Católico, aprenda a defender sua fé
Em entrevista ao Grupo ACI, Ulf Ekman, ex-pastor luterano e também fundador da igreja pentecostal mais influente da Suécia moderna e toda Escandinávia, contou como foi a sua conversão à Igreja Católica e a importância crucial que esta tem para a salvação das almas.
Do mesmo modo, advertiu seus irmãos protestantes a não cair em preconceitos infundados e os exortou a buscar a verdade a respeito do que o Magistério da Igreja realmente ensina nos temas relacionados à Eucaristia, à Virgem Maria, aos Santos, às imagens, entre outros.
Confira a seguir os 3 mitos protestantes respondidos por Ekman:
1. “Os sacramentos são apenas símbolos”
Ulf explicou que para a sua conversão ao catolicismo “foi crucial descobrir que os sacramentos não são símbolos, mas são o próprio poder de Cristo trabalhando em nossas vidas e que são eles que nos conferem a graça. É necessário entender os sacramentos para conhecer como e por que a Igreja os administra e os resguarda”.
Também indicou a importância de entender verdadeiramente “a presença de Cristo na Eucaristia”.
“Porque, apesar de aprender acerca deste sacramento com o conhecimento, não o entendi profundamente até reconhecer, com a experiência, que ali se encontra realmente vivo o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus”.
Sobre a confissão, contou que a primeira vez que recebeu este sacramento “foi muito doloroso, mas ao mesmo tempo refrescante”. “Lembro-me de ter saído do confessionário com uma incrível leveza e liberdade que vieram até mim”.
2. “Não se pode rezar à Virgem Maria”
Por outro lado, assegurou que o papel da Virgem Maria se tornou “muito importante” para ele, porque percebeu “o cuidado que ela teve não somente da figura física de Jesus, como um menino que foi crescendo até se tornar adulto, mas sobre o resultado do seu ministério público, basicamente concentrado na história da salvação e da Igreja”.
“Maria tem o papel de intercessora por excelência e é nossa mãe adotiva, porque Jesus assim o quis durante a sua agonia na cruz. É incrível sua missão na história da salvação, algo que nunca havia imaginado antes”, afirmou.
Ulf recordou que, como protestante, uma pessoa sempre se pergunta se pode rezar a Maria ou não. E confirmou que “aqui não estamos falando de idolatria, mas de pedir a sua ajuda para que reze por nós ante o seu Filho”. “Percebi que tudo estava contido na revelação bíblica e não era algo extra”.
“Quando pedimos a intercessão, fazemos às pessoas vivas aqui na terra ou vivas no céu e esse é um recurso impressionante que a Igreja tem”, acrescentou.
3. “A Igreja Católica é idólatra”
Ao terminar, o agora conferencista católico explicou, sobre o tema da idolatria de imagens, que existe um grande mal-entendido, porque “ninguém deve acreditar que adoramos uma estátua como se fosse Deus, a Igreja proíbe a idolatria”.
“Nós acreditamos que existe um só Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. As imagens são apenas representações ou recordações daquela pessoa ou santo ao qual nos dirigimos”, assegurou Ekman.
Agora é feliz como católico
Em março de 2014, Ekman, que foi um ministro licenciado luterano por muitos anos e pastor na Suécia –onde apenas 1,5% da população é católica –, anunciou ante 3 mil seguidores em plena assembleia dominical que ele e sua esposa Birgitta se converteriam ao catolicismo, o que finalmente aconteceu na Páscoa daquele ano.
“Minha vida mudou drasticamente, mas de uma forma muito positiva. Foram muitos anos de aproximação à Igreja Católica e finalmente minha esposa e eu nos convertemos em 2014. Tive uma grande sensação de satisfação e, na verdade, senti que retornei para casa”, explicou.
Além disso, assegurou que houve diversas reações ante este fato, “entretanto, na Igreja Católica nos receberam com os braços abertos”.
Ante as críticas, Ulf se dirigiu aos seus “amados irmãos protestantes”, os quais “talvez tenham um conceito ruim sobre a Igreja Católica”, para que “olhem as coisas de maneira mais objetiva”.
“Para mim, foi importante estudar os documentos do Concílio Vaticano II, o Catecismo, a Doutrina Social e corroborar o que na verdade a Igreja ensina”, assegurou Ekman.
“Convido-os pessoalmente a que olhem, olhem de verdade para evitar os medos e preconceitos. Devem saber também que Deus tem um plano para a salvação universal que esteve aqui desde o princípio e, somente existe sobre esta terra uma só Igreja que contém a plenitude da revelação e chegará intacta até a segunda vinda de Cristo”, acrescentou.
Ekman assinalou em 2014 que a confirmação da sua decisão foi quando conheceu o vídeo que o Papa Francisco gravou para o congresso de pastores pentecostais nos Estados Unidos.
Ele, que sempre foi a figura de referência da congregação que fundou “Palavra de Vida”, destacou que acreditar na unidade dos cristãos “tem consequências práticas”.
Atualmente, Ulf relata que sua chegada ao seio da Igreja “foi um descobrimento gradual”.
“Os cristãos em geral compartilhamos o conteúdo do Evangelho e o amor a Cristo, entretanto, a riqueza do entendimento e da revelação que Deus proporcionou à Igreja Católica é inegável para entender o que verdadeiramente significa a Igreja que o nosso Senhor quis. O descobrimento disto fez com que a conversão seja uma necessidade para nós”, concluiu.
Quando eu anunciei, à congregação da mega-igreja evangélica à qual servia como pastor, desde que a fundei 30 anos atrás, que eu e minha esposa tínhamos decidido nos tornar católicos, o que se seguiu, mais do que uma simples agitação, foi um verdadeiro alvoroço — especialmente para o meu país, a Suécia, que permanece em sua esmagadora maioria protestante. O período que vai desde aquele 9 de março até 21 de maio de 2014, quando fomos acolhidos na Igreja Católica, foi marcado por contendas e debates intensos. Guardo comigo pastas cheias de artigos, comentários e reações que apareceram na mídia tradicional e na Internet.
Nossa convicção de que precisávamos nos tornar católicos foi crescendo pouco a pouco, ao longo de vários anos, mas a decisão de dar esse passo demorou bastante, para dizer a verdade. Nossa pergunta era: como devemos anunciar isso? Era algo que realmente não podia ser feito no decorrer de um longo período de tempo, passo por passo. Isso teria causado muitas especulações e grande confusão, a nível nacional e internacional, em nossa ampla rede de igrejas. Ao longo dos últimos anos, nossos amigos e cooperadores perceberam que estávamos cada vez mais atraídos pela teologia, pela moral, pela liturgia e pela cultura católicas. Poucos deles, no entanto, perceberam que estávamos prestes a dar o passo da conversão. Nos meses e semanas que precederam o anúncio de nossa decisão, preparamos o conselho da igreja e alguns outros colegas, para que nos ajudassem no processo de transmitir essa notícia à nossa congregação.
Olhando agora para trás, não consigo ver nenhuma outra forma através da qual isso pudesse ser feito. Os pastores da Word of Life fizeram um excelente trabalho, ajudando os membros a processarem o que aconteceu e as diferentes consequências de tudo aquilo. Eles também fizeram um esforço para responder a várias questões sobre a fé católica. Além disso, houve muitas emoções envolvidas, críticas, bem como mágoas e sentimentos de perda e rejeição. Como eu, enquanto pastor, podia deixar meu rebanho? Não estava traindo a eles e ao meu próprio chamado? Não os considerava mais como cristãos? Tudo que eu havia ensinado antes estava errado, então? Muitos se perguntavam como eu, que tinha conseguido manter-me aparentemente forte por tantos anos, podia "cair" agora em uma decepção e uma mentira tão grandes. Acusações foram lançadas de todos os lados e as emoções ficaram à flor da pele. Algumas ainda estão.
Mesmo assim, houve muitos na congregação que conseguiram entender. Eles ficaram agradecidos por um novo pastor ter sido posto no meu lugar por mais de um ano. Esses membros respeitaram nossa decisão e entenderam que ela tinha se baseado no que percebíamos como um chamado de Deus. Não tínhamos sido enganados, mas conduzidos por Deus nessa matéria, ainda que eles não tenham entendido muito bem como nem por quê. Recebemos muitas cartas encorajadoras tanto de protestantes quanto de católicos.
Também recebemos, de alguns, uma abordagem curiosa e do tipo pós-moderna. Eles estavam dispostos a aceitar que Deus nos pudesse chamar para a Igreja Católica, mas não podiam aceitar as doutrinas da Igreja. Um pregador me disse assim: "Tudo bem, você se tornou católico, mas com certeza não acredita no que eles acreditam, não é?" Eles falavam como se eu realmente tivesse outra alternativa e pudesse ser seletivo em minha escolha. Quando respondi que acreditava em que tudo o que a Igreja Católica acredita e ensina, soou muito estranho para muitos de meus amigos protestantes. Foi difícil para eles entender que ser católico significa verdadeiramente crer como um católico, até mesmo para mim.
Para nós, a verdade era a única coisa que importava. Sempre acreditamos na Palavra de Deus e que há uma verdade absoluta, revelada por Ele. Então, cada vez mais, nós fomos abrindo os olhos para o fato de que há uma Igreja concreta e histórica fundada por Cristo, bem como um tesouro, um depósito de fé objetivo e vivo ao mesmo tempo. Isso atraiu-nos e levou-nos para a Igreja Católica. Se acreditávamos, portanto, que a plenitude da verdade é mantida e confirmada pela Igreja Católica, não tínhamos alternativa senão unir-nos inteiramente a ela.
Quando finalmente chegou o momento de sermos recebidos na Igreja, sentimo-nos mais que preparados, ansiosos para deixar essa "terra de ninguém". Era como se finalmente nos estivéssemos tornando o que realmente éramos. Finalmente o desejo de participar da graça sacramental chegava ao fim.
Tentamos explicar para nossos amigos que não estávamos rejeitando o que Deus nos tinha dado em nosso ambiente evangélico e carismático, mas, como diz o ditado, "ser evangélico não é o bastante". Ele não está errado em seu amor pelas Escrituras e em manter as verdades básicas do Evangelho e o seu fervor de evangelizar. Tudo isso é necessário, mas não é suficiente. A vida carismática, com sua ênfase no poder e na condução do Espírito Santo, é necessária e constitui um dom precioso. Mas não pode ser vivido em sua plenitude em um ambiente cismático e altamente individualista. Entender isso abriu-nos para a percepção da necessidade da Igreja em sua plenitude, com sua rica vida sacramental.
Nós não rejeitamos, portanto, nossa vida passada e as ricas experiências ministeriais que tivemos ao longo de tantos anos como fundadores e líderes da Word of Life. Seremos sempre gratos a Deus, por tudo o que Ele fez. Mas estamos imensamente felizes e agradecidos por agora entendermos que realmente precisamos da Igreja Católica para continuar a nossa vida e o nosso serviço ao Senhor.
Agora que começamos esta caminhada, há muito por explorar. Agora que todos os nossos antigos deveres, obrigações e posições se foram, nós podemos, pelo menos por enquanto, viver em um ritmo que nos permite uma vida mais reflexiva. Estávamos acostumados a conduzir o ministério, a nossa própria igreja. Agora, é a Igreja que nos conduz. Os sacramentos se tornaram uma realidade tangível em nossas vidas e eles nos sustentam de uma forma concreta. Algo — a graça, eu tenho certeza — está aqui de uma forma que nunca esteve antes. Uma brisa refrescante sopra sobre as nossas vidas. Não vemos a hora de explorar e identificar-nos completamente com tudo aquilo de que agora fazemos parte. É emocionante viver inteiramente por causa de Jesus Cristo — na Igreja Católica.
Ulf Ekman é ex-pastor da igreja "Word of Life", na cidade de Uppsala, na Suécia. Esse artigo foi publicado na edição impressa do jornal "The Catholic Herald", em 8 de agosto de 2014.
(via ACIdigital)