade, mais generosidade, mais caridade, porque, é claro, o Evangelho é o Evangelho do amor. É difícil entender como os protestantes podem chamar-se “evangélicos” e, no entanto, negar o Evangelho do amor, isto é, das obras feitas na fé por caridade… Se, com efeito, Deus é amor, quando nos unimos a Ele pela fé, começamos a amar com Ele, por Ele e como Ele, e é isso que os católicos, juntamente com as SS. Escrituras, chamamos santidade. Quem está em Deus realiza ações de Deus.

Na prática, o que precisamos fazer? Pedir mais fé, ir crescendo na fé em Cristo. Se, na nossa oração, formos crescendo tanto na fé quanto no amor a Jesus Cristo, nossa vida começará a mudar, porque começaremos a agir de maneira diferente. Veremos nossas virtudes aumentarem, olharemos para trás e poderemos dizer: “Hoje, sou mais paciente do que ontem, mais puro, mais generoso, mais devoto”. Veremos diferenças na vida real e concreta. O que opera tudo isso? A fé. Se a fé cresce, as outras virtudes crescem juntas, e o lugar em que podemos exercer a fé é a oração. A oração é o lugar do exercício da fé. Como Nicodemos buscou Jesus, busquemos também nós a Cristo e, conversando com Ele na fé, começaremos a ver a vida de Deus crescer dentro de nós, nas nossas ações, realizadas em Deus, por Deus e para Deus.

 

Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-levara-salvacao-fe-ou-obras/

 

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