Recebem o nome de “pecados capitais” por serem considerados os que dão origem a todos os demais. Nesse caso, “capital” exerce a função de adjetivo e significa: fundamental, principal, mortal, fatal.
Pecados capitais, então, são como as “cabeças”, os pontos de partida para outros pecados. Os demais erros que cometemos são sempre uma variação de um dos pecados capitais, ou uma combinação deles.
OS SETE PECADOS capitais têm esse nome porque estão na origem dos outros pecados que nos separam do Amor de Deus. Essa doutrina possui farta base bíblica e teológica, sendo parte do ensino moral cristão mais elementar.
A lista dos sete pecados capitais foi formalizada no século VI pelo papa Gregório Magno, tendo como base as Epístolas de São Paulo, e foi assumida formalmente pela Igreja no século XIII, com a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. “Capital” deriva do latim caput, que significa "governo; cabeça; líder"; esse documento explica em quê esses sete pecados diferem dos outros: são como os “líderes” de todos os outros pecados e como deles derivam as outras faltas contra Deus.
O estudo dos pecados capitais é importante porque se reflete na libertação espiritual do indivíduo que adere à Igreja. Afinal, que pessoa pode se declarar livre, se na verdade é uma prisioneira das suas próprias fraquezas e inclinações? Foi justamente para que fôssemos livres que Jesus se entregou em Santíssimo Sacrifício. Assim é que, para alcançarmos uma vida livre e feliz, repleta de Graça, é muito útil conhecermos os pecados capitais. E eles estão presentes em nossas vidas hoje do mesmíssimo modo como estavam nos tempos antigos, – e, infelizmente, como sempre estarão, até a hora da libertação final.
"Capital" quer dizer essencial, fundamental, isto é, o mais importante, aquilo que está no centro de uma questão. Pecado capital, portando, é o pecado mais importante, o que dá fundamento a tudo que é prejudicial para nós. É chamado também de pecado hegemônico. Foi no século IV que São Gregório Magno e São João Cassiano definiram os pecados capitais em número de sete.
Até hoje essa classificação é um consenso doutrinal na Igreja: no dia-a-dia, o católico deve se lembrar desses pecados no seu exame de consciência, ao se preparar para a confissão. Eles servem para identificar o defeito dominante que determina os outros.
1 - A Gula
Gula é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida.
Segundo tal visão, esse pecado também está relacionado ao egoísmo humano: querer ter sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça. Ela seria controlada pelo uso da virtude da temperança. Do latim gula
Não ande com os que se encharcam de vinho, nem com os quese empanturram de carne. Pois os bêbados e os glutões se empobrecerão, e a sonolência os vestirá de trapos.(Provérbios 23,20-21)
A gula é talvez um dos pecados mais ignorados atualmente. Gula significa viver para comer, caindo frequentemente em excesso. Os resultados para a saúde são óbvios, mas a gula também afeta nossas finanças e nossa capacidade para fazer um bom trabalho. Um pouco de moderação a comer é sempre sensato.
Comer demais, mesmo sem ter fome. Quando já nos saciamos, mas continuamos “mandando comida para dentro”, apenas por prazer, é sinal de que o ato de comer tornou-se vício. Muita gente não se dá por satisfeito enquanto não sentir, literalmente, a barriga estufar; comem quase até passar mal. Além de prejudicial à saúde e levar a obesidade, este hábito é um grave pecado diante de Deus. Veja Filipenses 3,19; Isaías 5,11.
2 - A Avareza
É o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano. É considerado o pecado mais tolo por se firmar em possibilidades.
Na concepção cristã, a avareza é considerada um dos sete pecados capitais, pois o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduz à idolatria, que significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse deus.
Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos. (1 Timóteo 6,10)
Avareza é amar mais o dinheiro que as pessoas. O avarento tem medo de gastar seu dinheiro; somente acumula. Como é fácil cair nessa armadilha! Por vezes precisamos nos desafiar a ser mais generosos, para não cairmos na avareza.
Amor ao dinheiro. O dinheiro torna-se tudo na vida, e você crê que com ele pode comprar tudo de que precisa, inclusive pessoas. Seres humanos passam a valer menos que seu dinheiro. O dinheiro como deus é o único tipo de idolatria condenado diretamente por Jesus Cristo. Veja em Mateus 6,24; 1Timóteo 6,10; Marcos 10,21-22 e João 12,5-6.
3 - A Luxúria
A luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”.
Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. Do latim luxuria
Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. (Efésios 5,3)
A luxúria é falta de controle sobre os desejos carnais, principalmente sexuais, caindo em todo tipo de excesso. A luxúria destrói o corpo e distorce os pensamentos. Toda imoralidade sexual começa na mente, o primeiro lugar que devemos vigiar contra a luxúria.
Fazer-se escravo dos prazeres sexuais. A vida passa a girar em torno da sensualidade carnal. Ver uma bela mulher (homem) já faz pensar em sexo, levando a prolongados e consentidos exercícios de imaginação impuros, o que, por sua vez, pode descambar na masturbação, fornicação ou adultério: todos frutos da luxúria. O adultério, em pensamento ou em ato, é uma consequência inevitável da luxúria, pois quem se torna escravo das obsessões sexuais nunca está satisfeito com uma única parceira ou parceiro, nem consegue se adaptar a monogamia desejada por Deus. Veja em 2Pedro 2,13; Levítico 18, 20.22; Êxodo 20,17; Mateus 5,27; 1Coríntios 6,15 e Gênesis 38,9-10.
4 - A Ira
A Ira é o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança. É um sentimento mental que conflita o agente causador da ira e o irado.
A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada com o desejo de destruir aquilo que provocou sua ira, que é algo que provoca a pessoa. A ira não atenta apenas contra os outros, mas pode voltar-se contra aquele que deixa o ódio plantar sementes em seu coração. Seguindo esta linha de raciocínio, o castigo e a execução do causador pertencem a Deus. Do latim ira
Evite a ira e rejeite a fúria;não se irrite: isso só leva ao mal. (Salmo 37,8)
Todos ficamos zangados, mas o que a Bíblia condena é quando a ira fica fora de controle. Não é bom agir com ira. Precisamos aprender a controlar a ira, para não infectar o coração e se tornar em ódio, levando a ações ruins.
Indispor-se, inflamar-se raivosamente, ofender ou brigar, mesmo sem motivo. Guardar mágoa ou rancor de alguém; praticar o pecado da ira é não perdoar as setenta vezes sete que Jesus manda. Veja Mateus 5,22; 23,27.
5 - A Inveja
A inveja é considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual.
É o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. O invejoso ignora tudo o que é e possui para cobiçar o que é do próximo.
A inveja é freqüentemente confundida com o pecado capital da Avareza, um desejo por riqueza material, a qual pode ou não pertencer a outros. A inveja na forma de ciúme é proibida nos Dez Mandamentos da Bíblia. Do latim invidia, que quer dizer olhar com malícia.
O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos. (Provérbios 14,30)
Quantos problemas são causados pela inveja! Na Bíblia, temos diversos exemplos de pessoas em que foram consumidas pela inveja e tiveram consequências ruins. A inveja nos impede de ver e desfrutar das bênçãos que Deus nos deu. O resultado é insatisfação constante e a ingratidão.
É quando queremos ter algo igual àquilo que o nosso próximo possui, mesmo que não exista a necessidade, só para que não nos sintamos inferiores. Pior ainda, é desejar o mal para uma pessoa que tenha algo que nós não temos, seja sua beleza, habilidade, amizades, emprego, bens materiais, etc. Veja em Sabedoria 2,24; Gênesis 4,1-16; 37,4; Mateus 20,1- 16; 1Samuel 18,6-16.
6 - A Preguiça
A Igreja Católica apresenta a preguiça como um dos sete pecados capitais, caracterizado pela pessoa que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva à inatividade acentuada. Aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Do latim prigritia
As mãos preguiçosas empobrecem o homem, porém as mãos diligentes lhe trazem riqueza. (Provérbios 10,4)
A preguiça é ruim para o preguiçoso e para todos à sua volta. Todos precisamos de descanso, mas a preguiça é evitar persistentemente todo tipo de trabalho. Isso significa que outros terão de trabalhar mais para compensar e, no fim, o preguiçoso ficará pobre.
Pecado que acontece quando temos tempo e saúde a nossa disposição, mas não fazemos coisas boas e úteis, apenas pelo “prazer de fazer nada”. – Não é pecado o justo descanso nem o tempo empregado no lazer e no relaxamento físico e mental, mas sim o ato de se desperdiçar sistematicamente as oportunidades que recebemos para realizar coisas boas para a nossa vida e/ou para as vidas dos nossos próximos. Preguiça está relacionada ao desânimo, à apatia, à indolência, ao desleixo; é um desejo crônico de “descansar”, mesmo que não se esteja cansado. Veja em Eclesiástico 33,28-29; Provérbios 24,30-31; Ezequiel 16,49; Mateus 20,6.
7 - A Orgulho ou Vaidade
Conhecida como soberba, é associada à orgulho excessivo, arrogância e vaidade.
Em paralelo, segundo o filósofo Santo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial. Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo ser então estudados e tratados conjuntamente. Do latim superbia, vanitas.
O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra. (Provérbios 29,23)
Orgulho é se achar superior a outras pessoas, desprezando-as. Além de pecado, o orgulho é ridículo! Todos somos igualmente amados por Deus e cada pessoa é especial. Se achar superior somente por ter alguma vantagem é ilusão. O remédio para o orgulho é a humildade.
ocorre quando nos consideramos de algum modo superiores às outras pessoas. Você se torna o seu próprio deus, e a glória de tudo o que você faz sempre vai para você mesmo; o seu "eu" torna-se o centro do Universo e, quando erra, tem sempre uma justificativa pronta. Veja Eclesiástico 10,15; Romanos 3,27; Gálatas 6,4; Mateus 18,3.
Os pecados capitais vão além do nível individual. Começam no coração da pessoa, mas o extravasam e se espalham, e podem se concentrar em determinados ambientes, até instalando-se em determinadas instituições. A corrupção de tantos dos nossos políticos, nas esferas do poder público, por exemplo, pode ser identificada com a avareza, que destrói o interesse no desenvolvimento da nossa nação. Maus governantes trocam o bem comum pelos benefícios próprios.
Na realidade urbana, outro exemplo, o aumento da violência está relacionado com a ira. De igual modo, a sensualidade exagerada em nossos usos e costumes, o erotismo e a pornografia que não param de crescer na TV, em cenas de sexo quase explícito em novelas e filmes, têm origem na luxúria.
São Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo, alerta os primeiros cristãos: “Vigiai e sede sóbrios” (1Pd 5,8). Devemos fortalecer nosso espírito a fim de evitar que os pecados capitais tomem conta. – “Estudar e entender os pecados capitais é de grande proveito para o progresso espiritual e a santidade do católico”, afirma o Pe. Roberto Paz, assessor de comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre. Segundo ele, isso acontece quando a pessoa se volta para a prática das penitências que levam às virtudes cristãs.
Penitência não é só jejuar e se privar de coisas das quais gostamos. Penitência também é prestar atenção a si mesmo, observar os próprios pensamentos, que por consequência controlam os nossos atos e o nosso modo de ser e viver. Ser tentado não é pecado. Pecado é ceder à tentação.
Também a humildade é uma virtude e um fator necessário na equação da luta contra o pecado: sem humildade ninguém incorpora virtude alguma. Santa Teresa D’Ávila considerava a humildade como o “chão das virtudes”, isto é, a base sobre a qual se apoia a vida cristã.
Na vida dos santos encontram-se inúmeras atitudes de humildade. S. Francisco de Assis possuía um desprendimento tão grande que chamava a pobreza de “irmã”. Caso encontrasse pelo caminho alguém com vestes em piores condições do que a que ele mesmo usava, não hesitava um segundo em trocá-la com aquele seu próximo carente.
Pecados capitais, então, são como as “cabeças”, os pontos de partida para outros pecados. Os demais erros que cometemos são sempre uma variação de um dos pecados capitais, ou uma combinação deles.
Fonte: https://www.catolicoorante.com.br/7pecados.html
https://www.ofielcatolico.com.br/2004/10/os-pecados-capitais.html