Vivi por cerca de 22 anos (com breves interrupções) submerso em um oceano de confusão protestante. Ao nascer tornei-me cristão através do batismo na Santa Igreja Católica. Contudo, algum tempo depois, ainda sendo carregado no colo, passei a frequentar “cultos” protestantes de uma denominação batista de minha cidade. Ademais, praticamente todos os meus parentes maternos são protestantes. Posso afirmar que era um protestante dedicado. Lia as Sagradas Escrituras com atenção tendo aprendido inclusive o grego e o hebraico, pois em meu íntimo tudo o que eu queria era estar próximo de Nosso Senhor. Todavia, era um aleijado espiritual tentando correr. Por desconhecer a Sagrada Tradição, imaginava poder conhecer Cristo tão somente pela Bíblia.
Por muitas vezes era impiedoso em palavras no que se referia à Santa Igreja e à Nossa Senhora. Por ter sido guiado por cegos ao longo de toda minha vida, tornei-me cego tal qual os que me conduziam e não enxergava o colossal abismo em que eu estava por precipitar-me. Conforme os anos passavam, tive contato com autores e obras que me despertaram inquietações em questões relativas à minha fé. Os líderes espirituais ao quais estava eu submetido não possuíam “know-how” necessário para apaziguar meu ânimo sedento por explicações que fossem ao menos razoáveis.
Então comecei a perceber como estava enredado em mentiras e ilusões. Percebi que a “religião” em que fui criado era um misto de sentimentalismo e interpretações distorcidas da Bíblia. Quando me dei conta, pude perceber que o meu “cristianismo particular” não passava de uma mera crendice folclórica desprovida de razão.
Devo confessar que, por um estranho paradoxo, quando, ainda em meio protestante, comecei a analisar alguns fatos históricos, passei a perceber que a Igreja não era “A Grande Meretriz” como até então havia sido ensinado. Descobri o papel fundamental que a mesma desempenhou na divulgação da Boa-Nova. Ora, tal trabalho evangelizador ao longo dos séculos custou caro à Igreja. Nosso mártires são testemunhos históricos irrefutáveis de tais acontecimentos. Mesmo assim, sofria eu, como muitos, de um orgulho patológico que eu posso denominar como “prostentantite severa”, onde adimitir algum acerto da Igreja era um crime hediondo.
Pois bem, a soma do meu orgulho com a falta de resposta (e as inúmeras contradições) dos “pastores” me levaram a procurar a Verdade em várias denominações e religiões, passando inclusive pelo espiritismo, e, finalmente, caí no ateísmo. Afinal, tornou-me enfadonho a moral protestante que oscila entre o “Puritanismo Absoluto” e o “Liberalismo Total” com muita facilidade. Outro fato que me incomodava era que cada líder protestante se considerava “O Escolhido” e execrava os demais que também se consideravam como tal. Isso para não mencionar os que escolhiam títulos nada humildes para si como “Bispo” ou até mesmo “Apóstolo”. O sujeito acorda um belo dia e se denomina “uma autoridade inspirada por Deus”.
Mas, felizmente, percebi que o ateísmo era um outro absurdo e minhas dúvidas persistiam. Até então nunca tinha ouvido um católico expor sua posição religiosa com clareza. Afinal, padecemos de um mal chamado “Católico-não-praticante” que infesta nossa cultura do “tô nem aí”. Até que um dia comecei a dar aulas de italiano para um padre de minha cidade (que também é o prior do Mosteiro de São Bento de Pouso Alegre) : Dom Bento. Aos poucos, Dom Bento (hoje, meu grande amigo pessoal), foi me ajudando a elucidar pontos que para mim permaneciam obscuros.
Contudo, eu ainda não tinha coragem de fazer perguntas que eu considerava invasivas (como todo protestante, eu queria “tirar satisfações” a respeito das imagens, de Maria ser a Mãe de Deus, da autoridade papal etc.) Foi aí que através de um site de buscas cheguei acidentalmente à Montfort e na parte destinada à Apologética li a resposta do professor Orlando Fedeli a um tal de “Saul”. Todas as minhas armas contra a Igreja, eram praticamente as mesmas que “Saul” possuía. Ao terminar, eu não tive outra escolha: humildemente reconheci que estava errado e que tinha sido enganado por toda minha vida. A verdade se descortinou diante dos meus olhos e tudo fez sentido.
A partir deste momento, passei a amar a Igreja de todo meu coração! Dom Bento, foi meu tutor espiritual e o responsável pela minha profissão de fé e pela minha Primeira Comunhão. Ah como é bom tomar parte no sacrifício da Santa Missa! Aliás, a primeira Missa a que assisti foi celebrada no rito tridentino (este rito é celebrado com frequência no mosteiro de minha cidade). Pela misericórdia de Deus, minha esposa, também ex-protestante, se converteu à verdadeira fé.
Em relação à Santa Igreja tudo o que posso dizer é: eis a bela noiva e fora dela não há salvação! O Noivo só possui uma única noiva, ora esta é a própria Igreja que herdou toda a tradição dos Apostólos e que foi fundada na Pedra.
Agradeço profundamente a todos aqueles que contribuíram para minha conversão, em especial a Dom Bento e ao saudoso professor Orlando Fedeli e demais amigos da Montfort.