1. Clemente de Roma (97 d.C.): O Papa Clemente I, por volta do ano 90 d.C.; interveio nos assuntos de Corinto afirmando que falava em nome do Espírito Santo, o que lhe dava prerrogativa de infalível [1]. Sua epístola pode ser lida aqui.
Obviamente, devemos ver com este ato, um grande paralelo com as frases de Lucas e João: Era Pedro, que devia confirmar e apascentar o Cristianismo (Lucas 22:31-32; João 21:15-17). O sucessor de Pedro, portanto, confirmou a fé de seus irmãos de Corinto, que eram apascentados por ele.
“Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós [PLURAL MAJESTÁTICO], saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno.” (Clemente de Roma, I Carta aos Coríntios, LIX,1)
E também:
“Haveis de nos proporcionar alegria e prazer se vos submeterdes ao que escrevemos pelo Espírito Santo, cortando pela raiz a ira nascida do ciúme, conforme o pedido de paz e concórdia que vos fazemos por esta carta.” (Clemente I, I Carta aos Coríntios, LXIII,2)
A autoridade de Clemente como bispo de Roma acaba corroborando a afirmação autêntica da Igreja Católica que defende que estas ações revelam que, já desde cedo, a Sé de Roma (e o seu bispo, que é o Papa) tinha primazia sobre os cristãos.
Em síntese sobre este incidente, Irineu de Lião, assim o descreve, no século II:
“No pontificado de Clemente surgiram divergências graves entre os irmãos de Corinto. Então a Igreja de Roma enviou aos coríntios uma carta importantíssima para reuni-los na paz, reavivar-lhes a fé e reconfirmar a tradição que há pouco tempo tinham recebido dos apóstolos, isto é, a fé num único Deus todo-poderoso, que fez o céu e a terra […].” (Irineu de Lião, Contra as Heresias, 3,3,3)
2. Inácio de Antioquia (108 d.C.):É vidente nas epístolas de Inácio que ele trata da Igreja que“preside na região da terra dos romanos” (Inácio de Antioquia, Prólogo à Epistola dos Romanos) e “preside à caridade na observância da lei de Cristo e que leva o nome do Pai” (ibidem) de uma maneira especial.
A partir destas palavras, pode-se interpretar que ela presidia as demais Igrejas na região dos romanos; contudo, Inácio não chega a tratar com toda clareza a Primazia e Supremacia de Roma, como será feito claramente por Irineu de Lião. Pelo menos, é vidente que ele se trata aos romanos de uma maneira especial às demais Igrejas que se tem preservado por carta.
O tema central desta carta também não é o mesmo das demais. Inácio foi capturado na Síria, onde era bispo em Antioquia, para ser entregue às feras em Roma. Por estar muito próximo à Roma, sua ansiedade em ser morto pelas feras e assim glorificar a Deus era muito grande. Por este motivo pede insistentemente que os cristãos de Roma, não o impeçam de ser morto (Inácio aos Romanos 2;4;6;7).
3. Irineu de Lião (202 d.C.):Irineu, bispo de Lião, um discípulo de Policarpo (discípulo de João), é quem deixa claríssimo a visão cristã sobre Roma no século II; ele diz:
“Mas visto que seria coisa bastante longa elencar, numa obra como esta, (listar) as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou por vanglória, quer por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua autoridade preeminente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos.” (Irineu de Lião, Contra as Heresias, Livro III, 3, 2)
Irineu mostra a subordinação universal à Roma: Mais do que todos ele defende que sempre devemos estar de acordo com o que a Sé de Roma diz: A supremacia Romana está aí, e conjunto à ela a Infalibilidade do bispo romano.
4. Papa Vítor I (199 d.C.): No fim do século II, é visto um grande ato da supremacia Romana, que não irá agradar a todos os bispos, que irão repreender bastante o Papa, pela sua atitude.
O poder de Roma é vidente: Roma ordena que todas as igrejas da Ásia fossem excomungadas. Contudo, alguns bispos opuseram-se à Vítor, e rogaram-lhe que voltasse atrás. Eles repreenderam muito o Papa pela sua atitude, uma vez que queriam manter a paz e a unidade com toda a Igreja, e acharam que a ação papal fora demasiada.
O historiador da Igreja, Eusébio de Cesaréia ( 339) escreveu:
“Diante disso, o chefe da Igreja de Roma, Vítor, resolveu afastar da unidade comum globalmente as comunidades de toda a Ásia, e simultaneamente as Igrejas vizinhas, como sendo heterodoxas; publicou tal decisão por carta e proclamou que todos os irmãos destas regiões, sem exceção, achavam-se fora da unidade da Igreja. Mas isso não agradou a todos os bispos. E rogavam-lhe a considerar as coisas da paz e de unidade e de amor ao próximo. Conservaram-se ainda suas palavras. Opuseram-se a Victor de modo muito incisivo.” (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Livro V, 24, 9-10)
Aí, é vidente a autoridade papal sendo exercida. Obviamente, foi exagerada a pena que o Papa deu às Igrejas da Ásia, tanto é que gerou uma oposição a sua atitude.
Vale lembrar que os bispos opuseram-se ao Papa de modo muito incisivo pelo fato, de ter abusado de sua autoridade, mas não negam seu poder e autoridade. Apenas se opõe a medida papal.
Com tudo isto, Santo Irineu, bispo de Lião, concorda que é necessário celebrar unicamente no domingo o mistério da ressurreição do Senhor; no entanto, com muito bom senso, exorta delicadamente Victor a não amputar igrejas de Deus inteiras que haviam observado a tradição de um antigo costume. Eusébio escreve sobre isso:
“Em primeiro lugar , (Irineu) declara que somente no domingo se deve celebrar o mistério da ressurreição do Senhor; depois exorta delicadamente Vítor a não apartar da comunhão Igrejas de Deus inteiras, que conservam a tradição de antigo uso; e a muitas outras razões, adita as seguintes expressões: […]” (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Livro V, 24, 11)
Esse pedido, de Irineu, que em suas cartas, exorta que o mundo inteiro seja subordinado à Roma, será crucial para que Vítor retire a pena imposta [3].
5. Papa Aniceto ( 166 d.C.): Outro exemplo de supremacia Romana, ocorreu numa controvérsia entre o Papa e São Policarpo. Policarpo viajou para Roma, ao chegar lá, ele e o Papa tiveram pequenas divergências. Contudo, mantiveram a paz; nenhum convenceu o outro a mudar de opnião. Mesmo assim, o Papa não faz confusão e declara a paz, mostrando a sua autoridade, sede a celebração da Eucaristia a Policarpo. E assim os dois se separam em paz; mesmo conservando suas opniões opostas.
Eusébio conserva um fragmento de Irineu:
“ E o bem- aventurado Policarpo, tendo feito uma viagem a Roma, sob Aniceto, os dois tiveram entre si pequenas divergências, mas logo fizeram as pazes; sobre este capítulo não discutiram. Efetivamente, Aniceto não podia convencer Policarpo a não observar aquilo que sempre praticara, com João, o discípulo do Senhor, e os outros apóstolos com os quais tinha convivido. Por sua vez, nem Policarpo persuadiu Aniceto a observar o mesmo que ele, pois este dizia que devia conservar o costume dos presbíteros precedentes.
Assim estando a questão, entraram em comunhão mutuamente, e na igreja Aniceto cedeu, certamente por deferência, a celebração da eucaristia a Policarpo.Separaram-se em paz entre si, e em toda a Igreja mantinha-se a paz, quer se observasse ou não o décimo quarto dia.” (Irineu de Lião, Fragmento preservado por Eusébio de Cesareia, em História Eclesiástica, V, 24,16-17).
6. Tertuliano de Cartago (220 d.C.):Antes de abraçar a heresia montanista, Tertuliano, bispo de Cartago, escreveu uma bela obra chamada “De praescriptione haereticorum”,em português: “Prescrições Contra Todas as Heresias”, escrita por volta de 198 d.C., onde ele ainda via a Sé de Roma com autoridade:
“Uma vez que, além disso, você está perto da Itália, você tem Roma, da qual vem mesmo em nossas mãos a autoridade (dos próprios Apóstolos). Quão feliz é esta Igreja que os Apóstolos deram, com seu sangue, toda a doutrina, onde Pedro é igualado a paixão do Senhor , onde Paulo foi coroado com a morte de João [Batista], onde o apóstolo João, depois que, jogado em óleo fervente, não sofrendo dano algum, foi exilado em uma ilha. ” (Tertuliano, Prescrições contra todas as heresias, 36, 2-3)
Em outras traduções está: “Mas se te encontras perto da Itália, tens Roma, de onde para nós vem a autoridade”. Essa frase de Tertuliano, mostra como um católico da época, acreditava na autoridade da Sé Romana. Contudo, ao sair da Igreja Católica, a opnião de Tertuliano sobre este assunto irá mudar.
No terceiro e último período da vida de Tertuliano, vemos o escritor africano já militando contra a Igreja Primitiva, no partido dos montanistas. Sua conversão ao montanismo ocorreu por volta de 207 d.C.; A partir de 212-213 d.C.; enumeram-se as obras: “De fuga in persecutione” (Sobre a inadmissibilidade de fuga durante a perseguição), o “Adversus Praxeam” (contra o patripassiano Práxeas expõe-se a doutrina sobre a Trindade), o “De monogamia” (ainda contra as segundas núpcias, com textos mais radicais e tons mais duros), o “De ieiunio adversus Psychicos” (defesa da prática montanista sobre o jejum e ataque aos ‘psychici’, isto é, aos católicos, acusados de serem laxistas) e o “De pudicitia”.
Nessas suas últimas obras, Tertuliano já está abraçado com suas heresias: ou com o montanismo ou com o tertulianismo (heresia que ele irá fundar alguns anos após abraçar o montanismo).
Em seu período Pré-Montanista, onde vale lembrar, já não devia ser considerado um católico, ao escrever sua carta contra Práxeas, no capítulo 1 acusava o bispo de Roma de se simpatizar as heresias de Montano e Priscila, o “montanismo”, o que em poucos anos, seria sua nova religião.
Nessa nova fase herética, Tertuliano nega à Igreja o direito de perdoar os pecados, reservando-o aos “homens espirituais”, que quer dizer, aos apóstolos e aos profetas; afirma-se que alguns pecados gravíssimos (idolatria, fornicação, homicídio) não têm perdão a ninguém.
Nesse período, Tertuliano assume grande oposição à Igreja de Roma, não vendo mais autoridade nela.
Por tudo isso, Jerônimo de Estridão, diz, no século IV, em sua obra “Contra Helvídio”que “De Tertuliano não direi (nada) senão que não pertenceu à Igreja.” (Jerônimo, Contra Helvídio, 19).
7. Cipriano de Cartago (258 d.C.):Cipriano, bispo de Cartago possui frases muito importantes sobre a Sé Romana. Ele dizia sobre a Cátedra de Pedro:
“Com um bispo falso apontado eleito por hereges, eles se atrevem a navegar e levar cartas de cismáticos e blasfemos para a cátedra de Pedro e à Igreja principal, em que a unidade sacerdotal tem a sua fonte; eles nem pensaram que estes são romanos,cuja fé foi elogiada na pregação pelo Apóstolo, e entre os quais não é possível a perfídia ter entrada.” (Cipriano de Cartago, Carta 59 (54), 14)
Em latim: “Post ista adhuc pseudoepiscopo sibi ab haereticis constituto nauigare audent, et ad Petri Cathedram adque ad ecclesiam principalem unde unitas sacerdotalis exorta est ab schismaticis et profanis litteras ferre, nec cogitare eos esse Romanos, quorum fides Apostolo praedicante laudata est, ad quos perfidia habere non possit accessum”
Essa frase, é crucial para o dogma da Infalibilidade Papal. Para Cipriano, os bispos Romanos não podiam errar na fé.
Para Cipriano, o Papa tem o dever de ser a unidade da Igreja. Para ele:
“Aquele que abandona a cátedra de Pedro, sobre o qual foi fundada a Igreja, poderá confiar que ainda está na Igreja?” (Cipriano de Cartago, Sobre a Unidade da Igreja, 4,10)
Contudo, com o passar dos séculos após Cristo foram se registrando várias heresias e cismas entre os cristãos, foi-se colocando uma questão nova: o Batismo ministrado por um herege é válido? Se o herege quer converter-se à Igreja Católica, deve ser batizado de novo? Essas perguntas suscitaram respostas contraditórias. A Igreja em Roma seguia a tradição antiga, admitindo a validade do Batismo conferido pelos hereges, pois se dizia, com razão, que é Cristo quem batiza, servindo-se do ministério dos homens. Na África do Norte, porém, a tendência era contrária. Cipriano em 255 e 256 passou a apoiar a prática do re-batismo. Tal posição era fortalecida pelo fato de que os hereges montanistas batizavam “em nome do Pai, do Filho e de Montano ou de Priscila (fundadores da corrente montanista)”. Tal Batismo era evidentemente inválido, pois não observava a fórmula ensinada por Jesus (Mt 28,18-20); se, porém, o batismo dos montanistas era inválido, parecia a muitos cristãos que o batismo de qualquer facção herética devia ser igualmente tido como inválido.
Em Roma o Papa Estevão opôs-se ao costume do re-batismo, ameaçando de excomunhão os cristãos da África do Norte, caso insistissem em re-batizar os hereges batizados fora da Igreja Católica; apenas se deveria exigir que tivessem penitência para entrarem em comunhão com a Igreja Católica. O Papa então escreveu uma frase que ficou muito conhecida: “Se os hereges vêm a nós, qualquer que seja a sua seita, nada se inove, mas siga-se a Tradição, impondo-lhes as mãos para que façam penitência”.
Estevão fala claramente do Batismo conferido segundo a fórmula do Evangelho, ele também enviou as mesmas determinações aos bispos da Ásia Menor que re-batizavam; em 256 foi informado de que 87 bispos reunidos em Sínodo em Cartago haviam reafirmado a necessidade do re-batismo, o Papa os excomungou porém não se sabe, se eles tinham recebido previamente as instruções do Papa. Cipriano escreveu uma carta raivosa a Firmiliano, lamentando o ato de excomunhão do Papa Estevão e tentando justificar sua posição em razão do re-batismo dos hereges. O Sínodo em Cartago, também chamado, Sétimo Sínodo de Cartago, tentou fazer de tudo para tirar o poder da Sé Romana.
Em consequência, a tensão foi forte entre Roma e os bispos da parte oposta. Ambos consideravam um ao outro como ‘amigo de hereges e inimigo dos cristãos’.
Porém não durou muito, pois morreram mártires Estêvão em 257 e Cipriano em 258. O sucessor de Estêvão I, o Papa Sixto II, aparece em comunhão com os bispos do Norte da África, o que significa que atenderam às disposições de Santa Sé. A questão tinha um fundo teológico e não meramente disciplinar. Não se sabe porém se São Cipriano voltou atrás antes de morrer. Mais tarde, Agostinho de Hipona tinha dúvidas se as cartas onde Cipriano defende essas posições contra o Papa Estevão fossem verdadeiras[2].
8. Jerônimo de Estridão ( 420 d.C.): Jerônimo, é mais claro a respeito da Sé de Roma. Para ele a fé católica é a fé romana. Ele, para diferenciar a fé católica da fé de Orígenes, tido como herege, diz:
“Ao mesmo tempo, aproveito para lhe fazer também esta pergunta: Que quer dizer esta linguagem moderada e dúbia? ‘O leitor latino, diz ele, nada encontrará aqui que esteja em desacordo com nossa fé.’ O que ele chama “sua” fé? Aquela pela qual a Igreja romana exerce seu poder ou aquela que está contida nos volumes de Orígenes? Se ele responde: a fé romana, então nós somos católicos, nós que nada traduzimos do erro de Orígenes.” (Jerônimo, Contra Rufino I, 4)
Também escrevendo em 406 d.C contra Vigilancio, Jerônimo menciona que a “autoridade da Igreja de Roma”:
“Joviniano, condenado pela autoridade da Igreja de Roma, no meio de faisões e carne de porco, respirou, ou melhor, arrotou o seu espírito.” (Jerônimo, Contra Vigilâncio I)
Jerônimo lembra que era dever da Cátedra de Pedro em Roma, confirmar escritos da Cátedra de Marcos em Alexandria:
“Mais uma vez eu enriqueço-os com a mercadoria Oriental, e no início da primavera enviei a riqueza de Alexandria a Roma… Orígenes, que foi banido de Alexandria por Demétrio, é retirado de todo o mundo por Teófilo, o mesmo, sem dúvida, a quem Lucas abordou nos Atos dos Apóstolos, cujo nome fala do amor de Deus! Onde está a heresia?… é sufocado por sua autoridade e eloqüência […] Rezai, pois, que o que está aprovado em grego possa não desagradar em latim, e que o que todo o Oriente admirou possa ser alegremente recebido no seio de Roma. Que a Cátedra de Pedro o Apóstolo, confirme pregação da Cátedra de Marcos, o Evangelista. Embora também seja propalada em todos os lugares que o Papa Anastácio, também, tem o mesmo fervor, pois ele é do mesmo espírito, afugentou os hereges para seus ninhos; e suas cartas nos dizem que o que foi condenado no Oriente viz. por Theophilus em um sínodo, e pelos bispos reunidos no Encaenia em Jerusalém] foi condenado no Ocidente também.” (Jerônimo, Epístola 97, 1.4 à Pamáquio e Marcela)
A frase: “Que a Cátedra de Pedro o Apóstolo, confirme pregação da Cátedra de Marcos, o Evangelista.”, não pode significar outra coisa a não ser que era Roma tinha uma autoridade sobre a Sé de Alexandria (a chamada “Cátedra de Marcos”).
Dizer que Jerônimo não fascinava Roma é o mesmo que não ler seus escritos. Ele escreve com uma submissão, que dá à Roma uma visão explendorosa:
“Mas agora vou me dirigir a você, grande Roma, que com a confissão de Cristo apagou a blasfêmia escrita sobre sua testa. Cidade Poderosa, amada cidade do mundo, cidade de louvores do Apóstolo, mostra o significado do seu nome. Roma é tanto força em grego, quanto a altura em hebraico. Não perca a excelência que seu nome implica: a virtude levanta-a no alto, não deixe a volúpia trazer-lhe para baixo.” (Jerônimo, Contra Joviniano, Livro II, 38)
Contudo, quando Jerônimo se refere ao Papa, cerca de 376 d.C.; mostra claramente uma submissão ao Pontífice Romano:
“Uma vez que o Oriente, chocado contra si próprio pela fúria habitual de seus povos, está rasgando aos poucos a túnica indivisa de Cristo, tecida de alto a baixo, e as raposas estão destruindo a vinha de Cristo, de modo que entre as cisternas quebradas não há mais água, é difícil saber onde está a fonte selada e jardim fechado, considerei que devia consultar a Cátedra de Pedro e a fé elogiada pela boca do Apóstolo [Rm 1, 8], pedindo agora a comida da minha alma, onde na recebi a veste de Cristo no passado. Nem a vasta área do oceano, nem toda a largura da terra que nos separam poderia me impedir de buscar a pérola preciosa. Onde estiver o corpo, aí as águias estarão reunidas. Agora que uma progênie mal dissipou seu patrimônio, com você, somente, a herança dos Padres é conservada incorrupta. Ai a terra fértil reproduz cem vezes a pureza da semente do Senhor; mas aqui o grão de semente é sufocado nos sulcos e nada cresce, joio ou aveia. Agora é no Ocidente que o sol da justiça sobe; enquanto no Oriente, Lúcifer, que caiu, colocou o seu trono acima das estrelas. Vós sois a luz do mundo, o sal da terra. Aqui, os vasos de barro ou madeira serão destruídos pela barra de ferro e o fogo eterno.
Portanto, apesar de sua grandeza me fazer temer, a sua bondade me convida. Do sacerdote peço a salvação da vítima; do pastor a segurança de suas ovelhas. Fora com tudo o que é arrogante; que vá embora através do poder romano; Minhas palavras são ao sucessor do pescador, ao discípulo da Cruz. Não sigo nenhum líder, mas Cristo, então estou em comunhão com vossa bem-aventurança, isto é, com a cátedra de Pedro. Nesta rocha, eu sei que a Igreja é construída. Todo aquele que comer o Cordeiro fora dessa casa é profano. Se alguém não estiver com Noé na arca, ele perecerá sob a ação do dilúvio. E por causa dos meus pecados eu migrei para esta solidão, para as fronteiras da Síria sobre os bárbaros, e eu não posso sempre devido a esta grande distância pedir a sua santidade a matéria Santa do Senhor, por isso sigo aqui os seus colegas, os confessores egípcios; e sob estes grandes navios minha pequena embarcação é despercebida. Vitalis eu conheço sei, Melécio rejeito; e Eu não tenho nada a tratar com Paulino. Quem não ajunta contido, espalha; isto é, aquele que não estiver com Cristo é do Anticristo.
Agora, eu lamento dizer, aqueles arianos, os campenses, estão tentando extorquir de mim, um cristão romano, sua inédita fórmula de três hipóstases. E isto, também, após a definição de Nicéia e o decreto de Alexandria, em que o Ocidente se juntou. Onde, eu gostaria de saber, estão os apóstolos de tais doutrinas? Onde está o seu Paulo, o seu novo doutor dos gentios? Pergunto lhes quais três hipóstases eles querem dizer. Eles respondem três pessoas subsistentes. Eu replico que esta é a minha crença. Eles não estão satisfeitos com o significado, eles exigem o termo. Certamente algum veneno secreto se esconde nas palavras. Se alguém se recusar, eu grito, reconhecer três hipóstases, no sentido de três coisas hipóstatizadas, isto é, três pessoas subsistentes, seja anátema. No entanto, porque eu não aprendo suas palavras, eu estou tido como um herege. Mas se qualquer um, entendendo por hipóstase “essência”, negar que, em três pessoas não é uma hipóstase, ele não tem parte em Cristo. Porque esta é a minha confissão, eu, como você, estou marcado com o estigma do sabelianismo.
Se você acha que é melhor promulgar um decreto; e então eu não hesitarei em falar de três hipóstases. Encomende um novo credo para substituir o de Nicéia; e, em seguida, se somos arianos ou ortodoxos, uma confissão fará por todos nós. Em toda a gama do ensino secular de hipóstase nunca significou nada além de essência. E alguém pode ser mais profano do que quando fala em três essências ou substâncias na Divindade? Há uma natureza de Deus e uma somente; e isso, e isso por si só, é verdadeiro. Pois o ser absoluto não é derivado de nenhuma outra fonte, mas é próprio de si mesmo. Todas as coisas, além disso, isto é todas as coisas criadas, embora eles parecem ser, não são. Pois houve um tempo em que não eram, e aquilo que uma vez que não foi pode voltar a deixar de ser. Só Deus que é eterno, isto é, que não tem começo, realmente merece ser chamado de uma essência. Por isso, também Ele diz a Moisés na sarça, EU SOU O QUE SOU, e Moisés diz dele, EU SOU me enviou. [Êxodo 3, 14] Tanto os anjos, o céu, a terra, os mares, tudo existia na época, deve existir como o ser absoluto que Deus reivindicou para si mesmo esse o nome da essência, que, aparentemente, era comum a todos. Mas porque Sua natureza por si só é perfeita, e porque nos três pessoas subsistem, mas uma é a divindade, o que realmente é e é uma natureza; todo aquele que em nome da religião declara que há na Divindade três elementos, três hipóstases, isto é, ou essências, se esforça muito para predicar três naturezas de Deus. E se isso é verdade, por que estamos cortados por muros de Ário, quando na desonestidade somos um com ele? Que então Ursicinus seja amigo de sua bem-aventurança; que Auxentius seja associado com Ambrósio. Mas a fé de Roma nunca poderá chegar a esse ponto! Que os corações devotos de seu povo nunca sejam infectado com tais doutrinas profanas! Estejamos satisfeitos em falar de uma substância e de três pessoas subsistindo – perfeitas, iguais, co-eternas. Vamos manter uma hipóstase, se tal for o seu prazer, e não falar de três. É um mau sinal quando aqueles que falam a mesma coisa usam palavras diferentes. Estejamos satisfeito com a forma de credo que temos utilizado até agora. Ou, se você acha isso correto que eu deva falar de três hipóstases, explicando o que eu quero dizer com elas, eu estou pronto a me submeter. Mas, acredite em mim, há veneno escondido sob o mel deles; o anjo de Satanás transformou-se em anjo de luz. [II Coríntios 11, 14] Eles dão uma explicação plausível para o termo hipóstase; mas quando eu professo mantê-la no mesmo sentido, eles tratam como herege. Por que eles são tão tenazes em uma palavra? Por que eles abrigam-se sob uma linguagem ambígua? Se sua crença corresponde a sua explicação sobre isso, eu não condeno-os por tela. Por outro lado, se a minha crença corresponde às suas opiniões expressas, devem permitir-me expor seu significado em minhas próprias palavras.
Eu imploro a sua bem-aventurança, portanto, pelo crucificado Salvador do mundo, e pela Trindade consubstancial, para me autorizar, através de carta, de usar ou de recusar esta fórmula de três hipóstases. E para que a obscuridade da minha morada atual, não possa confundir os portadores de sua carta, peço-vos a dirigir-se a Evágrio, o presbítero, com quem você está bem familiarizado. Peço-lhe também para me dizer com quem me comunico em Antioquia. Não, eu espero, com os campenses; pois eles – tem como seus aliados os hereges de Tarso – e apenas desejam comunhão com você para pregar com mais autoridade a suas doutrinas tradicionais de três hipóstases.” (Jerônimo, Epístola 15 – Ao papa Dâmaso 376 d.C)
Jerônimo é tão apegado à Sé de Roma, que na sua próxima epístola ao Papa Dâmaso, irá dizer: “Se alguém está unido à Cátedra de Pedro, ele é meu!” (Jerônimo, Carta 16 ao Papa Dâmaso).
9. Ambrósio de Milão (340 d.C.): Ambrósio deixa claro sua submissão a Roma ao escrever seu terceiro livro da coleção “Sobre os Sacramentos”. Ambrósio aborda uma doutrina que a Igreja Romana não possuía devido ao grande número de pessoas. Mesmo assim, ele deixa claro que as outras Igrejas seguem em tudo, o exemplo e a forma desta.
Ele diz:
“Nós não ignoramos que a Igreja romana não tem esse costume, da qual seguimos em tudo o exemplo e forma.” (Ambrósio de Milão; Sobre os Sacramentos, Livro III, 5; Paulus Editora, 5º livro da coleção Patrística, página 49).
E também:
“Desejo seguir em tudo a Igreja romana” (Ambrósio de Milão; Sobre os Sacramentos, Livro III, 5; Paulus Editora, 5º livro da coleção Patrística, página 49)
Na passagem, Ambrósio, afirma que a Igreja de Milão possui o costume da lavagem dos pés, algo que a Igreja de Roma não possui devido ao grande número de fiéis. Vale ressaltar que Ambrósio não nega a autoridade de Roma, apenas guarda uma tradição que não é celebrada em Roma. Caso o Papa quisesse que Ambrósio parasse, obviamente ele acabaria com esta tradição, uma vez que ele ‘desejava seguir em tudo a Igreja de Roma’. Contudo, por não haver problemas com a Cátedra de Pedro, ele achava que guardar essa tradição era apropriado, e portanto a fazia, mesmo sendo subordinado à Roma.
10. Agostinho de Hipona ( 430 d.C.): Na época de Agostinho, o Cristianismo e o Primado de Roma está forte como nunca. Ele mesmo já assume a primazia da Igreja de Roma:
“…viram que Ceciliano estava unido por cartas de comunhão à Igreja romana, na qual sempre residiu a primazia da cátedra apostólica…” (Agostinho de Hipona, Epístola 43,3,7)
Agostinho deixava claro suas visões sobre a Sé de Pedro, e a rocha de Mateus 16:
“Numerate sacerdotes uel ab ipsa Petri sede, Et in ello ordine patrum quis cui successit uidete; Ipsa est Petra quam non uincunt superbae inferorum portae.”
Tradução:
“Enumere os sacerdotes que subiram a sé de Pedro e nela ordene os pontífices que lhe sucederam; Esta é a rocha que as portas do inferno não vencem” (Agostinho de Hipona, Salmo Contra a seita de Donato)
A famosa paráfrase de Agostinho “Roma Locuta est, Causa Finita Est”, mostra muito o ponto de vista de Agostinho com a Sé Apostólica (Roma):
“Por este motivo foram enviadas duas cartas à Sé Apostólica e dali vieram dois rescritos. A causa foi encerrada, para que finalmente o erro seja encerrado.” (Agostinho de Hipona, Sermo 131,10,10; Ep 150,7).
Ou seja, “A sé Apostólica falou, acabou”. Em outras palavras, Roma falou (já que a Roma era tida por Sé Apostólica), a causa está encerrada. Por fim, Agostinho mostra a Supremacia de Roma através de sua famosa frase:
“Não é possível crer que guardais a fé católica se não ensinais que se deve guardar a fé romana” (Agostinho de Hipona, Serm.120,13).
11. Decreto Gelasiano:A obra espúria atribuída a Gelásio I, tão citado pelos protestantes para citarem pais da Igreja contra a Transubstanciação; deixava claríssimo fato da Igreja ser Romana:
“ Após termos discutido sobre os Escritos dos profetas e as Escrituras evangélicas e apostólicas acima, sobre os quais a Igreja Católica está fundada pela graça de Deus, também achamos necessário dizer, embora a Igreja Católica universalmente esteja difundida sobre todo o mundo, sendo a única noiva de Cristo, que à Santa Igreja romana é dado o primeiro lugar sobre as demais igrejas, não por decisão sinoidal, mas sim pela voz do Senhor, nosso Salvador, pois no Evangelho obteve a primazia: “Tu és Pedro” – Ele disse – “e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela; e te darei as chaves do Reino dos Céus e tudo o que ligardes sobre a Terra será também ligado no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu”.” (Decreto Gelasiano, III, 1)
Embora esta obra seja espúria, ela reflete um pouco ao imaginário de alguns cristãos dos primeiros séculos que já conheciam a Primazia da Igreja de Roma.
12. Canon VI de Nicéia:O Cânon VI de Nicéia, ao dar liderança à Alexandria sob algumas cidades como Egito, Líbia e Pentapolis, lembra que o Bispo de Roma também as lidera, provavelmente induzindo-nos a pensar sobre sua primazia e autoridade sob todas as Igrejas:
“Que o antigo costume no Egito, Líbia e Pentapolis prevaleça, que o Bispo de Alexandria tenha jurisdição em todos estes, uma vez que o mesmo é de costume para o bispo de Roma também. Da mesma forma em Antioquia e as outras províncias, que as Igrejas mantenham seus privilégios.” (Cânon VI do Concílio de Nicéia)
O autor deixa claro que Alexandria teria autoridade sobre os territórios, e que Roma da mesma forma, por que era o mesmo costume (já que desde o início esse território era subordinado à Roma). Isso é uma prova clara da Supremacia e Primazia romana sobre as demais sedes.
13. Cânon 28 de Calcedônia: Além dos vinte e sete cânons já conhecidos de Calcedônia, havia um cânon, que gerou muita confusão na época, o chamado “cânon 28 do Concílio de Calcedônia”, que concedia a Constantinopla o mesmo status reconhecido a Roma, o que foi considerado inaceitável pelo Papa Leão, fazendo com que retardasse a sua adesão às decisões finais do Concílio e negasse legitimidade ao mencionado cânon.
O que ocorrera aqui foi uma tentativa de uma imposição política por parte do Oriente, que se aproveitou do fato de Constantinopla ser a sede do poder
“Seguindo em todas as coisas as decisões dos Santos Padres e reconhecendo o cânon que simplesmente foi lido perante os cento e cinqüenta bispos – amados de Deus, a quem congregou na cidade imperial de Constantinopla, Nova Roma, nos tempos do imperador Teodósio, de feliz memória – nós promulgamos e decretamos também as mesmas coisas acerca dos privilégios para a Igreja mais santa de Constantinopla, visto que é a Nova Roma, pela mesma razão que os Padres devidamente concederam os privilégios ao trono da Antiga Roma, porque era a cidade real. E a maioria dos cento e cinqüenta bispos, agindo pela mesma consideração, concedeu iguais privilégios ao trono santo da Nova Roma, julgando justamente que a cidade é honrada com a Soberania e o Senado, desfrutando dos mesmos privilégios que a Antiga Roma imperial, também devendo nas matérias eclesiásticas magnificar-se como ela e alinhar-se detrás dela, de modo que no Pôntico, Ásia e dioceses da Trácia, os metropolitas e bispos das mencionadas dioceses, assim como as daquelas que se encontram entre os bárbaros, deverão ser ordenados pelo acima citado Trono Santo da Igreja mais santa de Constantinopla; de modo que cada metropolita das dioceses mencionadas, junto com os bispos de sua província, ordenem os seus próprios bispos provinciais, como foi declarado pelos divinos cânones; entretanto, como se disse anteriormente, os metropolitas das dioceses mencionadas deverão ser ordenados pelo arcebispo de Constantinopla, após as eleições terem se realizado apropriadamente, segundo o costume, e relatadas a este” (Cânon 28 de Calcedônia)
Este Cânon, entretanto, foi negado pelo Papa, e é portanto inválido. Contudo, Constantinopla tenta igualar-se a ela a força devido ao fato de ser o novo centro político. Essa é uma demonstração perfeita do que a pressão política é capaz de fazer, mas os católicos reagem e anulam esse cânon através do Papa Leão, que não o confirma.
O cânon 28, votado pelo Concílio, acordado pelo imperador, pelo senado e pela cidade de Constantinopla é considerado um fracasso pelos legados do Papa Leão e o Concílio escreve ao Papa para exigir dele que o confirme nos termos de deferência para com a autoridade que se tinha visto e que a referida autoridade é verdadeiramente uma soberania. Sem Roma nada se faz do quanto se deva fazer para a fé e a ordem. A Sé de Constantinopla espera da Sé Apostólica a confirmação de seus direitos, em reconhecimento à primazia da cidade de Roma.
Obviamente este cânon gerou raiva aos ouvidos do Papa. E, como se tudo isso ainda não bastasse, o próprio Anatólio, patriarca de Constantinopla, escreveu ao Papa Leão I desculpando-se e explicando o cânon 28:
“No tocante a essas coisas que o Concílio Universal de Calcedônia ordenou recentemente em favor da igreja de Constantinopla, permita Sua Santidade estar seguro de que não havia qualquer falta em mim, pois desde a minha juventude sempre amei a paz e a quietude, mantendo-me na humildade. Foi o clero mais reverendo da igreja de Constantinopla que estava ávido por isso e foram eles, apoiados igualmente pelos sacerdotes desses locais, que estavam de acordo sobre isso. Mesmo assim, a plena força de confirmação das atas estava reservada para a autoridade de Sua Beatitude. Conseqüentemente, permita Sua Santidade saber com toda segurança que eu não fiz nada para levar mais além a situação…” (Patriarca Anatólio de Constantinopla, Epístola 132 [ao papa Leão]).
Aqui temos pela própria mão do patriarca de Constantinopla um resumo da situação que confirma que essa igual autoridade à Constantinopla dependia da aprovação Papal. Tal cânon foi rejeitado pelo Papa e seu veredito foi acatado.
Com um golpe rápido e sólido, o Papa Leão expõe e demole a tentativa desonesta e defeituosa para transformar Constantinopla em nada mais do que um bispado honorário. Leão vai direto ao coração do erro, apontando para o bispo de Constantinopla que é fundada sobre o poder secular e político, que é uma fundação diferente e inferior do que o que a Igreja está edificada.
Além disso, ele ressalta que o Canon 28 destrói efetivamente a autoridade de Roma detida no Canon 6 de Nicéia, que Leão explicitamente faz referencia aqui e que, como já vimos confirma o primado papal.
Como Leão diz, o Cânon 28 é uma “inovação” , com base em uma Igreja que não conhece limites. Justamente prevendo que Roma seria a próxima na mira dos regimes de Constantinopla, Leão continuou a escrever várias cartas a vários funcionários da Igreja. Vamos examinar Carta 106, que Leo escreveu ao Patriarca de Constantinopla tortuoso Anatólio, que mostra a ira de Leão:
“E assim, após o início não irrepreensível de sua ordenação, após a consagração do bispo de Antioquia, onde reivindicou para si contrária à regulamentação dos cânones, Sofro, amado, que você tenha caído nesta também, que você deve tentar quebrar as constituições mais sagrados dos Cânones de Nicéia: como se esta oportunidade tivesse expressamente oferecido a você para a Sé de Alexandria a perder seu privilégio de segundo lugar, e da igreja de Antioquia a renunciar o seu direito de ser o terceiro em dignidade , a fim de que, quando esses lugares tinha sido submetido a sua jurisdição, todos os bispos metropolitanos pode ser privado de sua honra adequada. Por que inédito e nunca antes tentados excessos que você foi tão além de si mesmo como tentativa de arrastar em ocasião de egoísmo, e forçar conivência daquele santo Sínodo [Calcedônia] (…) ” (Papa Leão I, Carta 106 ao Patriarca de Constantinopla)
Por tudo isso que Leão cita, o cânon 28 foi rejeitado pela Sé de Roma, que tinha a obrigação de confirmá-lo. Devido à essa injustiça diante da Sé Apostólica (Roma) e das outras sedes, o Papa escreveu:
“Que a cidade de Constantinopla tenha, como nós desejamos, a sua alta posição, e sob a proteção da mão direita de Deus, desfrutar de longos sua regra de clemência. Contudo as coisas estão secular em uma base diferente de coisas divinas: E não pode haver nenhum edifício certo em que a rocha que o Senhor fez cair para uma fundação. Aquele que cobiça o que não lhe é devido, perde o que é seu. Que seja o suficiente para Anatólio que com a ajuda de sua piedade e por meu favor e aprovação que tenha obtido o bispado de uma tão grande cidade que ele não desdenha uma cidade que é real, embora ele não possa torná-la uma Sé Apostólica;.. e deixá-lo em hipótese alguma esperança de que ele pode subir, fazendo prejuízo para outros. Para os privilégios das igrejas determinadas pelos cânones dos santos Padres, e fixados por decretos do Sínodo de Nicéia, não pode ser derrubado por qualquer ato sem escrúpulos, nem perturbado por qualquer inovação.” (Papa Leão I, Carta 104 ao Imperador)
Aí ele se referia ao canon VI de Nicéia, que dava autoridade à Igreja de Roma. Oassunto foi resolvido, e, nos séculos posteriores, todas as igrejas orientais falavam de apenas 27 cânones de Calcedónia, o Cânon 28 era considerado nulo por Roma “line item veto”. Isto é confirmado por todos os historiadores gregos, como Theodoro o Lector (escrito em 551 d.C), João Skolastikas (escrito em 550 d.C), Dionísio Exegius (também por volta de 550 d.C), e por papas romanos como o Papa Gelásio ( 495 d.C) e Papa Símaco (500 d.C), todos eles falam de apenas 27 Cânones de Calcedônia.
Por fim, neste concílio, o que não faltam são provas de que o bispo de Roma é universal e tem a primazia sobre todos os outros bispos.
“Está é a fé dos Padres! Está é a fé dos apóstolos! Devemos crê-la! Seja anátema quem não crê! Pedro nos fala por meio de Leão… está é a verdadeira fé!” (Concilio de Calcedônia, Atas do Concilio, Sessão 2)
“Por que o Santíssimo e bem aventurado Leão, Arcebispo da grande e Antiga Roma, através de nós, e através deste presente Sacrossanto Sínodo, junto com os três vezes bem aventurado e glorioso Pedro, o Apóstolo que é a Rocha e fundação da Igreja Católica, e a fundação da fé ortodoxa… ” (Concilio de Calcedônia, Atas do Concilio, Sessão 3).
14. Concílio de Sárdica (Presidido por Atanásio de Alexandria): Os cânons três e quatro do Concílio de Sárdica, escritos cerca de 342 d.C. são claríssimos a respeito da autoridade romana. Eles diziam:
“Se por alguma causa um bispo resultar condenável, mas considera que não tem falta, senão que sua causa deve ser reaberta por ter a razão, se os parece correcto,veneremos com amor a memória do Apóstolo São Pedro e que os que estão em julgamento escrevam uma carta a Júlio, bispo de Roma, e que se renove o juízo, se isto é necessário, e que o determine quem deve examinar a causa dentre os bispos das províncias próximas. Se o acusado não pode apresentar a causa a quem requer que seja reexaminada, então que não se transgrida o estipulado, e que fique firme o que foi feito.” (Cânon 3 do Concílio de Sárdica presidido por Atanásio de Alexandria)
“Se algum bispo é destituído de seu cargo por um tribunal composto pelos bispos vizinhos e exige uma nova oportunidade de defesa, então não se deve designar a outro bispo para seu cargo antes que o bispo de Roma tenha sido informado do caso e emita sua decisão a respeito.” (Cânon 4 do Concílio de Sárdica presidido por Atanásio de Alexandria).
15. Gregório Magno (604 d.C.):O Papa Gregório Magno, no século VI; deixa claríssimo a Supremacia de Roma sobre todas as Igrejas, ele diz:
“… A sé apostólica, está, por ordem de Deus, estabelecida sobre todas as Igrejas…” (Gregório Magno Livro III, Carta XXX ao Sub-diácono João)
Segundo as palavras de são Gregório Magno, o título de Bispo Universal, foi dado ao bispo de Roma, em virtude da honra do Santo Apóstolo Pedro, pelo concílio de Calcedônia:
“Certamente, em honra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi oferecido pelo venerável sínodo de Calcedônia ao romano pontífice.” ( Gregório Magno, Livro V,Epístola XX a Maurício Augusto).
Sempre Gregório lembrava que Constantinopla era subordinada à Roma:
“Pois, assim como o que eles dizem sobre a Igreja de Constantinopla, quem pode duvidar que ela esteja sujeita à Sé Apostólica, como ambos o mais piedoso Senhor o imperador e nosso irmão, o bispo daquela cidade continuamente reconhecida? No entanto, se esta ou qualquer outra Igreja algo de bom, eu estou preparado a imitar o que é bom, mesmo de meus inferiores, e proibindo-os de coisas ilícitas. Pois ele é um tolo que se acha primeiro de tal forma a desprezara aprender o que quaisquer coisas boas que ele possa ver.” ( Gregório Magno, Livro IX, Carta 12 a João, Bispo de Syracuse)
De vez em quando, Constantinopla que era o centro político romano, tentava tornar-se o novo centro religioso do mundo, mas sempre era contido pelo Papa Romano. Sobre isto, Gregório Magno lembra uma dessas vezes:
“Agora já há oito anos, no tempo de meu predecessor de santa memória, Pelágio, nosso irmão e companheiro, o bispo João, na cidade de Constantinopla, (…) convocou um sínodo no qual tentou se proclamar Bispo Universal. Assim que meu predecessor soube, enviou cartas anulando pela autoridade do Santo Apóstolo Pedro os atos do referido sínodo; cartas as quais eu cuidei e mandei cópias para Sua Santidade.” (Livro V Epístola XLIII, aos bispos Eulogius e Anastasius)
A controvérsia sobre o uso do título “Bispo Universal”à Esta controvérsia surgiu por que Gregório explica que o patriarca de Constantinopla (João) havia outorgado para si o título de bispo universal, que o Papa havia se recusado a usar, mesmo reconhecendo que tinha o direito de usá-lo, pois ele mesmo diz que o Concílio Ecumênico de Calcedônia havia dado aos bispos de Roma em honra ao apóstolo Pedro. É por isso que o papa diz que qualquer um dessa Sé (Constantinopla) que por usurpação se apodere desse título, sem lhe ser dado, é precursor do anticristo. No livro VII na Carta 33 a Maurício Augusto, e explica por que repudiava a atitude de João e diz:
“Agora eu digo com confiança que todo aquele que chama a si mesmo, ou deseja ser chamado, Sacerdote Universal, é em sua exaltação o precursor do Anticristo, porque ele orgulhosamente se coloca acima de todos. É pelo orgulho ele é levado ao erro, pois, como perverso que se deseja aparecer acima de todos os homens, por isso todo aquele que ambiciona ser chamado único sacerdote, exalta-se acima de todos os outros sacerdotes.” (Papa Gregório Magno, Livro VII, Carta 33, a Mauricio Augusto)
Aqui Gregório deixa clara a razão pela qual não preferia não ser chamado de Bispo universal, pois não era por que este título era mal em si mesmo, mas preferia no sentido que significaria que todos os outros bispos não são realmente bispos, mas meros agentes de um Bispo único, um conceito que é totalmente contrário ao ensinamento católico que sustenta que todos os bispos são verdadeiros sucessores dos Apóstolos. E na ocasião, durante o pontificado de Gregório, João um Patriarca de Constantinopla estava querendo outorgar para si este poder de único, ser chamado de único sacerdote e se exaltar a cima de todos os outros.
Perceba o Leitor que ele diz o motivo “todo aquele que ambiciona ser chamado único sacerdote”, ou seja, o título de Universal, outorgado por João, estava ligado a ele ser o único sacerdote, privando os outros sacerdotes do sacerdócio, o que é totalmente contrário ao sentido do título de “bispo universal”, usados pelos bispos de Roma, que foi dado pelo Concílio de Calcedônia. Você pode ler mais sobre esta controvérsia, clicando aqui (https://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/478-sao-gregorio-condenou-titulo-de-bispo-universal).
16. Pedro Crisólogo ( 450 d.C.): Pedro Crisólogo, cerca de 449, deixa claro alguns dados sobre o Primado Romano em sua época, escrevendo:
“Nós ti exortamos, ilustre irmão, que obedientemente ouça o que foi escrito pelo abençoado Papa da cidade de Roma, que desde S. Pedro, que vive e preside na sua própria Sé, oferece a verdade da fé para aqueles que buscam. Para nós, em nosso zelo pela paz e pela fé, não podemos decidir as questões de fé sem o consentimento do Bispo de Roma.” (Pedro Crisólogo de Ravena, Epístola 25,2 à Eutiques)
Conclusão: Concluo o meu estudo patrístico, ao lado da Igreja Católica Romana, a Santa Sé sempre manteve supremacia e primazia diante das demais Igrejas. Por isso, repito a frase de outro pai da Igreja, Theodoreto de Cirro ( 393-466); que disse:
“Esta mais Santa Sé tem preservado a supremacia sobre todas as Igrejas na Terra, por uma razão especial, entre muitos outros; a saber, que se manteve intacta da contaminação do heresia. Ninguém jamais se sentou naquela cadeira, que tem ensinado a doutrina herética; Mas sim que esta Sé sempre preservou Imaculada a graça apostólica.” (Theodoreto, Epístola 116 para Renatus; em Hergenröther, Anti-Janus 67; Stephen K. Rey, Upon This Rock páginas 235-234).
Se você quiser se aprofundar mais sobre a primazia de Pedro e de Roma nos Padres da Igreja, indico para quem poder, uma obra em inglês, chamada “Upon This Rock”; de Stephen K. Rey; que pegou TODAS AS CITAÇÕES PATRÍSTICAS SOBRE O ASSUNTO e as colocou e comentou num livro. Se você quiser comprá-lo, clique aqui.
Se quiser ler mais gratuitamente e online, leia (em inglês): https://catholicpatristics.blogspot.com.br/2010/09/papal-primacy-infallibility.html
FONTES
[1] https://www.infoescola.com/religiao/infalibilidade-papal/
[2] AQUINO, Felipe: O Rebatismo e o donatismo. Diponível em: https://cleofas.com.br/o-re-batismo-e-o-donatismo/
[3] https://www.newadvent.org/cathen/12260a.htm
Veja mais aqui:
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