Ou ainda: “Eu tenho a minha fé e ele a dele. Não quero que se intrometam com a minha vida como eu não me intrometo na dele. Cada um na sua.”
Quem assim pensa, das duas, uma: ou não tem tanta fé naquilo em que crê, ou não tem tanto amor àquele que necessita de conversão ou correção.
Quem encontra a Pedra Preciosa não fica indiferente diante do irmão que só encontra rudes pedras pelo caminho. Se a Pedra que encontrou é de fato Preciosa e ele realmente ama seu irmão, é óbvio que irá querer que seu irmão compartilhe da sua alegria e da Preciosa Pedra que encontrou.
Mas se é indiferente ao próximo, não irá se importar que seu irmão encontre apenas rudes pedras pelo caminho. Ou então, se ele não está tão certo de que a pedra que encontrou é, de fato, Preciosa, também não tem motivos para importunar seu irmão, ainda que muito o ame.
Saibamos que “buscar a conversão do irmão” não é um ato orgulhoso de quem se acha melhor que os outros, nem pode ser feito como querendo impor algo ao próximo.
“Buscar a conversão do irmão” é um ato espontâneo e natural de amor ao próximo feito com constância por aquele que encontrou a Pedra Preciosa e realmente ama o próximo.
Por isso o ideal CRISTÃO CATÓLICO é ser evangelizador.
Ser evangelizador não é julgar-se com espiritualidade superior a de ninguém. O evangelizador é também pecador e precisa de Jesus para se salvar. Se alguma virtude pode ter, recebeu de Deus. Ele, por si mesmo, não é capaz de nada, sequer, de existir.
Em tudo precisa de Deus. Se alguma graça o Senhor lhe concede, seja agradecido, e saiba que a qualquer momento pode ser retirada, pois não lhe pertence:
“Deus deu, Deus tirou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21).
Se o próximo vai acolher ou não a correção que tu lhe apresenta, não te pertubes.
Se não aceitar, continue a rezar por ele e não perca as oportunidades de corrigi-lo.
Mas jamais use de chantagem ou violência, nem mesmo tente, de alguma maneira, obrigá-lo à correção ou à conversão.
Basta ao evangelizador cumprir sua missão de evangelizar com ardor, perseverança, muito amor e fé convicta.
“Proclama a Palavra, insiste oportuna e importunamente, argumenta, repreende, aconselha com toda a paciência e empenho de instruir.” (2Tm 4,2)
Os 3 Personagens da Evangelização
Escuta e Responde a Deus
Seu papel é escutar a Palavra anunciada pelo evangelizador
Ele, e somente ele, dá uma resposta à Palavra proclamada, com uma atitude tanto interior, quanto exterior
Ele se confessa pecador e pede perdão de seus pecados
Proclama Jesus como Senhor de sua vida.
Pede a Jesus Messias o Espírito Santo e o recebe
Não lhe compete:
Discutir com o evangelizador. Porém, é legítimo que faça perguntas e tire dúvidas
Dar, mas apenas receber
Justificar-se: “eu não faço nada de mal”, nem condenar-se: “eu não tenho perdão”
O Espírito Santo
Convence e Converte
A proclamação e o testemunho do evangelizador são instrumentos necessários, mas apenas instrumentos, já que o agente principal da evangelização é o Espírito Santo. Ele atua tanto no evangelizador quanto no evangelizando.
Atuação do Espírito Santo no evangelizador:
Dá-lhe zelo pelo Evangelho
Unge-o e usa-o como canal de sua obra
Enche-o de poder e amor
Atuação do Espírito Santo no evangelizando:
Usando as palavras e atitudes do evangelizador como veículo de sua obra salvífica, o Espírito Santo é quem realiza com eficácia a obra da evangelização, infundindo a fé, para convencê-lo de que é pecador necessitado de salvação e, em consequencia, que proclame Jesus como Salvador e Senhor.
O Evangelizador
Proclama e Testemunha
Proclama Jesus, uma Pessoa Viva e seus atos de Salvação
Anuncia jubilosamente a Boa Nova: Já fomos salvos
Apresenta Jesus Salvador como a única solução para cada homem, para a sociedade e para o mundo inteiro
A primeira experiência de todo evangelizador é ter tido uma experiência pessoal de salvação. Não basta saber muita doutrina, ser diplomado em teologia ou ter título ou função na Igreja. É necessário “ter nascido de novo”, como exigia Jesus do sábio Nicodemos (Jo 3,3).
O evangelizador não é um mestre, mas sim uma testemunha: proclama Jesus Salvador e dá testemunho do que viu e ouviu. Não só sabe que Deus é Amor: Ele teve a experiência pessoal de ser amado incondicionalmente. Já teve seu encontro pessoal com Jesus e o proclamou seu Salvador pessoal e Senhor de toda sua vida.
O Espírito Santo o marcou com um selo indelével. Se proclama que Jesus salva, é porque antes ele já viveu essa salvação na própria carne.
Ter zelo pelo evangelho
O zelo pelo Evangelho é um desejo intenso de que Cristo Jesus seja conhecido, amado e servido por todos os homens e, ao mesmo tempo, é um compromisso com o homem para que seja mais digno, mais livre, mais homem.
O zelo pelo Evangelho é um fogo implacável no coração, que não se deixa extinguir e que procura incendiar a todos. É uma espada afiada que não se detém diante de nenhuma dificuldade, até deixar semeada a semente da Palavra de Deus no mundo.
É boca de profeta que não cala por respeitos humanos, estruturas asfixiantes ou medo disfarçado de prudência.
“Calçados com o zelo pelo Evangelho” (Ef 6,15), seu único acompanhante é o bastão, como o de Moisés, para mostrar que, com o poder de Deus, é possível atravessar o Mar Vermelho das dificuldades e dos problemas.
Esse zelo deve converter-se em paixão, que coloca o trabalho evangelizador acima de qualquer outra coisa na vida.
E mais:
A mensagem não é uma camisa-de-força que se impõe, e sim uma opção que propõe a homens livres, inseridos numa cultura, para que com sua vontade tomem a decisão de viver o Evangelho, implantando os valores do Reino em sua realidade histórica.
As estruturas sócio-políticas e culturais são o terreno onde se semeia a palavra. Nesse marco concreto, o Evangelho se encarna para transformar as situações de pecado. Aculturar o Evangelho é o grande desafio dos evangelizadores, sob pena de permanecer no superficial ou no sentimental.
O estilo de vida do evangelizador determina a mensagem que transmite, seja porque adquire alta reputação, seja porque se desprestigia. O evangelizador não é um frio transmissor de uma propaganda, mas ele encarna a mensagem, convertendo-se ele próprio, com seu estilo de vida, em parte da mensagem.
Isso exige que ele creia profundamente naquilo que prega e que viva de acordo com o que crê. O evangelizador não é um simples propagandista. Ele vive de acordo com a mensagem que transmite. Se não existe congruência entre a vida e a mensagem, ela desvirtua-se e é mal interpretada, pois não é possível esperar que os outros creiam naquilo que o evangelizador não professa.
Paulo, porque vive o que prega, atreve-se a dizer:
Sejam meus imitadores como eu mesmo o sou de Cristo.
A Igreja recebeu de Jesus a missão de evangelizar. E todos nós cristãos, somos responsáveispela realização dessa tarefa.
A evangelização vai ao encontro de todos, por isso é importante que a catequese conheça a realidade, o contexto de nossos dia, onde a Palavra de Deus quer chegar, permanecer e produzir frutos. Tomar consciência da realidade é conhecer a terra em que as sementes serão lançadas e os desafios a ser enfrentados.
Entre os vários desafios, encontra-se a evangelização dos católicos não participantes, pessoas que receberam o batismo, mas que têm pouco contato com a vida da Igreja. Isso não significa que sejam pessoas más ou distantes de Deus! São apenas pessoas que não descobriram o valor da participação comunitária para seu crescimento na fé e na vida. Também elas precisam de nova evangelização. O que fazer para ajudar?
As Diretrizes Gerais da Ação evbangelizadora da Igreja no Brasil apresentam as seguintes orientações:
ter atenção e respeito para com a religiosidade popular (devoções a Maria, aos santos, romarias…);
promover ou fortalecer as manifestações religiosas de massa;
tratar bem os católicos não praticantes, quando estes procuram sacramentos;
tomar consciência dos motivos que os afastam da vida da Igreja;
valorizar o contato pessoal com os outros, as visitas às famílias e a acolhida aos migrantes;
buscar novos métodos, adequados para a realidade urbana e para a mentalidade moderna, principalmente com os jovens.
Somos chamados a nos tornar próximos uns dos outros e não a ficar de braços cruzados. Precisamos testemunhar a alegria de ser cristãos e partilhá-la com os que estão afastados, ser mais acolhedores, capazes de diálogo e serviço.
A catequese é o lugar onde essas atitudes podem ser ensinadas e vividas. A vida de oração nos ajudará a ir ao encontro de Deus e dos irmãos.
Fonte: https://afeexplicada.wordpress.com/2011/06/01/evangelizar-e-obrigacao-do-cristao-catolico/