Talvez nós mesmos, em meio a tanta confusão e ignorância, não terminamos de entender bem o que é a castidade. Sua etimologia nos dá muitas luzes. Castidade vem do latim castus e significa puro.
Sobre a pureza podemos dizer que a buscamos naturalmente em tudo. Por exemplo, quando bebo água, procuro que ela seja limpa e não suja. O mesmo podemos dizer do ar, do alimento, etc. Quando se trata de metais, de jóias acontece o mesmo: quanto mais puro maior o seu valor. Se pensamos nas pessoas, normalmente alguém sujo, fedorento, gera certo incômodo, enquanto que é agradável a presença de alguém limpo e perfumado.
A castidade é a virtude que valoriza e purifica o amor humano. Nem tudo o que dizemos ser amor é verdadeiramente amor, nem todo amor necessariamente puro, livre de deturpações. Todo amor humano precisa continuamente se purificar para que não se contamine.
Você deve estar se perguntando: mas o amor pode ser ou ter algo de impuro? O que pode torná-lo impuro? O EGOÍSMO faz impuro o amor, às vezes pode até disfarçar-se de amor para obter o que quer do outro, como se vê em uma pesquisa realizada entre jovens universitários nos EUA: 40% admitiram terem dito a uma mulher “te amo” só para fazerem sexo com ela.
A castidade purifica o amor humano do egoísmo. E o que é o egoísmo? É colocar-se em primeiro lugar, buscar os próprios interesses antes que o bem dos demais. É “amar a si mesmo” por cima de todos e querer que o amem por cima de tudo. Sou egoísta quando quero que a outra pessoa faça o que eu quero e não o que é bom para ela. Quando anteponho os meus caprichos, os meus impulsos ou o meu prazer ao bem da outra pessoa. Se o primeiro que busco em uma relação é disfrutar do prazer que me dá, ainda que seja “de comum acordo”, estou sendo egoísta e a outra pessoa também. A relação se converte em um egoísmo compartilhado por dois solitários, por dois “mendigos” que buscam algo no outro que possa satisfazer de alguma forma o seu grande vazio interior, o seu grande vazio de amor.
Ao egoísta não lhe importa fazer sofrer os outros, causar-lhe danos contanto que consiga o que quer. O egoísmo pode deformar e destruir um amor incipiente, um afeto verdadeiro entre um jovem e uma jovem. O egoísmo entra na relação quando os beijos se tornam exageradamente apaixonados, quando levados pelo impulso se excedem em carícias, quando não há um domínio pessoal e se avança cada vez mais, até consumar-se em uma relação sexual.
Alguém pode questionar: “mas se os dois estamos de acordo e nos amamos, o que tem de mal?” Quando a busca do prazer e do sexo entram na relação antes do tempo (antes do matrimônio), a relação se distorce. Para que o amor cresça e amadureça, para que se converta em uma árvore sólida que dê bons frutos, tem que cuidá-lo com a castidade, com o respeito mútuo, colocando os limites claros e lutando juntos para mantê-los. (...)
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A castidade não limita o amor nem o reprime, mas o purifica do egoísmo e o eleva à plena maturidade. A castidade não vai contra de sua natureza, não é “antinatural” como alguns querem nos fazer acreditar, pelo contrário te “transforma de selvagem a humano e de humano a divino”, elevando sua natureza humana a um nível espiritual superior. Somente assim você será capaz de amar e ser amado como reclama o seu coração, porque você foi criado para o amor e porque somente um amor verdadeiro poderá satisfazer essa necessidade de amor que há no seu interior.
Agora pergunto: que tipo de amor você quer para a sua vida? Um amor puro? Ou um amor contaminado pelo egoísmo? Se você leu até aqui, seguramente quer um amor puro, verdadeiro, autêntico, que responda aos teus anseios mais profundos, que traga paz, alegria e felicidade ao teu coração. Sim, o caminho para realizar esse amor é a castidade, a
«energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do egoísmo e da agressividade, e sabe promovê-lo à sua realização plena» (São João Paulo II).
Viver a castidade não é nada fácil, mas nos faz mais livres e felizes, possibilitando construir uma relação, uma família sobre a rocha. Exige coragem e acima de tudo uma grande confiança em Deus, pois se acreditamos que somente com as nossas forças podemos conseguir, certamente vamos cair e fracassar. Peçamos ao Senhor a graça de ter uma vida casta a exemplo da Virgem Maria, nossa Mãe Aparecida.
O sexo tem um sentido muito profundo; é o instrumento da expressão do amor conjugal e da procriação. Toda vez que o sexo é usado antes ou fora do casamento, de qualquer forma que seja, peca-se contra a castidade.
A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual (Cf. Gl 5,22-23). O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo. (Cat. §2345)
“E todo aquele que nele tem esta esperança, se torna puro como ele é puro.” (1Jo 3,3) A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade do homem em seu ser corporal…
Para se viver uma vida casta é necessário uma aprendizagem do domínio de si; ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz.
Santo Agostinho disse que: “A dignidade do homem exige que ele possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, isto é, movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa. O homem consegue esta dignidade quando, libertado de todo cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem e procura eficazmente os meios aptos com diligente aplicação.” (Confissões, 10,29,40).
Para se viver segundo a castidade é preciso resistir às tentações através dos meios que a Igreja nos ensina: fugir das tentações, obedecer os mandamentos, viver uma vida sacramental, especialmente freqüentando sempre a Confissão e a Comunhão, e viver uma vida de oração. Muito nos ajuda nisto a reza do santo Rosário de Nossa Senhora e a devoção e auxílio dos santos. (cf. Cat. §2340)
Santo Agostinho disse que: “A castidade nos recompõe, reconduzindo-nos a esta unidade que tínhamos perdido quando nos dispersamos na multiplicidade.” (Confissões, 10,29,40) A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que faz depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana. (cf. Cat. §2341). O homem que vive entregue às paixões da carne, na verdade vive de “cabeça para baixo”; sua escala de valores é invertida; torna-se fraco. Não é mais um homem; mas um caricatura de homem.
Infelizmente a sociedade hoje ensina os jovens a darem vazão e satisfação a todos os baixos instintos; essa “educação” é uma forma de animalizar o ser humano, pois coloca os seus instintos acima de sua razão e de sua espiritualidade.
O domínio de si mesmo é fundamental para a pessoa ser capaz de doar-se aos outros. A castidade torna aquele que a pratica apto para amar o próximo e ser uma testemunha do amor de Deus. Quem não luta para ter o domínio de si mesmo é um egoísta; não é capaz de amar. Por isso, a castidade é escola de caridade. A Igreja ensina que: “Todo batizado é chamado à castidade. O cristão “se vestiu de Cristo” (Cf. Gl 3,27), modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade” ( Cat. §2348).
Santo Ambrósio ensinava que: “As pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os outros praticam a castidade na continência; isto significa viver a vida sexual apenas com o seu cônjuge. Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da virgindade. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Nisso a disciplina da Igreja é rica (Vid. 23)”. ( Cat. §2349)
Também os noivos são chamados a viver em castidade. A vida sexual só deve ser vivida após o casamento, pois só então o casal se pertence mutuamente, e para sempre, com um compromisso de vida assumido um com o outro para sempre.
“Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade”. ( Cat. §2350)
Fonte 2: https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2014/07/24/o-que-e-a-castidade/
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