A Escritura nos diz expressamente que Maria é a Mãe de Jesus: “Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo” (Mt 1, 16). “Estavam junto à cruz de Jesus, sua Mãe…” (Jo 19,25). “Com Maria, a Mãe de Jesus…” (At 1, 14). Jesus não é apresentado como concebido pela Virgem (Lc I, 31) e nascido da Virgem (Lc II, 7-12);
Mas Jesus é verdadeiro Deus, como resulta de seu próprio e explícito testemunho, confirmado por milagres, pela fé apostólica da Igreja, pelo testemunho de São João etc. Para poder negar sua divindade, não há outro caminho senão rasgar todas as páginas do Novo Testamento.
A primeira alusão à Mãe de Deus nas Escrituras
“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre tua descendência e a descendência dela. Ela te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar dela” (Gen III, 15). A tradição cristã encontrou neste trecho das Escrituras denominado de Proto-Evangelho, o primeiro traço que serve para designar o Messias e sua vitória sobre o espírito do mal. Com efeito, Jesus representa eminentemente a descendência da mulher, na luta contra a linhagem da serpente. Se Jesus é assim chamado, não é em virtude do laço remoto que o une a Eva, pois esta não pode transmitir a seus descendentes senão a natureza decaída, ferida, privada da vida divina, mas em razão do laço que o une a Maria, no seio da qual Ele tomou uma humanidade imaculada
Agora, se Maria é a verdadeira Mãe de Jesus e Jesus o verdadeiro Deus, se segue necessariamente que Maria é a verdadeira Mãe de Deus. São Paulo ensina explicitamente que “chegada à plenitude dos tempos, Deus mandou seu Filho, feito de uma mulher” (Gal IV, 4). Por estas palavras, manifesta-se claramente que Aquele que foi gerado desde toda a eternidade pelo Pai é o mesmo que foi depois gerado no tempo pela Mãe; mas aquele que foi gerado desde toda a eternidade pelo Pai é Deus, o Verbo. Portanto, também o que foi gerado no tempo pela Mãe é Deus, o Verbo.
Todavia, mais clara e explícita é a expressão de Santa Isabel. Respondendo à saudação que Maria lhe dirigiu, Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo disse cheia de admiração: “E com me é dado que a Mãe de meu Senhor venha a mim?” (Luc I, 43).
A expressão meu Senhor é, evidentemente, sinônimo de Deus, já que, em seguida, Isabel diz: “Se cumprirão em Ti todas as coisas que te foram ditas de parte do Senhor”, ou seja, de parte de Deus. Isabel, portanto, inspirada pelo Espírito Santo, proclamou explicitamente que Maria é a verdadeira Mãe de Deus.
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Nossa Senhora, Mãe do que sofre
Vejamos como a Santíssima Virgem é realmente Mãe de Deus. Para que uma mulher possa se dizer verdadeiramente mãe, é necessário que outorgue a sua prole, por via de geração, uma natureza semelhante (ou seja, consubstancial) a sua.
Aceita esta óbvia noção de maternidade, não é tão difícil compreender de que modo a Virgem Santíssima possa ser chamada verdadeira Mãe de Cristo, havendo Ela provido a Cristo, por via de geração, uma natureza semelhante a sua, ou seja, a natureza humana.
A dificuldade surge, sem embargo, quando se busca compreender de que modo a Virgem Santíssima pode ser chamada Mãe de Deus, pois não se vê bem, a primeira vista de que modo Deus possa ser aqui gerado. Não obstante isso, se observarmos atentamente a duas fórmulas: Mãe de Cristo e Mãe de Deus. Elas se equivalem, pois significam a mesma realidade e são, por isso, perfeitamente sinônimas.
Mãe de Cristo e Mãe de Deus
Nossa Senhora, com efeito, não é denominada Mãe de Deus no sentido de que houvesse gerado a Divindade (ou seja, a natureza divina do Verbo), e sim no sentido de que gerou segundo a humanidade a divina pessoa do Verbo.
O sujeito da geração e da filiação não é a natureza, mas a pessoa. Agora, a divina pessoa do Verbo foi unida à natureza humana, provida pela Virgem Santíssima, desde o primeiro instante da concepção; de modo que a natureza humana de Cristo não esteve jamais caracterizada, nem inclusa por um instante, pela pessoa personalidade humana, senão sempre subsistiu, desde o primeiro momento de sua existência, na pessoa divina do Verbo. Este e não outro é o verdadeiro conceito da maternidade Divina, tal como foi definida pelo Concílio de Éfeso, em 1431.
Em resumo, Maria concebeu realmente e deu a luz segundo a carne à pessoa divina de Cristo (Única pessoa que há Nele) e, por conseguinte, é e deve ser chamada, com toda propriedade, Mãe de Deus.
Não importa que Maria não tenha concebido a Natureza divina como tal (tão pouco as outras mãe concebem a alma de seus filhos), já que essa natureza divina subsiste no Verbo eternamente e é, por conseguinte, anterior à existência de Maria.
Ela, sem embargo, concebeu uma pessoa – como todas as mães – e como essa pessoa, Jesus, não era humana, senão divina, segue-se logicamente que Maria concebeu segundo a carne a pessoa divina de Cristo, e é, portanto, real e verdadeiramente Mãe de Deus.
Dado o que acima demonstramos podemos concluir que o dogma da Divina Maternidade compreende que Maria é verdadeira mãe, ou seja, Ela contribuiu na formação da natureza humana de Cristo com todo o que aportam as outras mães na formação do fruto de suas entranhas e que Maria é verdadeira Mãe de Deus, pois, concebeu e deu a luz à segunda pessoa da Santíssima Trindade, ainda que não em relação a sua natureza divina.
Fonte: https://cleofas.com.br/maria-verdadeira-mae-de-deus/