NENHUM CAMINHO RACIONAL LEVA AO PROTESTANTISMO !!!
Se um dia o protestante em seu eterno debate contra o católico conseguir provar a legitimidade da Sola Scriptura, que é a doutrina FUNDAMENTAL do Protestantismo e a raiz de toda discórdia com o catolicismo, disso NÃO se segue que o católico deva abandonar a Igreja Católica e se tornar Evangélico. Longeeee disso. Afinal, o católico pode usar SOMENTE a Bíblia, como exige o mantra da Sola Scriptura, para justificar as peculiares doutrinas do catolicismo. E se o protestante esbravejar dizendo: "Isso é impossível. As doutrinas católicas não tem base bíblica". O católico pode retorquir: "Quem é você pra dizer que as doutrinas católicas não tem base bíblica ? As igrejas evangélicas tem doutrinas DIFERENTES entre si e justificam todas elas usando a mesma Bíblia e mesmo assim todas essas igrejas, apesar destas diferenças doutrinárias são consideradas igrejas fiéis a Bíblia e santas. Poderíamos também citar os grandes Reformadores: Lutero, Calvino, Zwinglio, John Knoxx, Henrique VIII e John Wesley, etc que usando SOMENTE a Bíblia como manda a Sola Scriptura, acreditavam em doutrinas que NENHUMA igreja evangélica acredita hoje em dia. Então é hipocrisia total não conceder à Igreja Católica essa mesma tolerância teológica.
Ou seja, nesse debate o protestante NUNCA vai conseguir provar que a Igreja Católica esta errada. Esse debate terminará sempre empatado. O protestante vai ter que se contentar em dividir o pódio com os católicos kkk. Isso acontece porque a Sola Scriptura, que é o princípio FUNDAMENTAL do Protestantismo, leva INEVITAVELMENTE a um enorme relativismo teológico e a Igreja Católica pode se aproveitar deste relativismo, que é a FALHA FUNDAMENTAL da Sola Scriptura, pra justificar suas peculiares doutrinas usando SOMENTE a Bíblia.
Estudando a história da Igreja primitiva e da formação do cânone bíblico descobrimos que haviam inúmeras dúvidas sobre a exatidão do cânon nos séculos II, III e IV. Cada Bispo e Pai da Igreja tinha uma lista que diferia dos outros e essas listas eram DIFERENTES EM VÁRIOS GRAUS da lista que temos hoje no nosso Novo Testamento e também no Velho. Aos poucos, somando o testemunho de cada um desses líderes, os Bispos reunidos em concílios no FINAL DO SÉCULO IV JÁ DEPOIS DE ÉPOCA DO IMPERADOR CONSTANTINO definiram a lista dos livros inspirados e essa lista foi a mesma com os atuais 73 livros que a Igreja Católica Apostólica Romana tem hoje.
Vale ressaltar também que estes Bispos e Pais da Igreja que viveram nestes séculos II, III e IV já acreditavam em VÁRIAS doutrinas católicas e/ou das outras igrejas orientais nomeadamente: batismo infantil e como remissor dos pecados, intercessão dos santos e culto de relíquias, veneração a Maria, certas noções da eucaristia como presença real e sacrifício, penitência mesmo que ainda não individual, purgatório, igreja como sendo uma instituição visível e hierárquica, regra de fé da Igreja sendo o tripé Magistério+Tradição+Escritura. Ao mesmo tempo, NENHUM desses Bispos e Pais acreditavam em doutrinas fundamentais do protestantismo como Sola Scriptura, Sola Fide ou Sola Christus. Isso tudo que foi dito é ADMITIDO até por ESTUDIOSOS PROTESTANTES como Philip Schaff, JND Kelly, Jaroslav Pelikan e Adolf von Harnack. Note que a primazia do Bispo de Roma, que é doutrina que realmente diferencia a Igreja Católica Apostólica Romana das outras igrejas orientais, não é admitida de forma peremptória por estes estudiosos, pelo menos nesse período anterior a Constantino. Mas tal liderança já se mostra de forma praticamente irrefutável a partir dos anos 600, o que invalida o argumento dos ortodoxos que vieram a se separar da Igreja apenas no ano 1.054.
Percebe-se então que esse estudo preliminar da história do Cristianismo primitivo e da formação da Bíblia, sobretudo o NT, já nos prova que TODAS as denominações cristãs surgidas após o ano 1.500 estão desacreditadas como inovações que NADA tem haver com a Igreja primitiva. Mas ainda restariam outras opções fora a Igreja Católica Apostólica Romana, a saber: Igreja Ortodoxa, Igreja Nestoriana e Igreja não Calcedociana. Então, o critério de desempate a favor da fé atualmente liderada pelo Papa Francisco vem do estudo da história da Europa e do Ocidente. Estudando sobre isso podemos ver as INÚMERAS contribuições super positivas que a Igreja Católica deu à sociedade européia e ocidental. Contribuições essas que seriam:
1- A valorização única do ser humano e de sua dignidade o que teria levado ao desenvolvimento de noções fundamentais de direitos humanos, direitos individuais e caridade. Isso teria levado ao combate ou pelo menos a mitigação da escravidão e da opressão as mulheres, dois males universais nas sociedades antigas.
2- Invenção dos hospitais e universidades, dois marcos fundamentais para a melhora de vida do ser humano.
Isso é reconhecido também por vários estudiosos, muitos dos quais NÃO católicos como: W.H. Leck, Jacques Le Goff, Tom Holland, Anna Gryzmala Busse, Jonathan Doucette, Edward Grant, David C. Lindberg, James Hannam, Rodney Stark, Timothy Samuel Shah, Remi Brague, Francisco Castilla Urbano, Brian Thierney, Walter Ruegg, Jacques Verger, Gary B.B. Fergren, Timothy S. Miller, Andrew Crislip, Jonathan Riley Smith, Jean Guirraud, Rene Grousset, Rino Camalieri, João Bernardino Gonzaga, Joseph Henrich, Harold J. Berman. E como sabemos através desses mesmos estudiosos e outros que aqueles acontecimentos "ruins" relatados sobre o passado da Igreja ( Inquisição, Cruzadas, Galileu e Colonização), foram MUITO menos negativos do que o senso comum supõem, então o saldo fica positivo a favor dela fazendo-a merecer o título de Construtora da Civilização Ocidental. Mas onde está realmente a validade deste último argumento ?? A legitimidade dele se deduz do fato de que admitimos que Deus é um ser bondoso. Ao reconhecermos a bondade e o amor pelo ser humano como atributos obrigatórios de Deus, é de se admitir que a religião fundada por Ele deveria refletir essa bondade se esforçando para fazer coisas com o objetivo de melhorar o nosso mundo. E nesse aspecto, como a história prova, a Igreja Católica Apostólica Romana SUPEROU EM MUITO suas concorrentes orientais que, depois de se separarem dela, ficaram estagnadas, estéreis e fechadas em suas pequenas regiões geográficas.
Disso tudo se concluí que o legítimo grupo cristão entre os milhares que existem hoje é a Igreja Católica Apostólica Romana.
Por que não sou protestante?
São Pedro nos exorta a estarmos sempre prontos a dar a razão da nossa esperança a quem a pedir. Então, por que afinal somos católicos, e não protestantes? Você saberia responder a esta pergunta?
É muito comum encontrar pessoas que tiveram a graça de nascer em uma família católica, mas que ainda não fizeram uma opção consciente pela sua fé, achando que tanto faz pertencer à Igreja Católica ou a qualquer outra comunidade cristã, mesmo que seja protestante. São Pedro nos exorta: “Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir" [1]. Afinal, por que somos católicos, e não protestantes?
Em primeiro lugar, é importante entender como e por que os protestantes se separaram da Igreja. O século XVI foi um período muito difícil, principalmente por conta do fenômeno do “renascimento", que foi o retorno do paganismo à cultura da Europa. Com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, muitas pessoas que viviam no Oriente vieram para o Ocidente, levando manuscritos não só da filosofia clássica, como também da mitologia grega. Imersos nas histórias e valores da Antiguidade pagã, os homens dessa época - também os da Igreja -, experimentaram um arrefecimento na fé. O clero encontrava dificuldades para viver o celibato e era constantemente agitado por jogos de poder e preocupações políticas.
Os reformadores protestantes, como Martinho Lutero, João Calvino e Ulrich Zwinglio, vendo a triste situação em que se encontravam os homens da Igreja, quiseram empreender uma mudança, mas, no fim, acabaram mutilando a Igreja. Eles tentaram fazer uma reforma prescindindo da fé na Igreja e acabaram criando um dualismo, pelo qual aceitavam a Igreja invisível, mas rejeitavam qualquer instituição visível, que não passaria de criação humana.
É por isso que os protestantes não ficam escandalizados quando um pastor briga com outro e decide fundar outra igreja. Para eles, Jesus veio a este mundo, deixou a sua mensagem, que está na Bíblia, e todos estão entregues à sua própria interpretação das Escrituras. Se não há, como postula a doutrina do livre exame, nenhuma autoridade humana que interprete fielmente a Bíblia, então, todos se tornam autoridades legítimas para interpretá-la; cada crente é o seu próprio Magistério. Assim, a cada intérprete autorizado da Bíblia, abre-se uma nova igreja, sem nenhum escrúpulo. Para entrar em contato com a Igreja invisível - que é a única que existe -, ou eles recorrem aos carismas - como fazem os pentecostais - ou à interpretação livre das Escrituras. As “igrejas visíveis" existem tão somente para que as pessoas congreguem e se ajudem mutuamente, mas nada disso é fundado por Deus, senão pelos homens.
No fim, toda essa doutrina protestante chega a um beco sem saída. Pois, se tudo o que é visível não passa de invenção dos homens, o que dizer das Escrituras que, tendo como autor último o Espírito Santo, têm, no entanto, autores verdadeiramente humanos, de carne e osso? O que dizer das Escrituras, que foram estabelecidas como verdadeiras justamente pela autoridade da Igreja Católica, como diz Santo Agostinho: “Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas - Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja Católica" [2]? Ora, cortar da árvore do Credo a fé na Igreja é serrar o próprio galho em que se está sentado.
Para resolver o seu dilema, os protestantes acabaram se dividindo em duas correntes principais. A primeira, mais tradicional, crê que basta recorrer ao texto literal para se chegar à verdadeira interpretação da Bíblia. A experiência histórica comprova que esse método “realista" não funciona: milhares de protestantes ao redor do mundo interpretam de forma diferente as Escrituras. Para aceitar como verdadeiro o livre exame, ter-se-ia que admitir ou que Deus fala várias coisas divergentes entre si - o que não é possível - ou que todos, mesmo com opiniões contrárias, falam a verdade - o que é igualmente impossível. Por isso, o livre exame é muito difícil de se sustentar.
Alguns teólogos, principalmente a partir do século XIX, vendo a fragilidade dessa doutrina, procederam à investigação histórica e científica das Escrituras, procurando identificar as interpolações, gêneros literários e acréscimos presentes na Bíblia. Ao fazê-lo, porém, esqueceram-se do todo coerente que são as Escrituras e fragmentaram-na em um “mosaico de pequenas teologias". Olhando de longe para uma redutiva figura de “Jesus histórico", perderam de vista a fé no Verbo que irrompeu na história dos homens.
Enquanto eles olham para um Jesus distante e pensam que, quanto mais o tempo passa, menos precisos são seus apontamentos, nós, católicos, ao contrário, à medida que o tempo passa, temos cada vez mais certeza de nossa fé. Porque, ainda que os tempos, os lugares e os estilos mudem, uma só é a Palavra que sai da boca dos santos e doutores da Igreja: Jesus. De fato, nós cremos que a Palavra de Deus não é um livro, mas uma pessoa que “se fez carne e veio morar entre nós" [3]. Cremos também que essa realidade da Encarnação continua na Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo [4] e o que garante a interpretação autêntica das Sagradas Escrituras.
Olhando para o organismo vivo da Igreja, para os seus Concílios e Papas, para a vida dos santos e todos os seus ensinamentos, é impossível não dirigir uma imensa ação de graças a Deus, por nos dar a graça de ser como anões no ombro de gigantes. Que alegria é ser católico e saber que não é preciso inventar um novo caminho, mas já existe um, deixado por Cristo e muito bem “pavimentado, iluminado e policiado" pelos santos da Igreja de Deus.
De fato, a verdadeira história da Igreja é feita por esses homens e mulheres que devotaram toda a sua vida à vontade de Deus. Muitos querem estudar a história eclesiástica, mas o fazem a partir das personagens corruptas e pecadoras, que foram justamente as primeiras a trair a Igreja. Ora, qualquer pessoa que se proponha a contar a história da própria família, fá-lo-á narrando os episódios de quem entregou o seu sangue por ela ou contando as histórias dos que a abandonaram? Quem se propõe a conhecer a arquitetura, começa estudando os prédios que caíram ou os que deram certo? Do mesmo modo, não se estuda a história da Igreja senão pela via dos santos e mártires, que entregaram a sua vida por ela [5].
A religião protestante, no entanto, não acredita na santidade. Eles se recusam a crer que um ser humano possa se santificar em vida ou mesmo ser invocado após a sua morte, ignorando que nada, absolutamente, pode nos separar do amor de Cristo [6].
Uma só é a Igreja de Cristo. Não existem várias, apenas uma. Enquanto os próprios protestantes assumem que as congregações a que pertencem são meras fundações humanas, nós, católicos, cremos firmemente que a Igreja Católica é de instituição divina e que nenhuma das fragilidades e dos pecados dos homens pode macular a sua santidade real, concreta e visível nos Sacramentos e na doutrina e na vida de seus santos. E cremos que esse organismo vivo existe e continuará a existir até o fim dos tempos, porque “as portas do inferno não prevalecerão contra ela" [7].
Referências
1 Pd 3, 15
Contra Epistulam Manichaei quam vocant fundamenti 5. 6: PL 42, 176. Apud Catecismo da Igreja Católica, 119
Jo 1, 14
Cf. Jo 15, 5; At 9, 4-6; 1 Cor 12, 12-27
É a esse fim que se propõe o curso de História da Igreja Medieval, do nosso site. Torne-se já nosso aluno e comece a assistir às aulas.
Cf. Rm 8, 35
Mt 16, 18